Estilo de vida
19/07/2019 às 06:00•2 min de leitura
Apesar de existirem tantos registros arqueológicos e históricos sobre a terra dos faraós que nos permitem saber como essa civilização viveu, uma coisa que nem todo mudo sabe é que, na Antiguidade, os habitantes locais não se referiam a ela como “Egito”. O nome usado atualmente para designar o país africano é derivado do grego Aygiptos – que significa “além do Egeu”. E você sabe como é que os egípcios chamavam seu próprio país? Kemet ou Terra Negra.
Kemet, na realidade, vem de km.t, a transliteração de uma sequência de hieróglifos que os antigos egípcios usavam para chamar sua terra. Só que a tradução do termo causou um pouco de polêmica até os linguistas finalmente chegarem a um consenso sobre o seu significado. Isso porque alguns estudiosos propunham que, em vez de Terra Negra, Kemet queria dizer Terra dos Negros, em referência aos antigos núbios.
Atualmente, no entanto, a maioria dos estudiosos parece concordar com a primeira tradução, isto é, a de que Kemet significa Terra Negra. Mais precisamente, os pesquisadores acreditam que o termo está associado às enchentes periódicas que ocorriam às margens do Rio Nilo e que cobriam o solo com uma escura e rica camada de nutrientes que permitia que os egípcios cultivassem a terra.
Pois imagine o contraste que essa camada enegrecida de nutrientes não devia ter com relação à paisagem do deserto! Pois os antigos egípcios se referiam às terras desérticas como Desheret – outra transliteração, desta vez de DSR.T cujo significado é “Terra Vermelha”.
Mas, voltando à discussão sobre a correta tradução do nome do país – Terra Negra ou Terra dos Negros –, os linguistas se apoiaram no tradicional dualismo egípcio e em como os termos Kemet e Desheret estão relacionados. Um se refere às terras negras e férteis, o outro, às vermelhas e desérticas. Uma interpretação seria que os termos estão associados a Osíris, que representaria o negro, o verde e a regeneração, e a Seth, que simbolizaria o vermelho, a desolação e a morte.
Por fim, os linguistas também se basearam no fato de que os egípcios do período ptolomaico se referiam a eles mesmos como km.tauy, termo que pode ser traduzido como “os habitantes da terra negra”. Com relação ao nome oficial em uso atualmente, ele também não soa como Egito em árabe! Sua transliteração seria “Junhuriyah Misr al-Arabiyah” ou apenas Misr, uma palavra de origem semítica e cuja tradução significa “estreito”.
Curiosamente, Misr tem a mesma raiz etimológica que o vocábulo Mitzráyin do hebraico e que quer dizer “dois estreitos” – em referência à separação que existia entre as dinastias do Alto e Baixo Egito. Além disso, essa palavra também pode ser interpretada como civilização, país, metrópole e fronteira.