Artes/cultura
25/01/2017 às 08:17•2 min de leitura
Eis um típico sinal de que a paixão está no ar: acreditar que o ser amado é único. Isso tem a ver com a “cegueira” provocada pela paixão, aquela que nos faz acreditar que somos simplesmente incapazes de sentir interesse por outras pessoas – a culpa disso é dos altos níveis de dopamina, uma substância química relacionada com nossa capacidade de prestar atenção e manter o foco.
Quando estamos realmente apaixonados, acabamos focando apenas nos pontos positivos da pessoa amada, o que nos faz ter certeza de que ela não tem defeitos. Como se não bastasse, tendemos a focar em eventos e objetos que nos fazem pensar na criatura dos nossos sonhos. Assim como no item anterior, esse foco na perfeição tem a ver com a dopamina e também com a norepinefrina, responsável por estimular nossa memória.
A paixão tem o poder avassalador de interferir em nossa mente em nosso corpo. Não é incomum sentirmos mudanças de humor e de comportamento – mas não é só isso: é comum ter euforia, insônia, perda de apetite, tremores, arritmia cardíaca, ansiedade, pânico e por aí vai. Quando pessoas apaixonadas veem fotos daqueles que amam, as regiões cerebrais que se ativam são as mesmas ativadas no cérebro de uma pessoa viciada quando usa algum tipo de droga.
Nem só de alegrias é feita a vida, e, se pudermos contar com a ajuda e o apoio de quem amamos, as coisas tendem a melhorar – em todos os sentidos. A dopamina, mais uma vez, é culpada por essa fortificação de laços que ocorre depois de um casal enfrentar momentos difíceis em união. Isso tudo faz com que a atração romântica se torne muito mais intensa.
Olha só que bizarro: pessoas apaixonadas passam mais de 85% do tempo em que estão acordadas pensando no ser amado. Esse tipo de pensamento obsessivo pode ter relação com os baixos níveis de serotonina no cérebro.
Que atire a primeira caixa de bombons em formato de coração quem nunca teve a vontade absurda de ficar ao lado da pessoa amada até o fim dos tempos. Essa dependência do ser amado, que inclui sentimentos como ciúme, possessão e medo de rejeição, é bastante comum quando nos apaixonamos.
Essa sensação de posse tem a ver também com as regiões cerebrais relacionadas ao vício em substâncias como a cocaína.
Quando amamos alguém, é absolutamente normal esperarmos que o relacionamento dure para sempre e, justamente por isso, nos pegamos sonhando acordados com esse tipo de cenário. De acordo com a neurocientista Lucy Brown, esse desejo é tão presente na mente humana quanto a necessidade de tomar água e de outras coisas que garantem a nossa sobrevivência.
Quando olhamos para o rosto da pessoa amada e pensamos em coisas positivas, nosso cérebro fica ativado em áreas bem específicas responsáveis por motivação subjacente, reconhecimento de recompensa e euforia. Isso coloca a sensação de amor romântico no mesmo patamar dos nossos instintos de sobrevivência, como os que nos fazem sentir fome e sede.
“Acredito que o amor romântico é uma parte da estratégia de reprodução humana. Isso nos ajuda a formar laços em pares, o que nos faz sobreviver. Nós fomos formados para experimentar a mágica do amor e para sermos direcionados em direção uns aos outros”, explicou Brown.