Conheça a origem dos termos “esquerda” e “direita” na política

18/09/2018 às 06:003 min de leitura

Se hoje ouvimos pessoas falando em “coxinhas” e “petralhas”, sabemos facilmente que o primeiro apelido é voltado para quem é de direita e o segundo, para a galera da esquerda, ainda que ele faça menção a um partido político específico.

O fato é que estamos acostumados com essa divisão linguística e ideológica em termos de política. Sabemos que a esquerda representa, por definição, os interesses das classes social e economicamente mais baixas; enquanto a direita busca manter os interesses das classes superiores ou dominantes, também em aspectos econômicos e sociais.

O que muita gente não sabe, na verdade, é que os termos “esquerda” e “direita”, com conotação política, surgiram durante a Revolução Francesa, em 1789. Na ocasião, extremistas jacobinos se sentaram à esquerda e os liberais girondinos se sentaram à direita, no salão da Assembleia Nacional Constituinte – a elite literalmente não quis “se misturar” com a burguesia.

Diferenças de reivindicações

undefinedSeparados na Assembleia.

Nessa reunião, quem estava à direita reivindicava uma revolução liberal, com o fim dos privilégios da nobreza e do clero e a garantia do direito à igualdade perante a lei – a classe da direita passou a representar o lado conservador, tradicional e que pretendia manter o poder da elite e buscar medidas de gerar bem-estar individual. Já quem estava à esquerda também reivindicava o fim dos privilégios, mas eles eram favoráveis à luta pelos direitos dos trabalhadores e dos mais pobres, assim como à noção do bem-estar coletivo.

Atualmente, de acordo com o filósofo político Boberto Bobbio, em declaração publicada no Geledés, o lado esquerdo da política busca promover reformas que afetem questões de justiça social; e o lado da direita defende medidas que afetem a liberdade individual. Vale ressaltar, no entanto, que, na prática, essas definições não são aplicadas apenas dentro desses moldes.

A política do século 21 é muito mais diversificada do que as categorias “esquerda” e “direita”, com partidos políticos de cada lado defendendo interesses que se intercalam, no final das contas. Quando falamos na polarização da política no Brasil, precisamos considerar também a Ditadura Militar, que foi um período bastante separatista nesse sentido: quem era a favor do poder militar era da direita, e quem pregava um regime socialista, de esquerda.

Mais referências e influências

undefinedMarx.

Em termos literários, os adeptos de cada lado costumam citar alguns autores cujas obras refletem ideais políticos. No caso da direita, Donoso Cortez e Charles Maurras servem de grande referência; já quem se considera de esquerda costuma apoiar as ideias defendidas por Mikhail Bakunin e Karl Marx, por exemplo. Vale lembrar que movimentos literários, intelectuais e filosóficos sempre estiveram diretamente ligados com a política.

Ainda falando na França, temos o exemplo dos filósofos Jean-Paul Sartre e Albert Camus, que começaram suas trajetórias filosóficas defendendo ideais políticos semelhantes, mas romperam a amizade e a parceria filosófica e literária a partir do momento em que Sartre se posicionou a favor do uso da violência na revolução, argumentando que ela seria fruto da própria sociedade opressora. Camus, por outro lado, acreditava que nada justificaria qualquer reação violenta, mesmo que em contextos de luta revolucionária.

No Brasil

undefinedVocê tem um lado?

Atualmente, dentro da direita brasileira, temos os partidos conservadores, democratas-cristãos, liberais e nacionalistas. Já na polêmica extrema direita, temos fascistas e nazistas. A esquerda, por sua vez, é composta de social-democratas, progressistas, socialistas democráticos e ambientalistas; e do lado extremo da esquerda, que também existe, há movimentos que propõem a igualdade, mas de forma autoritária.

Entre a esquerda e a direita, como logicamente se imagina, há a posição de centro, que não deixa de apoiar o capitalismo, mas que também se preocupa com assuntos de cunho social. A origem do centro, em termos políticos, vem da Roma Antiga e da citação “in mediun itos”, que significa “a verdade está no meio”.

Na prática, assuntos relacionados à legalização do abordo, da maconha e do casamento civil igualitário, além da implementação do sistema cotas e de programas assistenciais do Governo, são defendidos pela esquerda. Já a direita costuma se posicionar contra mudanças legislativas que abordem esses assuntos, uma vez que defende o livre mercado e a manutenção da família tradicional.

Começar a conhecer essas diferenças ideológicas é fundamental antes de se posicionar politicamente e, claro, antes de ir às urnas e às ruas, em tempos de manifestações. Além de ouvir as propostas de cada candidato, é preciso ter o interesse cidadão de se informar a respeito do posicionamento partidário de cada legenda. Você já fez isso? Conte para a gente nos comentários!

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