Artes/cultura
29/10/2014 às 10:46•6 min de leitura
A Ilha de Páscoa é uma das mais isoladas do mundo. Ela fica na Polinésia Oriental a cerca de 3,7 mil quilômetros da costa do Chile. Talvez por ser tão afastada, ela seja ainda tão misteriosa, pois também abriga 887 estátuas de pedra gigantes (chamadas moai), que tornam o lugar ainda mais fascinante.
Segundo o National Geographic, esses imensos blocos de pedra, que apresentam figuras de cabeça e tronco, têm em média quatro metros de altura em sua maioria. O esforço para construir estes monumentos e movê-los ao redor da ilha deve ter sido impressionante, mas ninguém sabe exatamente por que o povo do lugar se empenhou em tal tarefa.
A maioria dos estudiosos supõe que as estátuas foram criadas para homenagear antepassados??, líderes, chefes de família ou outros personagens importantes. No entanto, devido à falta de registros escritos e do mínimo de história oral na ilha é impossível ter certeza. Muitas delas tinham apenas a ponta para fora da superfície e foram desenterradas, restauradas e alinhadas.
A cada ano, mais teorias surgem sobre o lugar, as estátuas e as pessoas que viviam lá na Ilha de Páscoa, também chamada de Rapa Nui. E um artigo do site List Verse, publicado por Estelle Thurtle, mostrou quais são os principais fatos e teorias, que apresentaremos a vocês a seguir. Confira abaixo:
O que mais intriga cientistas e os visitantes da Ilha de Páscoa talvez seja: como essas estátuas imensas e pesadíssimas foram parar onde estão? Para ter uma ideia, como dito acima, a média de altura da maioria das estátuas é de quatro metros, mas existe uma (a Paro), que tem quase dez metros e pesa 82 toneladas!
Imagine mover todos esses monumentos com os poucos recursos dos tempos antigos — estima-se que a ilha tenha tido a primeira ocupação humana antes do ano 900.
Para tentar reproduzir o que pode ter acontecido naquelas épocas, alguns pesquisadores (no início dos anos 1980) fizeram réplicas das estátuas (com as mesmas dimensões e peso) e tentaram as mover usando apenas ferramentas que poderia existir a disposição no passado. Com isso, eles concluíram que esse trabalho era praticamente impossível de ser feito.
Em 1987, o arqueólogo americano Charles Love conseguiu mover uma réplica de 10 toneladas. Como ele fez isso? Colocando-a em um tipo de “veículo” improvisado composto por dois trenós. Então, ele e mais 25 homens conseguiram arrastar a estátua por 46 metros em apenas dois minutos.
Dez anos após esse feito, o engenheiro checo Pavel Pavel e o aventureiro norueguês Thor Heyerdahl também construíram uma réplica e amarram uma corda em torno da sua base. Depois, com a ajuda de mais 16 pessoas, eles conseguiram mover a estátua balançando-a de um lado para o outro.
O método foi confirmado mais tarde pelos americanos Terry Hunt e Carl Lipo, que também utilizaram as cordas e movimentaram as estátuas de forma que parecia um “andar”. Sua equipe conseguiu mover uma réplica desta maneira por 100 metros. Eles também argumentam que isso explica um folclore Rapa Nui, que narra que as estátuas caminhavam, pois eram animadas por magia.
Existe uma teoria que afirma que os nativos da ilha devastaram as florestas do lugar para abrir espaço para a agricultura, acreditando que as árvores voltariam a crescer rapidamente. O crescimento populacional teria piorado o problema e a ilha não era mais suficiente para suportar seus habitantes.
No entanto, uma nova teoria sugere que há pouquíssimas evidências de que isso realmente aconteceu. Segundo ela, os integrantes do povo Rapa Nui eram, na verdade, “engenheiros agrícolas” muito inteligentes. Um estudo mostrou que os campos agrícolas eram frequentemente fertilizados com material vulcânico.
Os pesquisadores americanos Terry Hunt e Carl Lipo também teorizam que, embora os habitantes da ilha tenham tirado a maior parte da floresta, eles substituíram por pastagens. Eles não acreditam que houve uma catástrofe que matou os habitantes da ilha.
Em um estudo da antropóloga Mara Mulrooney, foi concluído através de dados de radiocarbono que a Ilha de Páscoa foi habitada por muitos séculos e sua população só caiu após os europeus começarem a frequentá-la.
Ainda em estudos dos pesquisadores Terry Hunt e Carl Lipo, eles oferecerem uma explicação alternativa para a queda de população. Segundo eles, a falta de predadores e um excesso de comida na ilha forneceram um paraíso perfeito para os ratos escondidos nas canoas dos primeiros colonos da ilha.
Além disso, embora os nativos tenham provavelmente cortado muitas árvores e usado para fazer fogueiras, foram os ratos que impediram que elas brotassem novamente por terem comido as novas plantas.
Porém, enquanto os ratos pode ter prejudicado o ecossistema da ilha, eles deram aos habitantes uma nova fonte de alimento. A descoberta de ossos de ratos em depósitos de lixo na ilha indica que os nativos consumiam os roedores.
Obviamente que, se existe uma lista de teorias, os aliens precisam estar nela! Existe uma bem popular que diz que as estátuas moai foram criadas (ou, pelo menos, influenciadas) por alienígenas.
Uma das pessoas que ajudou a espalhar a teoria foi o escritor Erich von Daniken, que acredita também que os antigos egípcios não poderiam ter construído as pirâmides sozinhos, pois não tinham a inteligência e força. Teorias similares sobre aliens explicam as pirâmides maias e os desenhos de linhas de Nazca.
