Ciência
27/03/2017 às 13:17•4 min de leitura
Que o mundo é muito velho, todos nós já sabemos. Muitas vezes, no nosso dia a dia, não nos damos conta de como o tempo passa e de como as coisas eram no passado. As grandes cidades que vemos todos os dias — seja na televisão ou na internet — nos dão a impressão de que o futuro é tão forte que já não precisamos do passado.
O fato é que, sem o pretérito do mundo, simplesmente não existiria nada do que temos hoje. O homem que no Período Paleolítico — o primeiro e mais longo da pré-história — era caçador, nômade e pescador, acabou se cansando dessa vida sem paradas e foi se adaptando e mudando de hábitos. O período seguinte, o Neolítico, foi o grande divisor de águas nesse sentido.
O neolítico foi o ponto de partida
Por volta de 12 a 10 mil anos a.C., o homem já havia iniciado o desenvolvimento da agricultura com o plantio de centeio, cevada e trigo; a domesticação de animais como o cão, o gado, as ovelhas e outros bichos de pequeno e médio porte; a confecção de roupas e utensílios; e a construção de casas mais sofisticadas, além de usar a pedra polida e ferramentas melhor elaboradas.
Analisando esses dados, entraremos agora no nosso tema: as cidades. Foi nesse momento que elas surgiram e, com elas, todo o desenrolar da história da humanidade. Traremos aqui três cidades do mundo antigo que são continuamente habitadas. Se liga na lista:
Famosa por estar presente em relatos bíblicos, Jericó fica situada na Palestina — no Oriente Médio —, a oito quilômetros do rio Jordão e 27 de Jerusalém. Segundo os arqueólogos, as escavações apontam que os primeiros assentamentos humanos da cidade se deram há cerca de 11 mil anos, ou seja, por volta do ano de 9 mil a.C.
Jericó atualmente
Sendo assim, Jericó é considerada como a cidade mais antiga que ainda existe, com seus 10 mil anos. Os habitantes de Jericó a chamam ariha, que significa perfumado, e outro detalhe da “Cidade das Palmeiras”, é que, por volta de 7,5 mil a.C, foram criados muros em torno da cidade, o que torna Jericó a primeira cidade fortificada do planeta.
Segundo os relatos do historiador Flávio Josefo (37 d.C – 100 d.C) no livro “Antiguidades Judaicas”, nos primeiros anos do reinado de Herodes, Jericó foi saqueada pelos Romanos. Ainda em referência aos escritos do historiador judaico-romano — dessa vez no livro “Guerra dos Judeus” —, Herodes construiu na cidade um palácio real e a reformou, deixando-a mais bonita.
Ao longo de sua existência a cidade foi dominada por diversos povos, entre eles os Persas, os Macedônios, os Hebreus, os Gregos, os Romanos e os árabes. Grandes personagens históricos também estiveram nela, como Alexandre, o Grande, Herodes, Cleópatra e outros. Atualmente, além de ser muito visada pela sua história e muito visitada por turistas, Jericó possui cerca de 20 mil habitantes, segundo o escritório de estatística palestina.
Atualmente, Biblos é conhecida pelo nome árabe de Jubayl, e fica situada a 42 quilômetros de Beirute, em um território que hoje corresponde à costa do Líbano. Também conhecida como Gubla ou Gebal, estima-se que os primeiros assentamentos humanos se fixaram por ali por volta de 5 mil a.C. Ela foi uma importante rota comerciária, e era através dela que se levava o papiro egípcio para a Grécia. Aliás, foram os gregos quem deram a ela o nome de Biblos.
Biblos hoje se chama Jubayl
Livros e rolos de todos os tipos eram transportados aos helênicos a partir da localidade, e eles acabaram se inspirando no nome da cidade para nomear o produto que vinha do Egito — daí vem o nome Livro e seus derivados, como Bíblia (conjunto de livros) e Biblioteca.
Por ser uma cidade portuária e ter uma afluência grande de pessoas, Biblos foi fortemente influenciada por diversos povos e culturas, como o já citado Egito, a Grécia, a Macedônia e o império Romano, além de ter ficado por muito tempo sob o domínio do Império Otomano.
Sob o nome de Giblet, Biblos foi uma importante rota das cruzadas e, nos dias de hoje, ainda restam as ruinas de um grande castelo, outrora usado como base militar no século XI. Nesse período, a cidade foi tomada por Saladino, retomada pelos cruzados e, por último, conquistada por Baibars, no século 13, caindo sob o domínio dos otomanos a partir do século 16.
Os primeiros assentamentos humanos de Damasco datam de 5 mil a.C. e, desde então, ela nunca deixou de ser habitada. Também conhecida como Madinat Al Yasmim (ou Cidade do Jasmim), ela é a atual capital da Síria e possui uma população estimada em mais de um milhão de habitantes - e uma região metropolitana que pode somar quatro milhões. Isso torna Damasco a maior cidade da antiguidade ainda habitada e a mais antiga capital do mundo.
Banhada pelos rios Ábana e Farfar, Damasco fez parte do reino dos Hicsos. Um importante vestígio disso foi encontrado através de uma carta, escrita em tábuas em acádio, cujo teor era uma mensagem egípcia para reis subordinados na terra de Canaã. A carta em questão faz referência à cidade de Damasco e a um governante seu.
A capital mais antiga do mundo
A Cidade do Jasmim esteve sempre em uma zona de guerra. Como citado acima, ela esteve sujeita aos egípcios, aos romanos e também teve influência helênica. Muitas referências são feitas a Damasco na Bíblia, sendo citada desde Abrahão, no livro do Gênesis, passando pelo Rei Davi, Salomão e muitos outros personagens.
A cidade também foi sede de um primitivo reino da síria, o de Aram-Damasco, citado em achados arqueológicos Assírios e na própria Tanach dos hebreus. Segundo se encontra no antigo testamento hebreu, um homem chamado Rezom, reuniu para si um pequeno exército e tomou Damasco, dando início ao reino sírio, o qual trouxe muitas perturbações à Israel.
Já os textos assírios falam sobre os reis Salmanassar, Adadenirari III, e Teglate Falasar. Esses documentos citam aspectos políticos do pequeno reino e mencionam pessoas importantes da região. Pelo menos três reis podem ser identificados na história de Aram-Damasco: Hadadezer, Hazael e Ben-Hadade III.
Além das cidades aqui listadas, existem mais uma dezena de outras muito antigas e que merecem tanto respeito e admiração. Todo esse patrimônio deve ser valorizado, para que as próximas gerações possam apreciar toda a bagagem histórica contida nesses importantes centros urbanos.
*Esta matéria é de autoria do nosso leitor Matheus Campos.
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