Caçadores da Máfia: saiba um pouco mais sobre a rotina desses policiais

16/04/2017 às 03:003 min de leitura

A máfia surgiu por volta do século 19 na Sicília — ilha italiana comandada por uma longa linhagem de invasores estrangeiros —, quando a população começou a se unir em grupos para se defender de novos conquistadores e fazer justiça própria.

E o termo “mafioso” não tinha a conotação negativa de hoje em dia. O que aconteceu foi que, com o tempo, os grupos começaram a agir como pequenos exércitos e extorquir dinheiro em troca de proteção, e suas ações foram se tornando cada vez mais violentas. Com isso, a polícia foi obrigada a entrar em cena para combater a cosa nostra — e os conflitos entre “mocinhos e bandidos” tiveram início.

Por sorte, a máfia siciliana não tem mais o mesmo poder de 20 anos atrás, e os integrantes das famiglias sabem que não podem matar como antigamente. No entanto, as atividades das facções ainda são um grande problema para as autoridades, já que o sistema passou a funcionar baseado em uma rede de interesses que envolve a política, as finanças e a própria estrutura da sociedade siciliana.

Os Catturandi

Existe um código de conduta a ser seguido pelos membros das diferentes famiglias, e um deles envolve guardar sigilo absoluto sobre as atividades das facções. Isso significa que, para que os chefões e demais integrantes sejam capturados, a polícia deve empreender verdadeiras caçadas aos mafiosos. E, para isso, as autoridades italianas contam com a ajuda de uma unidade conhecida pelo nome de Catturandi — que tem origem na palavra capturar.

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De acordo com a BBC, que conversou com um corajoso integrante desse esquadrão de elite, por conta da natureza das operações, os — menos de 20 — policiais que fazem parte da unidade são homens sem nome ou rosto e que atuam como verdadeiros caçadores, ficando à espreita e rastreando suas presas até que o momento propício para a captura se apresente.

Assim, atualmente, as identidades dos integrantes da Catturandi são mantidas em segredo, e eles conduzem as operações usando balaclavas para garantir que seus rostos não serão reconhecidos. As razões de tanta prudência são óbvias, mas os cuidados são relativamente recentes. Nos anos 90, por exemplo, antes que se guardasse sigilo sobre quem eram os policiais da unidade, era comum que os integrantes recebessem ameaças diretas e pouco sutis.

Profissão de risco

Os “recados” eram dados por meio do envio de cabeças decepadas de animais ou de fotos das placas dos carros marcadas com cruzes vermelhas às casas dos policiais — e quem vacilasse podia morrer mesmo! Com um panorama desses, poucos italianos se arriscavam a ingressar na Catturandi, principalmente pelos riscos envolvidos.

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Além disso, uma vez na unidade, muitos amigos e conhecidos passavam a evitar os integrantes do esquadrão — e ainda existiam aqueles que viam a profissão como uma afronta. Portanto, não é à toa que muitos homens não resistiram à pressão e abandonaram a tropa. No caso do oficial ouvido pela BBC, seus familiares acreditavam que ele trabalhava na divisão de passaportes da polícia italiana.

Com o passar dos anos, o risco de ser “apagado” pela máfia caiu bastante, e hoje os policiais que integram a Catturandi acompanham os criminosos de perto — por meio de escutas e outras artimanhas — durante anos e anos antes de finalmente os prender. Segundo contou um desses homens à BBC, os oficiais se transformam em uma espécie de sombra dos mafiosos e inclusive chegam a ter a sensação de que, de certa forma, passam a fazer parte de suas vidas.

Laços estranhos

Um dos alvos da unidade foi um médico de Palermo que contribuía com a máfia, e toda a equipe acabou aprendendo muito enquanto mantinha escutas em sua residência. Os policiais revelaram que era como ouvir um programa de rádio educativo, e que todos se sentiam fascinados com o conhecimento, os modos e a criatividade do homem — e confessaram que, apesar das provas contra o suspeito, era difícil acreditar que ele, na verdade, era criminoso.

undefinedGiovanni Brusca

Outro mafioso, o famoso Giovanni Brusca, também conhecido como “O Porco”, chorou como criança quando foi preso — o que parece um pouco ridículo, considerando alguns dos crimes que ele cometeu. Brusca foi responsável por um atentado no início da década de 90 que resultou na explosão de uma estrada que acabou com a morte do juiz italiano que liderava a guerra contra a máfia na época.

Além disso, Brusca sequestrou e torturou o filho de 11 anos de idade de outro mafioso até a morte porque o homem o havia traído. Como se fosse pouco, o Porco ordenou que o corpo do menino fosse completamente dissolvido com ácido para que a família não pudesse enterrar o cadáver.

undefinedMatteo Messina Denaro, no início da década de 90

No entanto, apesar da natureza fria e cruel de alguns desses homens, o oficial da Catturandi contou que as semanas após as prisões são bem estranhas. Afinal, após meses — e até anos — fazendo parte da intimidade dos criminosos, o contato diário, ainda que remoto, acaba de repente e, por mais bizarro que pareça, sua ausência afeta os policiais psicologicamente, e eles inclusive chegam a sentir saudades dos delinquentes.

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undefinedSimulação da possível aparência atual de Matteo Messina Denaro

Atualmente, o homem mais procurado pelas autoridades italianas é Matteo Messina Denaro, também conhecido como “Diabolik” — nome emprestado de um ladrão dos quadrinhos que jamais foi capturado. Denaro, o homem que aparece na imagem acima, é o chefão dos chefões da máfia siciliana e, desde 1993, é caçado pela polícia. As autoridades acreditam que ele provavelmente fugiu da Itália e suspeitam que ele esteja vivendo na América do Sul.

*Publicado em 19/1/2016

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