Artes/cultura
16/04/2018 às 04:01•4 min de leitura
Quando um cientista utiliza algum termo específico, geralmente ele quer dizer alguma coisa bem diferente do que nós imaginamos. Em geral, o senso comum costuma simplificar os significados ou tornar duas palavras diferentes a mesma coisa. Seja porque nosso conhecimento é muito superficial ou muito amplo, algumas vezes não prestamos atenção no verdadeiro significado por trás das palavras.
A seguir, você confere algumas explicações seguindo os conceitos mostrados pelo site American Museum of Natural History (AMNH).
Embora as palavras tóxico e venenoso sejam usadas de forma indistinta – e embora ambas descrevam uma toxina que interfere no processo fisiológico –, elas são diferentes. A principal diferença entre elas é a maneira como a substância é transmitida: o veneno é entregue por meio de dispositivos anatômicos, tais como garras de animais, presas etc. Por sua vez, o tóxico costuma ser inalado, ingerido ou absorvido.
Segundo Mark Siddall, curador do Centro de Zoologia de Invertebrados na AMNH, tanto a taricha granulosa quanto o polvo hapalochlaena produzem uma poderosa toxina chamada tetrodotoxina. Entretanto, os cientistas consideram o polvo venenoso, porque ele transmite a substância por meio de uma mordida; por outro lado, a taricha granulosa é considerada tóxica, pois a toxina está em sua pele.
Quando a maioria das pessoas ouve a palavra micróbio, pensa em coisas que não podem ser vistas, mas que vão deixá-la doente. Mas, embora alguns possam causar doenças, nem todos os micróbios e organismos microscópicos são ruins. Na verdade, alguns são essencias para a vida.
Entre os micróbios podemos incluir as bactérias, vírus, fungos e protozoários que compõem a maioria das formas de vida no planeta. Para cada célula humana em nossos corpos, existem cerca de 10 micróbios nela – apenas uma pequena parte delas é patogênica.
Embora muitas pessoas utilizem os três termos sem distinção alguma, meteoros, meteoritos e asteroides são coisas bem diferentes. As palavras devem ser usadas da seguinte maneira: asteroides são os corpos rochosos que orbitam o Sol, principalmente entre Marte e Júpiter. Eles são muito menores que os planetas, sendo que algumas vezes eles saem de suas orbitas devido à força da gravidade de Júpiter e viajam para o interior do sistema solar.
A maioria dos meteoritos – pedras que caem na Terra a partir do espaço e que, de fato, atingem a superfície do planeta – é parte de um asteroide. E, assim como os meteoritos, os meteoros são objetos que entram na atmosfera da terra vindo do espaço.
Todavia, eles são tipicamente pedaços grandes de poeira de cometa que queimou-se antes de chegar ao chão, deixando para trás uma trilha brilhante que costumamos chamar de “estrela cadente” conforme ela se vaporiza no ar.
Na maioria das vezes em que uma pessoa usa a palavra teoria, ela está querendo falar sobre um palpite ou uma suspeita. Mas, para os cientistas, uma teoria é uma explicação bem sustentada – e testada – que incorpora leis, hipóteses e fatos.
Por exemplo, as teorias da gravidade e da evolução não são meros pressentimentos; elas explicam por que as maçãs caem das árvores e como podem existir – ou terem existido – tantas plantas e animais diferentes na Terra.
De acordo com o site do American Museum of Natural History: “Uma teoria não explica apenas fatos conhecidos, pois ela também permite que os cientistas façam previsões sobre o que eles deveriam observar, caso seja comprovada verdadeira”.
As teorias cientificas também são suscetíveis a testes: se uma evidência não for compatível com uma teoria, os cientistas podem revê-la visando assim refiná-la ou rejeitá-la completamente.
Lowell Dingus, um dos pesquisadores associados da AMNH, explica que fósseis não são apenas restos de partes duras de ossos, dentes e cascas. Sob as condições certas, as partes macias dos organismos, como a pele e os órgãos internos, também podem ser fossilizadas. Outros itens que podem ser qualificados como fósseis são traços de existência feitos por organismos, tais como pegadas, tocas e ninhos.
