Artes/cultura
15/01/2016 às 16:09•5 min de leitura
A propaganda é a alma do negócio, e a demonstração de um produto é uma das melhores formas de mostrar para o público que ele realmente funciona. O problema é: e quando isso não acontece como o esperado?
A falha em sessões de demonstração é, sobretudo, democrática: empresas pequenas com produtos novos são afetadas da mesma maneira que Bill Gates e Steve Jobs quando mostravam algo que não funcionou como deveria no momento mais importante.
Confira, então, 9 momentos em que as demonstrações de produto não saíram conforme o planejado:
A facada nas costas é geralmente atribuída à traição – no caso do vídeo abaixo, ela veio através de um acidente na demonstração de um colete "à prova de facadas" que aconteceu recentemente.
O repórter israelense Eitam Lachover acabou sendo apontado como voluntário para um teste durante a apresentação do produto, feita por Yaniv Montakyo, vice-presidente da FMS Enterprises, fabricante da peça.
Montakyo fez com que o pobre cobaia vestisse o colete e explicou que, com uma faca militar, iria desferir golpes nas costas do repórter – que ficou visivelmente nervoso quando descobriu do que se tratava a demonstração, perguntando: "Você vai me atingir com isso?". O executivo, no entanto, afirmou que não haveria qualquer perigo, já que a proteção iria impedir que a lâmina ferisse Lachover.
Nos dois primeiros golpes de Montakyo, o colete parece realmente proteger o desafortunado voluntário. O problema veio na terceira facada, que, por um erro de mira do demonstrador, atravessou o colete acertou as costas de Lachover – que fez o possível pra parecer que não havia sentido nada e, apesar de ter tomado alguns pontos no corte, não sofreu nada grave.
Montakyo, por sua vez, não conseguiu esconder o seu constrangimento, estampando um sorrisinho sem graça pra caramba.
No Brasil, um dos testes desastrosos mais emblemáticos foi, sem dúvida, do "carro autônomo" que atropelou Ana Maria Braga ao vivo. Enquanto discutiam o funcionamento do protótipo, a apresentadora e o professor Alberto de Souza – responsável pelo projeto – acharam que seria uma boa ideia ver o computador que ficava na parte de trás do automóvel.
O problema é que, ao que tudo indica, Alberto acabou soltando o freio de mão do veículo. A infeliz coincidência é que o carro estava parado em um terreno íngreme e começou a descer, carregando um professor desesperado e atingindo Ana Maria no caminho.
Nada de muito sério aconteceu, mas a situação serviu pra mostrar que o "carro inteligente" talvez não fosse tão inteligente assim.
Chris Boden só queria mostrar para as pessoas como é possível construir um estúdio de gravação em casa sem ter que pagar alguém para fazer isso por você. Para isso, ele pensou em utilizar uma peça de concreto, na qual ele iria fazer furos para mostrar como fixar algumas peças de madeira.
Próximo dos quatro minutos do vídeo, as coisas já começam a desandar: Boden faz um furo para colocar uma bucha plástica, mas acaba destruindo a pequena peça com as marteladas. Aos sete minutos de vídeo, no entanto, que tudo vai por água abaixo: ao tentar perfurar a peça em outro lugar, uma parte dela cai. Ele tenta outro furo e uma parte inteira é quebrada.
Boden persiste, fazendo um terceiro buraco em outra parte que ficou intacta, mas, ao tentar colocar a última bucha disponível, ele também a destrói. No momento de fixar a madeira ao bloco, sem sucesso, ele perde a paciência e desiste de vez.
"Acho que ficou meio óbvio que não sou um carpinteiro". Nem deu para perceber, Boden. Sérião.
A Volvo desenvolveu um sistema que detecta quando um pedestre atravessa a frente do automóvel e faz com que os freios sejam acionados de forma automática. O problema é quando você resolve testar um carro e esquece de ativar a função.
Nesse caso o teste não foi conduzido de forma oficial pela Volvo, o que poderia aliviar um pouco a situação. "Poderia" porque a própria Volvo já sofreu também nas mãos do sistema de freio automático durante uma demonstração para a imprensa:
Pelo menos nos caminhões tudo funcionou perfeitamente – e é realmente impressionante.
A montadora sueca não foi a única a sofrer com problemas em demonstrações de sistemas relativamente inovadores em seus veículos. A Mercedes-Benz, em 2005, se viu em uma situação similar quando três carros de sua linha de topo (Classe S) foram vítimas de um "engarrafamento" no momento em que os freios (supostamente) automáticos falharam.
O programa britânico Top Gear divulgou as filmagens do ocorrido:
O que aconteceu, segundo a Mercedes, foi que o local onde a demonstração foi feita tinha paredes de metal, que impediram o sistema de ser acionado, já que ele funciona através de um radar. De fato, os testes em ambiente externos foram bem-sucedidos, de acordo com os jornalistas que presenciaram a falha.
Existem algumas formas diferentes de fazer as coisas que podem ser realmente úteis para todos, como é o caso do que o apresentador do programa no vídeo abaixo tenta explicar.
Ele tenta demonstrar como você pode usar uma escada quando, em vez de contar com o apoio de uma parede, só tem outra pessoa por perto. Uma assistente segura o acessório enquanto o rapaz começa a subir. Eles não pensaram, no entanto, que a superfície escorregadia do palco pudesse fazer a coisa toda dar errado:
Não é a primeira vez que uma demonstração com escadas dá errado. Neste comercial, de muito tempo atrás, um vendedor resolve mostrar que o produto realmente funciona – mas não tão bem quanto deveria:
A área de tecnologia é uma das que mais estão propensas a falhas catastróficas, e Satya Nadella, CEO da Microsoft, sabe bem como é isso. Em uma das demonstrações de funcionalidade da Cortana, assistente virtual do Windows, o executivo teve alguns problemas em fazer o sistema entender o que ele realmente queria:
É válido apontar que o sotaque de Nadella dificulta um bocado as coisas e causa dúvida até mesmo em quem tenta entender o que ele solicita à Cortana. Independente da causa, nada funcionou como deveria e o CEO teve que ser salvo pelos assistentes reais.
Em uma das apresentações mais importantes de seus produtos, Steve Jobs passou por alguns momentos delicados ao demonstrar as novas funcionalidades do iPhone 4, lá em 2010. A internet do aparelho teimava em não funcionar, um problema causado, segundo Jobs, pela quantidade de pessoas no local que estavam com o WiFi ligado.
O executivo pediu para que as pessoas desligassem a internet sem fio de seus dispositivos para que os testes corressem bem. O mesmo pedido foi feito, de forma indireta, mais algumas vezes durante a demonstração do FaceTime – que, diga-se de passagem, também não foi tão suave como era esperado.
De qualquer forma, isso não impediu que a Maçã chegasse à sexta geração do iPhone, certo?
Se Steve Jobs conseguiu contornar uma falha em uma de suas apresentações do iPhone, o que dizer de Bill Gates demonstrando o Windows 98 e presenciando o que viria a ser conhecido como "a tela azul da morte"?
Durante a apresentação, o assistente de Gates, Chris Capossela, mostrava a funcionalidade de detecção automática de dispositivos do sistema operacional quando, de repente, a famigerada tela de falha catastrófica passou a ser exibida nos telões. O dono da Microsoft, sem perder a compostura, simplesmente falou: "Deve ser por isso que ainda não estamos vendendo o Windows 98".
Parece que a observação surtiu efeito para a companhia, já que o sistema operacional se tornou icônico durante muitos anos – seja por seus próprios méritos ou pelos deméritos daquele que o sucedeu.