Estilo de vida
28/10/2013 às 10:46•4 min de leitura
Você já deve ter lido algo sobre a lenda mitológica de Rômulo e Remo. Os gêmeos, fruto da união de Reia e do deus Marte, foram aprisionados por inimigos do casal e jogados no Rio Tibre em uma cesta, que foi parar nas margens do local, onde uma loba os encontrou. O animal, então, cuidou das crianças por um tempo, amamentando-as até que elas foram encontradas pelo pastor Fáustulo.
O mito é muito famoso, mas você sabia que, na vida real, muitas crianças já foram parar na selva e acabaram sendo criadas por animais?
Um caso bem conhecido é da britânica Marina Chapman, que foi sequestrada quando morava na Colômbia com os seus pais e deixada na floresta à mercê da própria sorte. Ela passou a conviver com um grupo de macacos, que a ajudou a sobreviver. Confira abaixo a história de Marina e outras cinco crianças que passaram por essas experiências.
Marina nos dias atuais Fonte da imagem: Reprodução/Fiboni
Depois de passar por maus bocados na vida, a britânica Marina Chapman sempre teve uma ótima história para contar a fim de fazer as suas duas filhas dormirem: ela falava sobre como foi crescer na selva. Mas nada disso é conto de fadas, pois a mulher realmente passou por essa situação.
Em 1954, quando tinha cinco anos de idade, Marina vivia na Colômbia com os seus pais e foi sequestrada. Os seus sequestradores receberam o resgate, mas, de forma covarde, deixaram a menina abandonada na floresta em vez de devolvê-la aos seus familiares. No meio da selva, a pequena garota foi acolhida por um grupo de macacos-prego e, como um instinto de sobrevivência, passou a copiá-los na forma de se alimentar e agir, além de inclusive imitar a linguagem deles.
Assim, ela conseguiu sobreviver e viver com os macacos por cinco anos, até que foi encontrada por caçadores. Mas essa ainda não era a salvação de Marina, pois ela foi vendida por eles para um bordel, de onde conseguiu escapar tempos depois para viver nas ruas. A história da menina que foi criada por macacos está no livro autobiográfico “The Girl With No Name” (A Menina Sem Nome, em tradução livre), que está disponível no Brasil, porém ainda sem versão traduzida para o português.
Fonte da imagem: Reprodução/Daily Mail
Em junho de 2012, alguns assistentes sociais da Rússia descobriram uma criança de dois anos de idade que era mantida trancada em um quarto com cabras por sua mãe. O menino brincava e dormia com as cabras, porém a alimentação era extremamente precária e difícil. Afinal, o menino e os animais estavam dentro de um cômodo fechado, sujo e frio.
Por essa razão, quando a criança foi encontrada — com uma taxa de desnutrição extrema —, ela pesava um terço a menos do que um indivíduo normal de sua idade. Sasha não sabia nem ao menos balbuciar alguma palavra e agia como as cabras com as quais vivia.
No momento de seu resgate, a sua mãe havia desaparecido e os assistentes sociais o levaram imediatamente ao hospital para tratar o seu quadro alimentar. Os médicos têm tentado adaptar o menino para a vida com os humanos, porém estão tendo dificuldades.
Natalya Simonina, uma das especialistas que estava nesse processo, disse: "Ele se recusou a dormir no berço. Ele tentou ficar embaixo dele e dormir lá. Ele tem muito medo de adultos e tentou quebrar tudo o que via, como janelas e móveis. Ele não sabe falar ou segurar uma colher e não tinha ideia do que fazer com os brinquedos, nem sequer tentar brincar com eles".
Natasha dias depois de seu resgate Fonte da imagem: Reprodução/The Telegraph
Em 2009, os assistentes sociais e de bem-estar de uma cidade da região siberiana, também na Rússia, encontraram em um apartamento sem aquecimento uma menina de cinco anos de idade, que passaram a chamar de "Natasha".
Embora tecnicamente ela vivesse com seu pai e outros parentes, Natasha sempre foi tratada como um dos muitos cães e gatos que compartilhavam o espaço. Como seus companheiros peludos, Natasha “fuçava” as comidas deixadas em tigelas no chão.
Ela mal sabia as palavras da linguagem humana e só se comunicava com assobios e latidos. O pai de Natasha já estava bem longe quando a menina foi resgatada e colocada sob cuidados em um orfanato. Apesar de desnutrida e pequena para a sua idade, a menina estava relativamente bem de saúde.
Fonte da imagem: Shutterstock
Em 2008, a polícia argentina descobriu um menino abandonado de um ano de idade cercado por oito gatos selvagens. Os gatos, supostamente, mantiveram o menino vivo durante as noites geladas de inverno, aninhando-se em cima dele para aquecê-lo. O pequeno garotinho também foi visto comendo restos de comida, que foram provavelmente empilhados pelos seus companheiros animais.
A policial Alicia Lorena foi quem descobriu a criança perto de um canal e disse: "Eu estava caminhando e notei um bando de gatos sentados, todos muito juntos. Não é comum ver tantos assim. Então fui olhar mais de perto e vi o menino deitado no fundo de uma sarjeta. Todos os gatos estavam em cima dele, lambendo a criança, porque ele estava muito sujo”.
O menino é filho de um sem-teto, que foi encontrado e afirmou que o “perdeu” enquanto catava objetos para vender.
Axel Rivas: o menino-cão Fonte da imagem: Reprodução/International Business Times
Um garoto chileno de 10 anos de idade foi encontrado em 2001, quando vivia em uma caverna com uma matilha de cães por dois anos. O menino já tinha uma vida difícil antes dessa “aventura” selvagem, pois já havia sobrevivido a uma infância difícil e instável, tendo sido abandonado por seus pais e, em seguida, fugido de casas de cuidados infantis.
Quando se viu finalmente sozinho, aos oito anos, o menino buscou refúgio em uma matilha de cães, que o ajudou a procurar comida e até mesmo o protegeu. As autoridades disseram que o menino, depois identificado como Axel Rivas, pode até mesmo ter sido alimentado com o leite de uma das fêmeas da matilha. Quando foi encontrado, ele não falava, estava agressivo e depressivo.
As meninas-lobo Fonte da imagem: Reprodução/Art
Um dos casos mais bem documentados de crianças criadas por animais selvagens é o de Kamala e Amala, mais conhecidas como as "meninas-lobo". Descobertas em 1920 nas selvas do Godamuri, na Índia, as meninas — com idades entre três e sete anos — viviam com uma loba e seu bando.
Não se sabe se as garotas eram da mesma família, mas o homem (um reverendo) que as encontrou as levou para seu orfanato, tentando adaptá-las aos costumes humanos. Apesar de elas terem feito alguns progressos ao longo dos anos, ambas adoeceram com males fatais, deixando o reverendo a se perguntar se foi realmente certo ele retirar as meninas do meio em que viviam.