Ciência
15/06/2016 às 12:52•3 min de leitura
Hoje em dia, músicos como Calvin Harris e futebolistas como David Beckham aumentam suas fortunas estrelando campanhas vestidos apenas com cuecas. Entretanto, apesar dessa popularidade, que chega ao ponto de estar estampada em outdoors em todo o mundo, os homens ainda não comentam muito sobre os tipos de roupas íntimas que eles usam – ainda que, de acordo com consultores de lifestyle, eles tenham muito orgulho das cuecas que usam.
Historicamente, as mulheres já enfrentaram, por exemplo, o uso de espartilhos, considerado muito sofrido por algumas delas. Já os homens não curtem nada que aperte demais seu fiel escudeiro, por isso materiais mais elásticos e que assentem melhor ao corpo estão entre as preferências.
Os modelos atuais são variados: slip (o mais tradicional e mais vendido no Brasil, que é cavado nas laterais), boxer (normalmente não marca no corpo e é preferido de homens altos, pois “encurta” as pernas), samba-canção (que deixa tudo muito mais solto), sunga (meio-termo entre a slip e a boxer) e jockstrap (cobre apenas o pênis, deixando as nádegas à mostra).
Os modelos mais comuns no Brasil: slip, sunga, boxer e samba-canção
Historicamente, as primeiras cuecas surgiram há 7 mil anos, quando o homem pré-histórico criou uma tanga de couro semelhante a uma fralda. Restos dessas peças primitivas foram descobertos por arqueólogos, dando uma noção de como os nossos antepassados começaram a cobrir suas “partes”.
No Antigo Egito, o rei Tutancâmon, falecido em 1324 a.C., foi enterrado junto com dezenas de elaboradas tangas de seda. Elas eram triangulares e possuíam extremidades mais longas, que podiam ser amarradas nas pernas. Os antigos gregos também tinham suas próprias tangas, mas se especula que apenas os escravos as usavam.
Com a ascensão do Império Romano, as roupas íntimas masculinas começaram a ganhar novas formas: uma mistura de tanga e calção se tornou bastante popular na época. No século 13, foi a vez de surgirem os primórdios das ceroulas: calças de linho que cobriam toda a perna e eram muito usadas tanto por camponeses quanto pela realeza.
Cuecas pré-históricas, romanas e "braies" (os primórdios da ceroula)
Durante o Renascimento, essas calças deixaram de cobrir justamente as partes íntimas para facilitar na hora de urinar: elas ficaram parecidas com enormes meias que cobriam tudo, menos o pênis. Futuramente, elas foram substituídas por versões que cobriam as intimidades, mas continham botões para facilitar a sua liberação.
Depois da Revolução Industrial, a invenção da bicicleta também fez com que as cuecas ganhassem novos contornos: era preciso proteger melhor o pênis durante as pedaladas em ruas de paralelepípedo. A ascensão de tecidos de algodão ajudou nesse período, dando origem a roupas íntimas semelhantes aos jockstraps de hoje em dia, que sustentavam melhor a genitália.
No século 20, surgiram duas revoluções: as cuecas slip e as samba-canções. Essas últimas eram derivadas dos calções dos boxeadores e entraram no mercado na década de 1920. Já as cuecas slip, criadas em 1935, com uma abertura em “Y” na frente, foram tão revolucionárias na moda masculina que chegaram a ser comparadas com o surgimento do sutiã, cerca de duas décadas antes.
Modelo slip com formato de "Y" na frente foi uma das maiores revoluções nas roupas íntimas masculinas
Os anos 1950 trouxeram uma variedade maior de tecidos e cores para a fabricação das cuecas, mas só na década de 1980 surgiu uma nova revolução: as cuecas boxer. Foi nesse período que a publicidade também começou a usar modelos masculinos quase nus para divulgar os produtos, dando às cuecas um status cada vez maior de sexo, moda, poder e dinheiro.
Designers como Calvin Klein foram pioneiros nesse sentido, já que colocaram o homem no foco dos holofotes: sua campanha com o então rapper Marky Mark (que futuramente se tornaria o ator Mark Wahlberg) foi um dos maiores sucessos dessa época. A ideia era mostrar que homens de verdade usavam cuecas boxer e que aqueles que ainda optavam pelas slip eram filhinhos de mamãe – inclusive vestidos por elas!
Em um primeiro momento, esse novo estilo masculino agradou principalmente o público gay – por isso a resistência, até hoje, de homens heterossexuais assumirem a vaidade na escolha de suas cuecas. Porém, essa realidade está cada vez mais sendo alterada: entre os anos 2000 e 2005, no Reino Unido, as vendas anuais de cuecas tiveram um aumento de 25%, ou seja, não são apenas os gays que procuram conforto e elegância na hora de se vestir.
Nos anos 1990, a campanha da Calvin Klein com o então rapper Mark Whalberg ajudou a transformar a cueca em um peça fashion, cuja finalidade vai muito além do conforto
E você, qual seu estilo preferido de cueca? Acha que essa discussão ainda é um tabu? Não deixe de comentar!