Ciência
04/09/2015 às 12:04•2 min de leitura
Por mais que você não se ligue muito para o mundo fashion — e não dê a mínima para o que está rolando nas passarelas de Paris, Milão e Nova York —, é difícil ignorar a influência da moda em nossas vidas. E não pense que a alta costura foi inventada por algum designer talentoso decidido a ganhar muita fama e dinheiro vendendo roupas refinadas! O responsável pelo surgimento dessa indústria monstruosa foi ninguém menos que o Rei Luís XIV da França.
De acordo com Kimberly Chrisman-Campbell, do portal The Atlantic, antes de o Rei Sol ser coroado em 1643, os nobres da Europa se inspiravam nos modelitos — rigorosos, severos e quase sempre feitos com pesados tecidos pretos — usados pela corte espanhola. Assim, o comum era que a aristocracia europeia importasse boa parte de seu guarda-roupa do país ibérico, incluindo os ricaços franceses.
Acontece que Luís XIV provavelmente tinha excelente faro para os negócios — sem falar que o monarca devia achar muito sem graça ver todo mundo vestido de preto constantemente —, pois ele convocou seu Ministro das Finanças, Jean-Baptiste Colbert, para uma conversinha sobre indumentárias.
Aconselhado pelo político, o rei proibiu a importação de tecidos estrangeiros e estabeleceu uma gigantesca indústria têxtil no país para suprir as necessidades da população mais abastada. Além disso, Luís XIV e Colbert determinaram que novos modelos de roupas fossem criados duas vezes ao ano com tecidos inéditos.
Assim, os costureiros que atendiam à nobreza passaram a apresentar uma coleção de roupas no inverno e outra no verão — sem se esquecer de incluir acessórios como leques, capas, sombrinhas, casacos etc. entre os itens.
O rei decretou ainda que os nobres que desejassem visitá-lo no Palácio de Versailles deveriam se vestir apenas com modelos da última moda, e teve a ideia de financiar a produção de catálogos que apresentavam as novas coleções. Dessa forma, a aristocracia francesa e do resto da Europa podia selecionar os itens que desejava comprar.
Com todas essas estratégias, Luís XIV e Colbert não só conseguiram fazer com que o dinheiro dos ricaços franceses circulasse dentro de seu próprio país, como atraíram investimento estrangeiro. Além disso, ao final de seu reinado, um terço dos trabalhadores de Paris estava empregado nas fábricas de tecidos e ateliês, e não demorou até que outros países europeus seguissem o exemplo e começassem a gerar receitas com a indústria da moda também.
O mais interessante é que a França continua na vanguarda do mundo fashion, e muitas das iniciativas propostas por Luís XIV e Jean-Baptiste Colbert lá no século 17 evoluíram com o passar dos anos e continuam por aí. Assim, se você pensar bem, esse é o caso dos badalados desfiles (que, de certa forma, remetem aos “desfiles” dos nobres por Versailles), das revistas de moda e das criações mirabolantes que os designers apresentam todos os anos em suas coleções de primavera/verão e outono/inverno.