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23/05/2019 às 05:00•3 min de leitura
É provável que você já tenha ouvido aquela máxima de que “a dose faz o veneno”. Trata-se quase de um mantra da toxicologia, afinal. Em outra palavras, não apenas aquelas substâncias notoriamente tóxicas podem fazê-lo abotoar o paletó, mas também alguns alimentos bastante comuns.
Quão comuns? Bem, com algumas centenas de bananas, por exemplo, você pode acabar com uma overdose de potássio — encomendando uma morte semelhante à de alguns criminosos condenados à morte. O mesmo vale também para a cafeína (é possível ter bem mais do que insônia e taquicardia, acredite).
“E a água?”, perguntaria um incrédulo. Pois é, também. Ingerir uma quantidade razoável de água certamente é recomendável, mas doses muito elevadas certamente acabam por afetar o equilíbrio osmótico do seu organismo. Enfim, sem mais, confira os limites dessas e de outras substâncias inócuas que podem complicar a sua vida em caso de exageros (conforme relacionado pelo site Gizmodo).
47 colheres de chá representam, em média, o limite que um ser humano pode ingerir do chamado “sal de cozinha” antes de começar a ter problemas. O sal é formado principalmente por cloreto de sódio, um eletrólito de suma importância na regulação osmótica entre as células e o fluido intersticial (líquido que banha as células).
Dessa forma, caso exista muito sódio no fluido intersticial, a água é forçada para fora das células, a fim de recuperar o equilíbrio. Em quantidades muito altas, a célula passará a encolher cada vez mais, causando diversos problemas de ordem neurológica, tais como apatia e fraqueza, embora também possa causar ataques epiléticos e até coma. Isso explica por que é possível morrer de sede no mar — há muito mais sal ali do que o seu corpo poderia aguentar.
O excesso de água no organismo pode matar por um motivo análogo (embora inverso) ao do excesso de sal. Basicamente, algo em torno de 8 litros e meio de água é o que o seu corpo tolera antes que a falta de sódio no líquido intersticial (veja acima) faça as células inflarem feito balões.
Em casos de exagero, as células cerebrais podem ser as primeiras a ter problemas — já que a falta de espaço para a expansão pode causar danos cerebrais irreversíveis, possivelmente fatais.
Ok, talvez não seja algo assim tão comum encontrar alguém suficientemente “inspirado” para deliberadamente ingerir quantidades absurdas de água unicamente para testar os limites do próprio corpo (embora, acredite, isso já tenha acontecido).
Em vez disso, o problema de excesso de água no organismo é mais comum em atletas envolvidos em atividades de resistência — ou em usuários de certas drogas ilícitas —, os quais normalmente ingerem grandes quantidades de líquido, a fim de compensar a água perdida no suor.
Sim, são muitas, mas muitas bananas mesmo. Esse limite surge de uma conta bastante simples. Uma banana típica contém, em média, 450 miligramas de potássio, o que faz dessa fruta uma excelente fonte para obtenção do eletrólito — cuja ação é semelhante à do sódio (confira acima), no que se refere ao equilíbrio hídrico.
Mas o potássio também é de suma importância para a contração muscular e para os impulsos nervosos. De fato, virtualmente qualquer tecido no corpo humano é dotado dos chamados “canais de potássio”.
Não obstante, assim como o sal de cozinha e a água, o potássio também possui uma dose letal. No caso, seria necessária a ingestão de 635 gramas do elemento — o equivalente a quantidade encontrada em um total de 480 bananas. Entretanto, caso o potássio seja administrado diretamente na veia, o seu efeito acaba potencializado. Não por acaso, o cloreto de potássio é o último elemento químico administrado em injeções letais, ocasionando uma parada súbita dos batimentos cardíacos.
Aquele aviso para manter o creme dental fora do alcance de crianças pequenas e de animais não está ali por acaso. Embora em pequenas doses o “fluoreto” contido no produto não cause danos — e também ajude a prevenir contra o aparecimento de cáries —, doses elevadas podem causar sérios problemas.
Não obstante, 45 tubos de pasta de dentes de 90 gramas são, obviamente, muita coisa. E ainda há uma boa notícia: em todos os casos analisados até hoje, a superdosagem não deixou sequelas visíveis — embora, vá lá, é melhor não arriscar.
Sim, mesmo aquele cafezinho que o faz se arrastar da cama todas as manhãs pode ser letal se ingerido em doses muito altas. Naturalmente, isso se deve à ação da cafeína. Em grandes quantidades, essa substância estimulante acaba por causar inquietação, insônia, ansiedade, problemas no estômago e aceleração dos batimentos cardíacos.
Em casos extremos, entretanto, o excesso de cafeína acaba por estimular em excesso o sistema nervoso — e daí se pode ir a arritmias (batimentos irregulares) a ataques epiléticos. É verdade que essa superdosagem acaba sendo um tanto rara apenas com o café. Não obstante, com a miríade de bebidas estimulantes baseadas em cafeína que há por aí, esse limite acaba um tanto menos hipotético.