Estilo de vida
14/03/2019 às 03:00•5 min de leitura
O boom da construção imobiliária na China também criou centenas de cidades fantasmas, algumas das quais permanecem novas e quase não possuem habitantes. Apesar da imensidade e de todo o aparato tecnológico de alguns lugares, muitas vezes a infraestrutura permanece intocada pelas mãos humanas.
Já no caso de Beichuan, a região se tornou um verdadeiro museu a céu aberto com intuito de relembrar o terrível terremoto que matou mais de 90 mil pessoas. Na lista abaixo, você confere os 10 locais mais bizarros, onde não vai ou mora ninguém.
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Em 2003, os representantes governamentais de Ordos decidiram planejar um distrito domiciliar capaz de abrigar 1 milhão de pessoas. Graças a um investimento financeiro de US$ 161 bilhões (mais de R$ 476 bilhões), em 2010 a “Dubai do Norte da China” saiu do papel com suporte para 300 mil indivíduos. Entretanto, o local só possui de 20 a 30 mil residentes.
O lugar não é uma cidade fantasma devido a problemas financeiros, mas sim porque o governo não consegue convencer as pessoas para se mudarem para lá. Todavia, mesmo estando quase deserta, ela possui a maior renda per-capita da China, perdendo apenas para Shanghai.
A área ao redor de Ordos possui uma das seis maiores reservas de carvão do país e um terço das conservas de gás – algo tão importante quanto ouro na economia chinesa. Logo, a ideia era construir um lugar que crescesse junto com a economia local. Um fato engraçado é que o projeto acabou dando certo, visto que todas as casas e escritórios foram vendidos no novo distrito, embora não sejam utilizados.
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Ainda que pareça estranho que os cidadãos não se mudem para a nova Kangabashi, um dos motivos é a distância de 25 km que ela possui do antiga. Como ambas ficam muito longe, os trabalhadores das reservas de carvão acabam ficando relutantes com a migração.
Mas há uma boa razão para que os distritos sejam afastados: a antiga região de Ordos possui um sério problema de falta d’água enquanto a nova está muito mais próxima das nascentes, bem como da cidade mineradora de Yulin. Agora, o difícil é convencer os chineses locais a se mudarem de vez para Kangabashi.
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Nós já falamos desse shopping center gigantesco que mais parece uma cidade fantasma, mas é sempre bom lembrar do desperdício que ele acabou se tornando. Com 659,612 metros quadrados, o local deveria receber pelo menos 100 mil visitantes ao dia – algo que nunca aconteceu.
No momento, apenas 20% das lojas do lugar estão abertas e grande parte das pessoas que vão até lá nem são compradores, e sim jornalistas e curiosos. Algumas das atrações do shopping incluem réplicas do “mini centro” de San Francisco, do Arco do Triunfo, de algumas áreas de Las Vegas e até mesmo dos canais venezianos.
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As razões para o fracasso de um centro de compras tão imponente seriam a localização desprivilegiada, a pouca experiência e o planejamento dos empreendedores e a falta de clientes endinheirados, visto que grande parte da população de Dogguan – lugar onde o shopping foi construído – é de operários.
Na última década, houve um grande boom de construções feitas na região de Kunming. Durante essa fase, diversas terras agrícolas foram dizimadas para dar lugar a uma nova metrópole localizada a 20 km do sul-sudeste do centro da cidade. Portanto, não demorou muito para que os responsáveis decidissem modernizar a área, assim como tinham feito em Kangabashi.
A região foi construída para abrigar centros educacionais, governamentais e logísticos, exibições e indústrias emergentes. Hoje em dia, Chenggong está em fase de expansão, sendo que o centro de Kunming fica a apenas 20 minutos de distância do local.
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Além disso, diversas linhas de trem e de ônibus estão sendo construídas para facilitar a vida de seus – poucos – habitantes. Porém, mesmo com construções magníficas e grandes investimentos por parte do governo, a maioria das casas continua vazia.
Se as outras cidades gigantescas da China que estão desabitadas esbanjam luxo, Beichuan é muito diferente. A área rural localizada a aproximadamente 143 km do norte da província da capital de Chengdu foi palco de um terrível terremoto, que ocorreu no dia 12 de maio de 2008. Medindo 7,9 na escala Richer, o sismo devastou a região e reduziu a província de Sichuan a uma enorme pilha de escombros e concreto.
