4 falcatruas escandalosas que foram expostas ao longo da História

22/09/2017 às 03:004 min de leitura

Infelizmente, não é sempre que os pilantras são pegos por suas falcatruas. No entanto, não é ótimo quando a justiça prevalece e os envolvidos em embustes graves acabam sendo punidos publicamente por seus atos? Patrick J. Kiger, do portal How Stuff Works, publicou um interessante artigo com uma série de casos desse tipo, e nós aqui do Mega Curioso selecionamos alguns para você conferir. Veja:

1 – O Estudo da Sífilis de Tuskegee

Entre 1932 e 1972, o Serviço Público de Saúde dos EUA, em parceria com o Instituto Tuskegee, no Alabama, conduziu um experimento que, no mínimo, pode ser descrito como hediondo. Ele envolveu a participação de 600 voluntários negros; desses, 399 homens foram diagnosticados com sífilis, uma doença sexualmente transmissível que, se não tratada, pode provocar demência, paralisia e cegueira, bem como danos cardíacos, aos ossos, órgãos e até a morte.

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Pois os médicos não informaram aos infectados que eles estavam doentes e simplesmente documentaram o progresso da doença e a forma como ela destruía seus corpos. Estima-se que entre 28 e 100 participantes tenham morrido de sífilis ao longo do experimento, mas esse número pode ser muito maior, já que muitos podem ter infectado outras pessoas sem saber.

O pior é que, mesmo depois de medicamentos como a penicilina serem criados — e ela é eficaz no tratamento da sífilis—, os pesquisadores não administraram as drogas nos doentes e continuaram documentando o progresso da enfermidade. Isso até que, em meados da década de 60, um assistente social do Governo dos EUA se deparou com relatórios sobre o experimento e começou a questionar a ética do estudo.

Por fim, após vários anos de evasivas, esse funcionário resolveu reunir provas sobre os experimentos e entregá-las à imprensa. Foi só depois de causar a revolta da opinião pública que o Serviço Público de Saúde suspendeu a pesquisa — e, mais tarde, uma batalha judicial rendeu às famílias dos sobreviventes uma indenização de US$ 10 milhões e o direito à assistência médica vitalícia.

2 – A dúvida sobre os efeitos prejudiciais do tabaco

Na década de 50, uma pesquisa divulgada em uma prestigiosa publicação médica revelou que havia uma forte relação entre o tabagismo e o surgimento de câncer de pulmão. O trabalho foi apresentado pelo epidemiologista Ernst Wynder e, evidentemente, não agradou nada aos fabricantes de cigarros — e seis deles decidiram se unir, não para comprovar que o tabaco podia ser prejudicial, mas para “enrolar” a população sobre os possíveis efeitos.

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Assim, em 1954, os gigantes da indústria do cigarro fundaram o Conselho para a Pesquisa do Tabaco e publicaram anúncios em 400 jornais alegando que médicos e cientistas de renome estavam questionando o estudo de Wynder. Além disso, as publicações alegavam que os fabricantes acreditavam que o cigarro não tinha efeitos prejudiciais à saúde e se ofereciam para auxiliar nas pesquisas no que fosse possível.

No entanto, os cientistas que trabalhavam para a indústria do tabaco na época já sabiam da relação entre o vício do cigarro e o surgimento de diversos tipos de câncer, mas preferiram se calar sobre a questão. Na verdade, o que a indústria fez foi abalar a credibilidade de pesquisas médicas que evidenciavam os problemas ocasionados pelo tabaco, e tudo isso sem assumir ou negar que o cigarro podia causar doenças graves.

Por sorte, os procuradores gerais de 46 Estados norte-americanos moveram uma ação gigantesca contra a indústria do cigarro e, em 1998, as companhias concordaram em pagar US$ 10 bilhões anuais — por tempo indeterminado — para remediar os danos de sua “enrolação” sobre as consequências do vício.

3 – O Caso Watergate

Você já deve ter ouvido falar do Caso Watergate, mas você sabe o que foi isso? Tudo ocorreu em 1972, depois que cinco pessoas foram presas no complexo Watergate, em Washington, acusadas de invadir a sede do Comitê Nacional Democrata durante a campanha eleitoral. Os delinquentes foram pegos tentando fazer cópias de documentos e instalar escutas telefônicas — aparentemente a mando do (Republicano) Richard Nixon, o então Presidente dos EUA.

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Pouco tempo depois, investigações oficiais conduzidas pelo FBI revelaram que a invasão fazia parte de um enorme esquema de sabotagem e espionagem política comandado por Nixon — que se reelegeu com uma vantagem esmagadora sobre o candidato democrata.

As evidências eram muitas, mas, em um primeiro momento, Nixon negou que tivesse qualquer envolvimento com o esquema. Só que o fato de ele se recusar a entregar gravações secretas de reuniões que haviam acontecido na Casa Branca não ajudou muito para limpar a barra do Presidente, e ele inclusive chegou a demitir o promotor escolhido por sua própria administração para lidar com a questão internamente — o que levantou ainda mais suspeitas.

Pressionado, Nixon acabou entregando uma fita crucial às autoridades — mas com 18 minutos de conversas apagados do material. Assim, em 1974, depois de a Câmara dos Representantes dos EUA apresentarem um pedido de Impeachment contra o Presidente, ele renunciou ao cargo. Quem assumiu o posto foi o vice, Gerard Ford, que assinou um documento que isentava Nixon de qualquer culpa para evitar que ele fosse enviado à prisão.

4 – O Ford Pinto

Caso você nunca tenha ouvido falar do Ford Pinto, ele foi um carrinho de pequeno porte produzido entre 1971 e 1980 nos EUA. O modelo se tornou bastante popular e milhões de unidades foram vendidas, só que a fabricante sabia que havia um grave problema de segurança com veículo e, em vez de lançar um recall, ficou bem quietinha.

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Mais precisamente, o depósito de combustível do Ford Pinto ficava posicionado atrás do eixo traseiro, fazendo com que o carro se incendiasse e explodisse com muita facilidade em caso de colisão. Além disso, a carroceria do veículo não era lá muito resistente e, quando a traseira era atingida em acidentes, o automóvel se deformava bloqueando as portas, podendo prender os ocupantes no interior de um carro potencialmente em chamas.

A Ford teria que gastar míseros US$ 11 por carro para dar um jeito no problema, mas a direção da fabricante concluiu que, em vez de tornar os automóveis mais seguros, ela gastaria menos dinheiro se pagasse indenizações aos proprietários dos veículos que virassem bolas de fogo. Entretanto, para o seu azar, um repórter investigativo chamado Mark Dowie resolveu vasculhar entre as montanhas de documentos da Ford no Departamento dos Transportes dos EUA.

Dowie encontrou o memorando no qual a Ford compara o custo de solucionar os problemas de segurança do carro contra valor das possíveis indenizações. Nesse documento a fabricante revela que os processos movidos por vítimas de queimaduras custariam US$ 70 milhões a menos do que realizar as modificações necessárias nos automóveis. É claro que a questão foi exposta e o modelo deixou de ser produzido.  

*Publicado em 22/01/2016

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