Artes/cultura
14/08/2015 às 11:08•2 min de leitura
Galeria 1
É isso mesmo, essa arte é uma pintura grafite que inicia na cidade de Sliema, em Malta, e termina em Sapri, na Itália, depois de aproximadamente 480 km. Mas calma, não houve um uso tão grande de tinta, e não há um artista tão empenhado assim. A imagem é de uma reflexão em forma de arte urbana realizada por um artista francês de rua, conhecido como MTO.
Na sua parte inicial, na ilha de Malta, a obra simula um grande buraco na parede e também há a parte inferior do corpo de um homem, como se estivesse entrando pela abertura na parede. Em terceira dimensão, o que dá um efeito muito atrativo, a pintura é enorme e foi realizada em um paredão de cor amarela. Sobre o homem retratado no desenho, o corpo está em preto e branco, sem camisa, com um calção vermelho e chinelos.
Já na parte italiana, o buraco no mesmo formato do outro foi posto junto com a parte superior do corpo do homem, o qual, desta vez, parece estar saindo de uma parede amarela semelhante à primeira. Nessa imagem, chama a atenção a expressão de luta e cansaço na face do homem, que ainda carrega uma máscara de mergulho erguida à testa.
O nome da obra de arte urbana é “A Porta Mediterrânea” e é uma espécie de comentário para promover uma reflexão em torno de uma questão que vem causando problemas para a ilha de Malta, os migrantes vindos da Líbia que buscam um recomeço em terras maltesas. De acordo com o site City Lab, o percurso pode representar uma viagem sem volta, na qual há muitos riscos, inclusive de morte, aos estrangeiros que tentam entrar na ilha em busca de uma vida nova.
A situação tem gerado muitas críticas e publicidade negativa ao governo da ilha, que é acusado de não aceitar os imigrantes. Logo, a ideia representada na pintura de MTO seria uma alternativa interessante, caso realmente existisse, para mandar os imigrantes de volta para a sua terra ou para a Itália.
Segundo um artigo publicado no site Malta Independent, outras questões têm que ser levadas em conta. A opinião é do advogado italiano Massimo Malvestio, que defende o posicionamento do governo maltês em não aceitar a maioria dos imigrantes que chegam ao país.
Ele atenta para o fato de que Malta é uma pequena Ilha com cerca de 400 km² e já possui mais de 400 mil habitantes, então a superpopulação é sim um problema. Além disso, ele ressalta, a ilha sobrevive do turismo, logo, se deixar que haja um descontrole sobre o fluxo de pessoas, pode acabar prejudicando os seus próprios habitantes.
Segundo o relato de Malvestio, “quando um barco com 120 migrantes tenta aportar na ilha, um bote a motor sai com um cabo. Todos pensam que o cabo vai leva-los ao porto, mas em vez disso, o barco é levado para a Sicília”. Essa ação faz parte de um acordo de parceria de malta com a Itália, em que o país italiano aceita ajudar a ilha que não possui estrutura para receber essas pessoas.
Malvestio ainda configura a ação do governo maltês como pragmático, mas não desumano. “Malta é pequena para receber todos os imigrantes, mas se há alguém em perigo no mar, os responsáveis ajudam e o acolhem. Não é verdade que eles os jogam de novo para o mar. A verdade é que depois de um resgate, o governo tenta não ficar com os imigrantes em seus domínios”, completa.
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