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Mais de 90 mil pessoas morreram no terremoto, entre eles 8,6 mil moradores de Beichuan – quase a metade da população do município. Entre as vítimas, estavam 1,3 mil crianças que foram soterradas quando uma escola desabou.
Após o sismo devastar a cidade, o governo foi incumbido com a tarefa de limpar tudo e fornecer abrigo para aqueles que perderam seus lares no desastre. Com 80% dos prédios derrubados, a tarefa se tornou um grande desafio. Além disso, a situação se agravou ainda mais, visto que as ruínas estavam cobertas por infinitas camadas de lama.
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Enfim, os políticos decidiram que Beichuan nunca seria reconstruída ou escavada, mas sim permaneceria como estava, transformando-se em um memorial da catástrofe. Atualmente, o município parece estar congelado no tempo, preservado da mesma maneira que desmoronou – exceto pelas estruturas de apoio que foram construídas para permitir que os visitantes explorem o local de forma segura.
Embora pareça ter saído de um filme, essa vila localizada no distrito de Zhangmutou, na província de Guangdong, existe e permanece inteiramente vazia. Pelas imagens, é possível perceber que as construções de luxo se encontram em total abandono e o matagal toma conta da maioria das habitações.
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Com 3 mil vilas, um hotel cinco estrelas, resort de luxo, campo de golfe, museus, templos, duas universidades, centros de entretenimento e diversas áreas em desenvolvimento, a única coisa que falta no município de Jing Jin são pessoas.
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O projeto de construção da metrópole foi iniciado em 2002, a partir de uma parceria entre o governo local e a Hopson Development – uma das maiores construtoras chinesas. Quatro anos depois, o conselho estadual aprovou o lugar considerando-o uma das 11 cidades-satélites mais importantes do país, por ser uma região que fornece lazer e que fica próxima de Beijing e Tianjin.
Em entrevista concedida ao South China Morning Post, um representante da Hopson informou que o município ainda está em desenvolvimento. Segundo ele, muitos dos proprietários são executivos ricos que raramente possuem tempo de visitar seus lares. “O projeto leva tempo”, defendeu Zhao Yuting, gerente regional da companhia.
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Entretanto, os especialistas apontam que nessas “novas cidades”, a infraestrutura e as oportunidades econômicas são deixadas de lado em relação ao ritmo acelerado de desenvolvimento das propriedades, o que torna difícil atrair mais residentes. Resultado: lojas vazias, ruas abandonadas, casas desabrigas e muito dinheiro desperdiçado.
Depois de ser um campo de plantação de milho durante muitas décadas, a Florentia Village ganhou uma repaginada total e adotou canais inspirados na cidade que lhe empresta o nome, domicílios que seguem a estética italiana e até mesmo um shopping center na forma de um coliseu.
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No total, o projeto de construção custou US$ 220 milhões (mais de R$ 653 milhões), que foram financiados por uma mineradora. Pelas imagens, dá para ver que o design do local ficou perfeito, mas o número de habitantes ainda é escasso.
Em 2007, os chineses decidiram criar sua própria Paris. Tianducheng foi pensada para abrigar 100 mil pessoas, mas acabou se tornando mais uma cidade fantasma. Mesmo com uma Torre Eiffel de 108 metros, prédios em estilo europeu e uma cópia fiel dos jardins do Palácio de Versalhes, ainda assim, o lugar não conseguiu atrair mais de 2 mil habitantes.
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Como os chineses gostam de criar réplicas, não demorou muito tempo para que Londres fosse adaptada. Em 2006, Thames Town foi erguida com casas no estilo Tudor, um rio Thames e diversas igrejas no modelo gótico. Óbvio que o custo de vida de uma cidade tão imponente não seria barato, o que acabou afastando os habitantes e manteve a cópia de Londres vazia.
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Situada a pouco mais de 32 km do nordeste do centro de Beijing, as ruínas de um parque de diversão ficaram perdidas em meio a vastos campos de milho. A construção do local foi interrompida em 1998, devido a desentendimentos entre os fazendeiros e o governo chinês.
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Em 2008, a construtora tentou retomar o projeto, mas não foi bem-sucedida. Atualmente, o lugar atrai crianças e fotógrafos corajosos, que encontram pelo caminho sinais de aviso de segurança por todas as partes. As imagens acima, feitas por David Gray e postadas no The Atlantic, demonstram como seria se a Disneylândia fosse inteiramente abandonada.