Estilo de vida
16/04/2019 às 09:41•2 min de leitura
Conforme já comentamos em várias matérias aqui do Mega Curioso, Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, é um gigante gasoso. Isso significa que esse mundo imenso — ele é grande o suficiente para comportar mais de 1,3 mil Terras em seu interior — não possui superfície sólida. Nesse caso, se tivéssemos que caminhar sobre Júpiter, como seria a experiência?
Artista cria representação da atmosfera de Júpiter
Bem, de acordo com Alfredo Carpineti, do portal IFLS, se desconsiderarmos por hora as condições extremas do ambiente jupteriano — incluindo aqui seus violentos ventos, sua gravidade, a pressão e as altas temperaturas —, nós nos depararíamos com um espetáculo à parte depois de atravessar sua espessa atmosfera.
Segundo os cientistas, após atravessarmos a atmosfera de Júpiter, nós encontraríamos um gigantesco oceano de hidrogênio metálico líquido — que possui apenas 60% da densidade da água e se comportaria e teria uma aparência semelhante ao mercúrio. Evidentemente, seria impossível caminhar sobre esse mar metalizado, então teríamos que mergulhar por milhares de quilômetros até chegar ao núcleo do planeta.
Ninguém sabe ao certo qual é a composição do núcleo de Júpiter
Os astrônomos não sabem com certeza se o centro de Júpiter é sólido e, até onde acreditam, ele tem mais ou menos o tamanho da Terra e é composto por um núcleo — muito, muito quente — de rochas e metais derretidos. Sendo assim, embora exista a possibilidade de que seu interior seja sólido, como você pode bem imaginar, ele não seria uma superfície especialmente agradável para se pisar.
Detalhe da atmosfera jupteriana
O pior é que não conseguiríamos fugir muito do calor em Júpiter, não! O planeta é bem cálido, e nas camadas mais altas de sua atmosfera as temperaturas rondam os 630 °C. O mais curioso é que, ao contrário do que ocorre aqui na Terra, onde a superfície é mais quente do que o topo da atmosfera, a temperatura cai conforme nos aproximamos do mar metálico de Júpiter devido à queda da pressão e ao aumento na velocidade dos ventos.
Após percorrer pouco mais de 150 quilômetros através da atmosfera jupteriana, a gente se depararia com temperaturas de mais de 150 °C e pressão equivalente a 23 atmosferas terrestres. Depois de 500 quilômetros, chegaríamos a uma camada de nuvens de amônia e perderíamos quase que completamente a visibilidade. Nesse ponto da viagem, encontraríamos ventinhos com velocidades de aproximadamente 100 metros por segundo.
Atmosfera incrivelmente turbulenta
Após deixarmos as nuvens de amônia para trás, encontraríamos mais nuvens — mas de vapor de água mesmo — e chegaríamos a uma camada de hidrogênio fluido (que ainda não é o oceano!). Apesar de não estar em sua forma de gás, essa camada também não se comportaria exatamente como um líquido, e nós só chegaríamos ao oceano metálico depois de mais ou menos 2h30 de passeio.
Vale lembrar que estamos longe de contar com a tecnologia necessária para enviar humanos até as proximidades de Júpiter, muito menos através de sua turbulenta atmosfera. Aliás, a sonda espacial Galileo, que mergulhou na atmosfera jupteriana em meados da década de 90, começou a apresentar sérios problemas técnicos 58 minutos após iniciar a descida, e a sonda Juno, que se encontra em órbita ao redor do gigante, também “morrerá” quando eventualmente penetrar em direção ao núcleo do planeta.