Ciência
01/04/2019 às 02:30•2 min de leitura
Quando pensamos na Antártida, a primeira coisa que vem à cabeça é a imagem de um lugar coberto de gelo, aparentemente úmido, que em nada lembra os desertos onde são registradas altíssimas temperaturas. Só que não só de dunas de areia são feitos os desertos: o continente antártico tem regiões extremamente secas, insanamente hostis ao surgimento de vida.
Em janeiro de 2016, o explorador britânico Henry Worsley morreu em decorrência de uma falência múltipla dos órgãos enquanto tentava cruzar sozinho o continente gelado. Em 71 dias, ele percorreu 1.469 quilômetros e restavam menos de 50 para que ele concluísse a perigosa jornada.
A taxa de derretimento no continente tem aumentado drasticamente desde o início da década: estima-se que a perda de gelo, anualmente, seja de cerca de 60 km³ — quase o abastecimento de água no Reino Unido em um ano inteiro.
No inverno, por causa da drástica diminuição na temperatura, a água que está ao redor do litoral da Antártida fica congelada, fazendo com que a superfície do continente quase dobre de tamanho.
Nos últimos 50 anos, a temperatura média do continente aumentou cerca de 3 °C, um acréscimo que aconteceu cerca de 10 vezes mais rápido do que no restante da Terra.
Segundo um estudo sobre a perda de gelo na Antártida, o acelerado derretimento glacial seria motivado pela elevação da temperatura oceânica, visto que os cientistas não encontraram no continente indícios de aumento na temperatura ou diminuição na quantidade de neve.
Outro estudo publicado recentemente sugere que o derretimento do manto de gelo da Antártida Ocidental poderia elevar em quase 3 metros o nível do mar em todo o Planeta, deixando ilhas e cidades costeiras debaixo d'água.
Esse pequeno crustáceo chamado krill está na base alimentar de diversas espécies que habitam o continente antártico, como os pinguins, as focas e as baleias. Especialistas acreditam que a elevação da temperatura, o aumento da acidez dos oceanos e, em certa medida, a pesca predatória, têm afetado a dieta dos animais da região e reduzido ainda mais suas chances de sobrevida.
Como você deve saber, nenhuma nação do globo pode exercer poder político sobre a Antártida ou explorá-la economicamente, somente é permitida a realização de estudos científicos. A base de pesquisa do Brasil, chamada Comandante Ferraz, foi destruída por um incêndio em 2012, mas deve ser substituída por uma nova instalação, que, em seus 4,5 mil m², abrigará 17 laboratórios, biblioteca, ambulatório, área de convivência e acomodações para até 64 pessoas.
Em 2012, o jornalista João Lara Mesquita levou um susto enquanto navegava pelas perigosas águas antárticas: por causa do acúmulo de gelo ao redor da embarcação e pelas condições climáticas desfavoráveis, o iate em que ele e mais três tripulantes estavam afundou. Na ocasião, ele gravava um documentário sobre o continente gelado. Felizmente, todos foram resgatados sãos e salvos e levados para a base chilena que ficava próximo ao local do naufrágio.