Ciência
28/04/2015 às 12:41•2 min de leitura
Você deve estar acompanhando as notícias a respeito do fuzilamento na Indonésia de nove prisioneiros, dos quais um era o brasileiro Rodrigo Gularte, condenado por tráfico de drogas em 2005. O caso de Gularte gerou uma enorme comoção e muita polêmica e, infelizmente, os apelos desesperados de amigos e familiares não salvaram o paranaense da morte. No entanto, você sabe como exatamente ocorrem as execuções por fuzilamento?
Na Indonésia, as execuções de condenados ocorrem em Nusa Kambangan, uma ilha localizada na província de Java Central onde foi construída uma prisão de segurança máxima na década de 20 a mando do governo colonial da Holanda. As autoridades devem anunciar a execução com no mínimo 72 horas de antecedência, e uma vez notificados, os prisioneiros são levados para celas de isolamento. No caso de estrangeiros, os governos também são informados.
Então, uma hora antes da execução, equipes compostas por 12 policiais especializados se apresentam na prisão. Elas tomam suas posições — entre cinco e 10 metros de distância do local no qual cada condenado será posicionado — e preparam seus fuzis M16.
Entretanto, um comandante — que não participará da execução — carrega todas as armas com apenas uma bala, e somente três dos fuzis recebem munição de verdade, e essa prática serve para evitar que o policial que disparou o tiro letal seja identificado. Além disso, todos os prisioneiros devem ser executados simultaneamente, mas por diferentes pelotões de fuzilamento.
Os prisioneiros são levados até um local aberto da prisão, onde as mãos e os pés são amarrados. Então, eles são colocados diante de postes individuais e podem escolher se preferem permanecer sentados, ajoelhados ou de pé no momento da execução. Os condenados ainda podem usar uma venda nos olhos se desejarem.
Depois, o comandante faz uma marca nas roupas dos condenados na altura do coração, e eles têm direito a passar três minutos ao lado de um conselheiro religioso se quiserem. Em seguida, o comandante saca uma espada, e abaixa a arma, os pelotões abrem fogo. Sempre há um médico presente durante as execuções e, caso ele constate que algum dos condenados sobreviveu, então um soldado deve atirar na cabeça do réu com uma pistola.
De acordo com um policial que fez parte de outros pelotões de fuzilamento na Indonésia, puxar o gatilho é a parte mais fácil da execução. Segundo disse, além dos 12 oficiais que farão os disparos, existe um segundo grupo que fica encarregado de conduzir e preparar os condenados, e esses sim ficam com a pior parte do trabalho.
Afinal, são eles os responsáveis por acompanhar os condenados e amarrar seus braços e pés — e esses momentos finais, nos quais inevitavelmente ocorre uma aproximação, o toque humano, um último olhar antes da morte, é brutalmente íntimo e assustador.
Por outro lado, segundo os policiais que disparam os tiros, suas tarefas envolvem ficar em posição, empunhar seus fuzis e puxar o gatilho. Uma vez isso é feito, eles aguardam cerca de 10 minutos, e se o médico presente constata que todos os condenados faleceram, a execução é dada por finalizada. Curiosamente, os policiais que disparam os tiros recebem até US$ 100 a mais do que os outros por suas tarefas.
Mais tarde, os oficiais que participam dos fuzilamentos recebem assistência psicológica e espiritual durante três dias, e existe um limite máximo de execuções das quais eles podem participar. Com respeito aos executados, seus corpos são transportados até um local onde são lavados e tratados de acordo com suas tradições religiosas.
A pena de morte na Indonésia somente é executada por fuzilamento, sendo aplicada em casos de assassinatos ou outros crimes que resultem em morte, envolvimento com terrorismo, roubo, tráfico ou posse de drogas, espionagem, crimes militares e de guerra, traição nacional e corrupção.