Artes/cultura
07/08/2012 às 08:03•3 min de leitura
Uma foto de Wimbledon de cerca de 1930, a roupa dos jogadores é quase um terno, tão elegantes!
Neste fim de semana, quem acompanhou os jogos de Londres teve o prazer de apreciar as finais do Tênis e os modelitos dos atletas de ponta desse esporte. Sem nunca abandonar a elegância, ao longo da história os uniformes para prática dessa modalidade mudaram muito, passando da alfaiataria do início do século aos tecidos tecnológicos de agora, porém, principalmente sobre o corpo de físico definido das mulheres, eles são inquestionavelmente sexy e ao mesmo tempo chiques.
Além da elegância inerente a este esporte mais alguns fatos do passado o aproximam da moda e justificam seu ouro. Vamos a eles então:
Rod Laver
Rod Laver
Podemos dizer que nós nos encontramos na era de ouro do tênis, mas nem um dos três destaques do momento Federer, Nadal ou Djocovic conseguiu superar as conquistas de Rod Laver, o único homem a conquistar o Golden Slam (vencendo todos os Grand Slams, torneios mais importantes do circuito mundial, e o ouro olímpico) duas vezes. Hoje com 73 anos, o australiano foi o número 1 do mundo entre 1964 e 1970, e possui o recorde de maior número de títulos individuais na história do esporte: 200 no total. Mas apesar de seu armário de troféus estar reluzente, o seu estilo dentro e fora das quadras era tudo menos ostentoso. Um dos primeiros a adotar o mantra “menos é mais”, ele sempre pareceu perfeitamente vestido de acordo, mas com roupas mais simples e clássicas: camisas polo lisas e shorts de alfaiataria. O impacto de uma estética combinada e modesta é tamanho que os tênis da Adidas em colaboração com a Lanvin em 1970, permanece um dos modelos mais vendidos até hoje, quarenta anos depois, inalterados pelas tendências ou pela tecnologia. Com uma história como esta, Laver será sempre valorizado como jogador de tênis, mas como um ícone de estilo, ele merecia ser mais conhecido.
Rod Laver jogando e o sapato “Rod Laver” da Adidas
A saia de tênis
A tenista Gussie Moran usando a saia por volta de 1949
Muito mais do que um vestuário popular na quadra, a saia de tênis é na verdade uma peça básica no guarda roupa de muito mais mulheres além das jogadoras de tênis. Criadas em 1887, quando uma competidora de Wimbledon, Lottie Dodd, cortou a sua saia na panturrilha, detalhe: décadas antes de Paul Poiret e Coco Chanel a fazerem. Dodd fez isso para facilitar seus movimentos, mas foi uma das primeiras vezes em que uma mulher usou saias mais curtas publicamente. A peça se desenvolveu mais quando Helen Wills, uma grande jogadora de sucesso adicionou pregas na saia cerca de 30 anos mais tarde. E as características da saia de tênis se estabeleceram então: comprimento entre a metade da perna e o joelho com pregas, solta ou boxy. Rapidamente adotada por designers de moda que a usaram constantemente ao longo do último século em um aspecto ou outro, elas ganharam experimentos em diferentes padronagens e tecidos gerando peças irreconhecíveis se comparadas as originais.
Moschino Cheap and Chic outono/inverno 2011, Hermes primavera/verão 2010 e
Stella McCartney primavera/verão 2012 com várias versões da saia
Lacoste
René Lacoste em seu look clássico para as quadras
René Lacoste era um excelente tenista (número 1 do mundo em 1926 e 1927), mas ele era um empreendedor ainda melhor. Em 1963 ele revolucionou o equipamento de tênis ao patentear a primeira raquete de aço tubular, e depois seu segundo e maior feito foi criar a marca que leva seu nome. Fundada em 1933, era um joint venture entre Lacoste e André Gillier, na época a maior manufatura de malhas da França. As camisas e suéteres eram todos no estilo suave do jogador em quadra, com o logo da empresa, um crocodilo verde, que era o apelido de Lacoste no esporte. As peças preppy logo se expandiram para o golf e vela, e a marca poderia facilmente continuar dentro do vestuário esportivo como a Nike e a Adidas. No entanto, seguindo o caminho da alta moda a Lacoste chegou a um status mais elevado, apresentado coleções nas prestigiadas passarelas de Paris com designers como Christophe Lemaire criando peças atléticas e elegantes. O atual diretor criativo da marca, Felipe Oliveira Baptista, realmente adotou a herança francesa e esportiva da marca, experimentando com o conceito original do tricô e apresentando looks que são tanto urbanos como modernos, mas com uma elegância inegável.
Coleções de primavera/verão e outono/inverno 2012 da Lacoste
As irmãs Williams
Venus e Serena Williams com o ouro do duplas em Londres
Maria Sharapova pode ser atualmente a atleta mais bem paga no mundo, e Caroline Wozniacki e Anna Kournikova (ainda que ela não jogue mais) os ícones das quadras, mas quando o assunto são as tenistas, não há como ser mais memorável do que Venus e Serena Williams. E, na manhã desse sábado, Serena deu mais um gostinho de sua grandeza se tornando a primeira mulher a conquistar o tão sonhado Golden Slam com o ouro olímpico, e depois ao lado da irmã ganhou mais um ouro na categoria de duplas... E que dupla! Fora o talento no esporte as duas chamam a atenção com suas roupas que injetam um nível de ostentação ao tênis que ninguém poderia prever. Em 1949 Gussy Moran causou furor quando o seu vestido curto deixou a mostra sua calcinha de babados enquanto ela jogava – uma gota no oceano se comparada às roupas que as irmãs Williams usam em quadra – calcinhas nude, minissaias jeans, trench coats encolhidos, macacões ajustados - e tudo isso somado às joias de ouro. Em graciosas jogadoras louras geralmente associadas ao tênis, este visual poderia ser uma caricatura, já nas fortes e Amazonas irmãs Williams é ousado, despretensioso e interessante.
Serena (à direita e no centro) e Venus em seu vestuário esportivo incomum
Fonte: Farfetch por Hollie Moat