Uma curiosidade: na maioria das definições, para ser qualificado como fóssil, o espécime deve ter mais que 10 mil anos de idade. Caso ele seja mais novo que isso, o espécime é chamado de subfóssil ou semifóssil.
Quando você utiliza o termo ancestral comum, é possível que você queira dizer que uma criatura evoluiu a partir de outra. Mas isso apenas simplifica o processo: por exemplo, os humanos não evoluíram a partir dos macacos, ambos apenas compartilham um ancestral comum com os Macacos do Velho Mundo.
Segundo o AMNH, “existem diversas evidências que comprovam que todas as espécies são relacionadas – o que significa que todas são descendentes de um ancestral comum”. Mais de 150 anos atrás, Charles Darwin viu evidências desse relacionamento ao comparar similaridades anatômicas entre diversas espécies, tanto vivas quanto extintas.
Hoje em dia, nós percebemos que tais semelhanças – tanto na estrutura física quanto no desenvolvimento embrionário – são expressões de um DNA compartilhado, ou seja, uma resposta direta de uma ancestral comum.
Os Homo sapiens são os únicos descendentes de um variado grupo de primatas conhecidos como Hominini. Provavelmente, você está acostumado a utilizar o termo Hominídeos para fazer referência aos humanos e seus ancestrais – há algum tempo, isso estaria correto.
Todavia, recentemente a definição dessa palavra foi expandida para abranger todos os grandes grupos de macacos e seus ancestrais. Logo, você deveria utilizar a palavra Hominini para descrever o grupo constituído pelos humanos modernos, espécies humanas extintas e seus ancestrais imediatos.
O primeiro fóssil de Hominini foi descoberto em 1856 e, desde então, muito fósseis do mesmo tipo – mas constituídos de diferentes espécies – foram encontrados. Esses espécimes surgiram em diferentes locais nos últimos 6 ou 7 milhões de anos, sendo que alguns deles até mesmo viveram durante o mesmo período.
É bem comum dizermos que todos os dinossauros foram extintos há 65 milhões de anos, mas isso não é bem o caso. Na verdade, se você olhar para fora de sua janela, pode dar de cara com um agora mesmo. Os pássaros descendem do ancestral comum de todos os dinossauros, portanto: “Assim como os humanos são um tipo de primata, os pássaros são uma espécie de dinossauro”, explica Mark Norell, curador da Divisão de Paleontologia da AMNH.
Portanto, pode dizer para os seus amigos que os pombos e papagaios são dinossauros. Aposto que eles nunca mais vão olhar para esses pássaros da mesma forma.
É bem provável que você não esteja utilizando muito essa palavra ultimamente. Isso porque a maioria das pessoas pensa que os pteroussauros e os pterodáctilos são dinossauros. Entretanto, na verdade eles são répteis voadores, primos dos dinossauros e que se desenvolveram a partir de um ramo diferente da família dos répteis.
O processo de “desextinção” consiste em trazer de volta algumas espécies já extintas. Entretanto, graças aos filmes hollywoodianos – leia aqui “Jurassic Park” –, a maioria das pessoas tem uma ideia errada sobre as espécies de animais que podem ser revividas. Os cientistas nunca conseguirão ressuscitar dinossauros não aviários; qualquer DNA que possa ser encontrado atualmente já é muito antigo para ser usado.
Mas, para outras espécies, a ciência até pode encontrar um jeito em um futuro não tão distante. Na verdade, em 2003, os pesquisadores conseguiram implantar um óvulo de cabra com genes de uma espécie antiga espanhola e utilizaram um animal da espécie ibex como barriga de aluguel. A criatura resultante viveu apenas durante alguns minutos, mas comprovou que o experimento poderia ser feito.
Os cientistas esperam que as inovações tecnológicas – e dados genéticos obtidos a partir de diferentes espécimes – forneçam maneiras para reviver espécies recentemente extintas, por exemplo, pombos-passageiros e até mesmo mamutes-lanosos. Embora pareça algo interessante, o processo de “desextinção” envolve diversas questões científicas e éticas que ainda são muito debatidas no meio científico.
*Publicado originalmente em 18/08/2014.