Ciência
13/06/2019 às 11:00•2 min de leitura
Mesmo que você não seja muito talentoso na cozinha e prefira não se aventurar no fogão, já deve ter ouvido o termo “banho-maria”, certo? Na culinária, ele se refere a um método de aquecimento no qual, em vez de colocar o recipiente contendo os alimentos diretamente sobre a chama, esse recipiente é posto dentro de outro contendo água fervente, o que permite que os itens esquentem de forma mais lenta e uniforme. Veja a seguir:
O bom e velho banho-maria
Na verdade, esse método de aquecimento não é uma exclusividade da culinária. Ele também é bastante utilizado na indústria farmacêutica, cosmética e em laboratórios químicos — e a origem do seu nome, “banho-maria”, tem uma história fascinante. O termo está associado à figura de uma judia chamada Maria, que teria vivido no Egito entre os séculos 3 e 1 a.C.
Os registros históricos mais antigos que existem sobre Maria foram deixados pelo alquimista egípcio Zósimo de Penápolis — autor que documentou as contribuições e os inventos dela em sua obra Peri kaminon kai organon ("Tratado sobre Instrumentos e Fornalhas'). Ele escreveu sobre essa fascinante mulher por volta do século 4 da nossa era, isto é, cerca de 500 anos depois de ela morrer.
Maria também é conhecida como Maria Profetisa, Maria Profetíssima e Miriam, a Profeta, e, com relação a sua suposta origem hebraica, os historiadores especulam que ela acabou ficando conhecida dessa forma porque Zózimo se referia a ela em seus escritos como “Miriam, irmã de Moisés” — que, por sua vez, nada mais seria do que uma maneira poética de chamá-la de sábia.
Seja como for, Maria entrou para a História como a primeira mulher alquimista do mundo — e possivelmente como a fundadora dessa arte — e teria sido a responsável pela descoberta do ácido clorídrico, embora exista um pouco de debate sobre a veracidade dessa informação. Entretanto, sabe-se que Maria se dedicou ao estudo dos compostos do enxofre e que foi ela quem desenvolveu um processo para a obtenção do sulfeto de prata, um composto preto usado com frequência em trabalhos com incrustação em metal.
Além disso, a hebreia teria fundado uma importante escola de alquimia no Egito e inventado procedimentos e instrumentos usados pela química, como o tribikos, uma espécie de alambique de três braços usado para purificar substâncias por meio da destilação, e o kerotakis, um equipamento selado hermeticamente empregado para aquecer compostos e obter os vapores — além de desenvolver o popular “banho-maria”, é claro!
Entretanto, apesar de Maria ter se tornado mundialmente conhecida como alquimista, de acordo com os historiadores, na verdade, ela não se dedicava realmente a essa prática nem estava interessada na arte da transmutação.
O negócio dela era entender e desenvolver processos químicos — e foram os alquimistas que surgiram muito depois e descreveram os métodos desenvolvidos por Maria que acabaram dando a ela essa designação. Sobre o termo “banho-maria” propriamente dito, ele foi introduzido por um médico, astrólogo e alquimista chamado Arnau de Vilanova durante o século 14.
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