Mas sabe-se muito bem que a pedra utilizada para construir cada uma das estátuas foi realmente retirada da própria ilha, a partir de um vulcão extinto no lado nordeste, e não de outro planeta. Na verdade, não há mistério real sobre quem construiu as estátuas, mas sim por que eles fizeram isso.
Em 2012, o professor de Ciências Naturais, Robert M. Schoch, afirmou em uma teoria (rotulada como maluca) que o sistema de escrita da Ilha de Páscoa teria, na verdade, 10 mil anos a mais do que popularmente se acredita. Essa afirmação também poderia supor que a própria ilha foi habitada muito antes do que se pensava inicialmente.
Robert chegou a essa conclusão depois de explorar Gobekli Tepe, um conjunto de pedras antigas na Turquia que acredita-se ter sido erguida há 12 mil anos. De acordo com o List Verse, o lugar não tem qualquer evidência de habitação ou agricultura, indicando que ele pode ter sido construído unicamente com a finalidade de manter cerimônias e rituais.
Segundo o professor, as pedras de Gobekli Tepe e as estátuas moai da Ilha de Páscoa são quase as mesmas, por causa de semelhanças no estilo das figuras.
Ele simplesmente desconsidera os 12 mil anos de diferença entre os dois lugares antigos e ignora também que as cabeças da Ilha de Páscoa são grandes, enquanto as figuras turcas são finas e não têm cabeças percebíveis. De acordo com os estudiosos da Ilha, as afirmações do professor não têm fundamento.
Vários crânios humanos foram encontrados na Ilha da Páscoa, mas eles tinham algumas características distintas. Segundo o List Verse, o pesquisador Rupert Ivan Murril mencionou em seu livro que os crânios encontrados na ilha eram longos e estreitos. As suas análises também sugerem que as orelhas dessas pessoas eram mais compridas.
No livro Aku-Aku: O Segredo da Ilha de Páscoa, de Thor Heyerdahl, o autor menciona que existiu uma luta mortal ou mesmo uma guerra entre povos que se distinguiam por “orelhas curtas” e “orelhas longas”.
A história conta que, em torno do ano de 1675, as pessoas de orelhas compridas, que habitaram a ilha em primeiro lugar, cavaram uma vala e encheram-na com mato. O problema foi que um homem de orelhas compridas revelou a sua esposa (que tinha orelhas curtas) que o seu povo planejava levar os “orelhinhas” para a vala e queimá-los vivos.
Obviamente, a mulher teria ficado chocada e contou tudo aos seus semelhantes daqueles planos, traindo a confiança do seu marido para salvar seu povo. Então a batalha aconteceu e quem acabou sendo levado para a vala foi o grupo de orelhas longas, que foram queimados, inclusive mulheres e crianças.
O autor Heyerdahl descreveu aqueles de orelhas compridas como sendo os peruanos e os de orelhas curtas como os polinésios. O Capitão James Cook visitou a Ilha de Páscoa entre 1772 e 1775 e viu muitas pessoas com orelhas longas, o que levanta algumas questões sobre a veracidade do tal conto.
Muitas das estátuas moai estavam enterradas e foram escavadas para ter a dimensão toda analisada e exposta. Em 2011, alguns cientistas escavaram ao redor de algumas delas, revelando que as enormes cabeças de pedra tinham torso enterrado na profundidade do solo.
O próprio pesquisador Thor Heyerdahl já havia escavado uma estátua dessas décadas antes, mas a nova escavação descobriu estátuas de sete metros de altura. Sobre os torsos de pedra estão escritas não decifráveis. A diretora do projeto, Jo Anne Van Tilburg, também confirmou outras descobertas interessantes como os cabos que ligam a estátua a um tronco de árvore em um buraco profundo.
A teoria dela é que o povo Rapa Nui utilizava as cordas e o tronco para puxar a estátua para uma posição vertical, mas, antes deles fazerem isso, eles esculpiram as escritas na frente da estátua. Outra descoberta intrigante foi o pigmento vermelho contido em um buraco usado para enterrar a pedra, que eles acreditam que era utilizado para pintar o moai em rituais.
Além disso, ossos humanos também foram encontrados em torno das estátuas nos buracos, o que leva a acreditar que os antigos sacerdotes usavam o pigmento vermelho como parte de uma prática de sepultamento.
Cratera de Rano Kau
A cratera de Rano Kau fica a 324 metros de altura de um vulcão extinto na área sudoeste da Ilha de Páscoa. Colada à cratera, estão as ruínas de Orongo, que era uma aldeia onde acontecia uma competição para homenagear o deus da fertilidade Makemake. O vencedor seria aquele que conseguisse descer as encostas muito íngremes da cratera, nadar no mar aberto e alcançar uma ilhota próxima sem ser comido por um tubarão. Legal, né?
Nessa pequena ilha que eles deviam chegar, teria um ovo que precisava ser trazido intacto de volta para a ilha principal. Era praticamente uma “gincana”, mas bem mais arriscada. Aquele que conseguisse concluir o feito era nomeado “homem-pássaro” e assumia a liderança da aldeia.
O culto ao vencedor tornou-se a principal religião na ilha até 1867, época em que os missionários chegaram à ilha e converteram os habitantes ao cristianismo. Suas roupas tradicionais, artefatos, tatuagens e pintura corporal viraram história. Hoje, poucas pessoas permanecem com verdadeiros laços com as pessoas originais de Rapa Nui.
A Ilha de Páscoa recebeu esse nome depois que, em 1722, o explorador holandês Jacob Roggeveen atravessou o Pacífico partindo do Chile e após dezessete dias de viagem desembarcou na ilha num domingo de Páscoa e o nome pegou devido a esse evento.