Artes/cultura
05/08/2013 às 07:34•2 min de leitura
Há algum tempo cientistas tentam produzir em laboratório um substituto artificial para a carne, e um dos maiores desafios é o de conseguir um produto final que apresente o mesmo sabor, aparência e textura da original. Os esforços nesse sentido refletem uma séria preocupação com o futuro, já que existem inúmeros alertas sobre uma eminente crise mundial, que afetará o abastecimento de alimentos no planeta.
Contudo, tudo parece indicar que os experimentos relacionados à criação de alimentos em laboratório estão avançando, pois, de acordo com o The Verge, pesquisadores da Universidade de Maastrich, dos Países Baixos, apresentaram o primeiro hambúrguer “cultivado” em laboratório a partir de células-tronco durante uma degustação pública em Londres.
O produto — de aproximadamente 140 gramas — está composto por 20 mil filamentos de proteína, obtidos a partir da cultura de células-tronco de bovinos, e a sua elaboração demorou três meses para ser finalizada. Este é o resultado de cinco anos de estudos financiados — em grande parte — por Sergey Brin, um dos fundadores da Google.
Fonte da imagem: Reprodução/The Verge
O hambúrguer artificial foi degustado por dois voluntários — a pesquisadora austríaca Hanni Rutzler e o crítico culinário norte-americano Josh Schonwald —, que descreveram o sabor como muito próximo ao da carne natural e com consistência perfeita, mas pouco suculento, devido à falta de gordura na formulação. Os degustadores também reclamaram da falta de sal e pimenta, e os pesquisadores pretendem adicionar células de gordura na próxima receita.
No entanto, apesar de todos esses avanços, os pesquisadores preveem que ainda vai demorar um bom tempo até que a carne sintética chegue aos mercados. Um dos problemas ainda é o alto custo de produção que, no caso do hambúrguer degustado, foi estimado em US$ 325 mil (cerca de R$ 740 mil), isso sem contar a aceitação do público com relação aos alimentos criados em laboratório e o baixo volume de fabricação atual.
Fonte da imagem: Reprodução/El Mundo
Uma vez o custo de produção seja reduzido, a carne sintética deverá passar por todos os controles que regulamentam os produtos alimentícios, e ser declarada apta para o consumo. De qualquer forma, os pesquisadores estão convencidos de que os alimentos desenvolvidos em laboratório podem ajudar a minimizar a eminente crise — ambiental e na agricultura — prevista por diversos especialistas.
Segundo o El Mundo, conforme explicaram os pesquisadores, existem inúmeras vantagens ecológicas nesse tipo de carne, já que a indústria pecuária é responsável por 20% das emissões de gases de efeito estufa no planeta, ultrapassando, inclusive, as emissões do setor de transporte. Os cientistas também mencionaram uma projeção das Nações Unidas, que prevê que até 2050 a demanda de carne no mundo deve dobrar.
Apesar de estar baseada em células obtidas a partir de tecidos animais, a produção em laboratório exige apenas 1% do espaço e 4% da água que a produção tradicional precisa, além de empregar 45% menos energia, resultar em uma redução na emissão de gases em 96% e dispensar o sacrifício de animais.