Tudo o que você queria saber sobre a circuncisão masculina

05/08/2019 às 13:294 min de leitura

A prática da circuncisão masculina é datada de mais de 15 mil anos atrás e, embora sua origem exata não possa ser determinada com certeza, acabou se espalhando por diversas culturas e ganhando seguidores por motivos étnicos, religiosos e médicos. Hoje, a intervenção cirúrgica é comum em todo o mundo e até existem estudos científicos ressaltando seus benefícios, mas também há quem considere o procedimento cruel, doloroso e desnecessário.

Enquanto as razões religiosas dificilmente costumam ser discutidas, o uso da circuncisão por razões de saúde é algo que continua sendo debatido fervorosamente. Uma declaração recente da Academia Americana de Pediatras (AAP) afirmou que os benefícios da prática em recém-nascidos superam os riscos envolvidos, mas também não são grandes o bastante para que a atitude seja recomendada para todos os casos.

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Para jovens e adultos, a circuncisão pode ser recomendada como tratamento da fimose – condição em que o homem não consegue retrair a pele do pênis – ou para facilitar a cura de infecções no órgão. Já no caso de bebês, a indicação é que os pais conversem com seus médicos a respeito dos benefícios e riscos antes de tomarem qualquer decisão.

Quando, como e por quê

A circuncisão normalmente é realizada pelos médicos no primeiro ou segundo dia após o nascimento de meninos, mas no caso dos judeus o hábito é esperar até o oitavo dia de vida das crianças. O procedimento se torna mais complicado e arriscado com o passar do tempo, especialmente no caso de adolescentes e adultos.

A ideia da intervenção é basicamente separar o prepúcio da glande e então remover a pele solta que cobre a “cabeça” do pênis. Isso pode ser feito tanto por meio de cirurgia quanto pela interrupção da circulação de sangue na região, o que faz com que a pele sobressalente morra e caia por conta própria. No primeiro caso, o procedimento costuma levar entre 5 e 10 minutos em recém-nascidos e cerca de uma hora em adultos, e a ferida se cura dentro de uma semana.

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É preciso ressaltar, no entanto, que o prepúcio não é apenas um pedaço comum de pele e tem em seu interior uma membrana mucosa semelhante à encontrada na pálpebra dos nossos olhos. Normalmente, as pessoas tendem a associar esse tecido a infecções sexualmente transmissíveis por causa da umidade originada na região e da grande presença de células imunológicas que costumam se tornar alvos do vírus da AIDS.

Prós e contras

Os estudos já realizados a respeito da circuncisão costumam indicar que o procedimento resulta em uma série de benefícios de saúde, como a redução dos riscos de infecções no trato urinário e a diminuição das chances de aquisição de doenças sexualmente transmissíveis pelos homens. A remoção do prepúcio também ajuda a prevenir o câncer peniano e reduz o risco de câncer cervical nas parceiras sexuais de homens circuncidados.

Além disso, o procedimento também ajuda a prevenir inflamações da glande e do próprio prepúcio, conhecidas como balanite e balanopostite, e serve como tratamento contra a fimose e a parafimose (quando a pele não volta para sua posição original). No entanto, vale ressaltar que a higiene adequada do pênis também pode prevenir infecções e inchaços e que o uso de preservativos protege contra as DSTs mesmo em quem não foi circuncidado.

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Por outro lado, a circuncisão também conta com seus próprios riscos, que vão além da simples dor e da possibilidade de hemorragia e infecção da região recém-operada. Outros problemas incluem irritações na glande, aumento da probabilidade de inflamações na abertura que leva à uretra e a diminuição da proteção do pênis contra ferimentos. Além disso, há quem compare a prática à mutilação genital sem consentimento quando realizada em recém-nascidos.

Somando-se a isso, o fato da presença do prepúcio diminuir a necessidade por lubrificação artificial durante relações sexuais leva algumas pessoas a acreditar que homens circuncidados sintam menos prazer no ato. A crença, no entanto, nunca foi comprovada por estudos científicos e aqueles que passaram pelo procedimento afirmam aproveitar o sexo tanto quanto quaisquer outros.

Bônus

A seguir, você também pode conferir algumas curiosidades adicionais a respeito da circuncisão:

  • O registro histórico mais antigo conhecido de uma circuncisão foi encontrado em uma tumba e menciona a realização do procedimento no antigo Egito, em 2400 antes de Cristo. O procedimento era realizado como um marco da transição da infância para idade adulta e contava com a aplicação de óleos especiais com prováveis efeitos anticépticos;
  • Os gregos consideravam a prática dos egípcios como algo bizarro. No século IV, Heródoto escreveu que os vizinhos do outro lado do Mediterrâneo “praticam a circuncisão em prol da limpeza, considerando ser melhor estar limpo de que ser decente”;
  • Em 1870, um professor norte-americano de cirurgia ortopédica publicou um artigo contando um caso de um garoto de 5 anos cujos joelhos estavam flexionados e paralisado, impedindo-o de andar. O médico reparou que o prepúcio do menino havia ficado contraído, causando grandes dores a ele. Depois de realizar a circuncisão, o menino voltou a andar em menos de duas semanas;

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  • A maioria das circuncisões é feita com o uso de um entre três ferramentas específicas: a braçadeira Mogen, a Gomco e o Plastibell. Embora todos envolvam a interrupção da circulação para facilitar a remoção da pele, cada um deles costuma deixar marcas distintas. A Gomco, por exemplo, pode originar uma fina cicatriz marrom na glande;
  • Durante os anos finais, aliás, a comunidade médica passou por um “boom” de cirurgias genitais, com alegações de que a circuncisão poderia tratar desde febres infantis até envenenamento por bronze. Na época, a remoção dos ovários das mulheres também era vista como uma “cura contra histeria”;
  • Estudos norte-americanos indicam que o aumento de casos de circuncisão nos EUA pode ser parcialmente devido a pressões sociais e busca por “status”, já que a prática passou a ser vista como a escolha que os “bons pais” fariam por seus filhos. Com o passar do tempo, não ser circuncidado também passou a ser considerado algo incomum e estranho no país;
  • As camadas de tecido que costumam cobrir o clitóris são, na verdade, análogas femininas ao prepúcio masculino, evoluindo a partir das mesmas células embrionárias. A remoção dessa pele, no entanto, não apresenta benefícios para as mulheres e é considerada apenas como uma forma de mutilação genital.

E você, acha que a circuncisão traz mais benefícios do que riscos? Acredita que a opção de passar ou não pelo procedimento não deve ficar a encargo dos pais? Sabe de mais alguma informação relevante não mencionada neste texto sobre o tema? Deixe sua contribuição nos comentários.

*Publicado em 19/6/2015

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