Estilo de vida
30/04/2018 às 03:00•3 min de leitura
Se tem uma coisa que eu descobri fazendo terapia foi que terapia deveria ser um serviço disponível para todas as pessoas do mundo, sem exceção. Tendemos a imaginar consultórios de terapeutas como salas exclusivas para pessoas com graves doenças mentais, mas, na verdade, qualquer pessoa, com ou sem traumas, com ou sem doenças mentais, vai sair ganhando se fizer terapia, ainda que “apenas” por uma questão de autoconhecimento mesmo.
Conhecer a si mesmo é uma tarefa muito mais complexa do que se pode imaginar, e, se você tem vontade de descobrir o que está por trás de alguns dos seus traços de comportamento, não tenha medo: faça terapia. Antes, procure um profissional que se encaixe com o método mais confortável para você (terapia cognitivo-comportamental, análise junguiana, psicoterapia analítica, terapia de apoio etc) e se aventure pelas suas dores e delícias sem medo.
Se a dúvida é o que esperar do primeiro encontro com a quase mística figura do terapeuta, siga os passos abaixo, que foram elencados por Marissa Miller, em uma publicação do The Huffington Post. Ela basicamente revelou o que você pode esperar da sua primeira consulta:
Falar é fundamental.
Assim como em um primeiro encontro, a primeira sessão de terapia exige que você se apresente, que fale sobre sua vida, seus familiares, sua infância, seu momento atual, seus relacionamentos sociais e amorosos e, basicamente, sobre o que vier à sua cabeça.
Para que o terapeuta faça o trabalho árduo de analisar a sua personalidade e, a partir daí, sugerir exercícios para que você melhore em alguns aspectos, esse profissional vai precisar conhecer você muito bem. Falar é o que você vai mais fazer enquanto fizer terapia, mas também não se preocupe muito em “ensaiar” discursos – você pode até saber sobre qual assunto vai falar, mas, na hora de abrir a boca, tudo vai fluir natural e espontaneamente.
Muitas pessoas não se sentem confortáveis nessa posição, obviamente. Se esse for o seu caso, alguns exercícios de respiração podem ajudar. Além do mais, você pode esperar o tempo que for preciso antes de começar a falar e também não é obrigatório falar sobre alguns assuntos.
Você disse Freud?
Pergunte ao seu terapeuta qual é a linha que ele segue e, dentro disso, questione quais são os métodos usados por ele com seus pacientes. Se você vai à terapia para resolver um transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), por exemplo, talvez o melhor seja a linha cognitivo-comportamental; agora, se você está em busca de um conhecimento profundo a respeito de si mesmo, a análise junguiana, que é a que eu faço (beijo, Rita!), é uma escolha maravilhosa.
Tenha sempre em mente que a terapia não é um milagre, e vai demorar um pouco até que você comece a perceber as mudanças práticas que esse tipo de exercício vai ter em sua vida, mas, uma vez que isso aconteça, é realmente libertador.
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Acontece. Eu, por exemplo, conheci dois outros terapeutas antes de encontrar a Rita, que é a terapeuta com quem tive mais conexão – ou transferência, em termos psicológicos. Se de repente você não gostou do ou da terapeuta que conheceu, dê mais uma chance, vá a mais uma sessão e, se a falta de “química” persistir, procure outro profissional.
O que realmente não é recomendado é que você passe meses fazendo terapia com alguém de quem nem gosta. Não faz sentido e os efeitos serão bem menores e demorarão mais para serem vistos, não tenha dúvidas.
Prepare o bolso.
Essa é a parte chata da terapia – na minha opinião, a única. Óbvio que estamos falando de um serviço e que, uma vez que ele seja feito por um profissional qualificado, nada mais justo que haja um preço a se pagar. O “problema” para algumas pessoas é que às vezes a terapia precisa ser feita em uma frequência maior – uma vez por semana, por exemplo –, e aí pagar o preço de uma sessão particular pode não caber em seu orçamento.
Se esse for o caso, converse com seu terapeuta e veja se há uma forma de resolver o problema – diminuir o número de sessões, por exemplo. Independente de qual seja a situação e a solução, é fundamental que seu terapeuta tenha consciência da sua situação financeira, caso a coisa esteja ficando insustentável. Se você tem plano de saúde, pode verificar se há profissionais que atendem por meio dele. Outra opção é buscar atendimentos gratuitos em instituições de ensino que têm o curso de Psicologia em sua grade.
Relaxe!
A gente até comparou a conversa com o terapeuta com a conversa de um primeiro encontro, mas a comparação para por aí. Com o terapeuta, não há motivo para nervosismo: esse profissional está analisando você, sim, mas não está fazendo julgamentos. A análise psicológica vai muito além de “certo” e “errado”, de “bom” ou “mau” e de qualquer outro aspecto que possa deixar você com receio ou desconforto.
Não há motivos para que você se sinta pressionado. Lembre-se disso, beba um pouco de água, respire fundo, ouça sua música favorita, faça algo que deixe você mais relaxado e pense: muitas pessoas gostariam de estar em seu lugar, e fazer terapia é um processo incrível pelo qual toda pessoa deveria passar pelo menos uma vez na vida. Se você está tendo essa chance, aproveite-a.
*Publicado em 19/07/2016