Estilo de vida
21/03/2014 às 09:13•6 min de leitura
Com seus costumes milenares e tradições exóticas, o Japão é uma terra cujos hábitos causam tanto choque quanto deslumbramento para as nossas mentes ocidentais. O mesmo país das gueixas, samurais e ninjas também deu origem a alguns dos comerciais de TV mais esquisitos de todos os tempos e a algumas manias jovens simplesmente bizarras.
O fato é que, mesmo com seu tamanho pequeno, as ilhas que constituem a Terra do Sol Nascente guardam uma rica cultura que, de uma forma ou de outra, influencia todos os cantos do mundo. No Brasil, a presença dos hábitos japoneses se espalhou sutilmente, sendo mais visível em locais como o Bairro da Liberdade em São Paulo. Hoje, o território brasileiro abriga a segunda maior comunidade nipônica do mundo, perdendo apenas para o próprio Japão.
Por esse mesmo motivo, o país oriental é lar para centenas de milhares de brasileiros, o que só faz aumentar nosso interesse por essas terras. Vamos, então, embarcar em uma viagem para conhecer um pouco mais da história, vida e cultura do interessante mundo nipônico. Obviamente, é impossível falar de todos os aspectos curiosos desse rico povo, mas reunimos a seguir alguns dos elementos que nos permitem entender um pouco mais dos seus hábitos.
Fonte da imagem: Reprodução/Asiatics Lovers
O Japão traz em sua história um exemplo de como é possível dar uma reviravolta drástica na situação de um país. Para se ter uma ideia, basta levar em consideração que a Terra do Sol Nascente passou boa parte de sua história fechada para o comércio com o resto do mundo e com uma espécie de governo feudal, o xogunato (também escrito shogunato).
Foi somente após a abertura comercial dos portos japoneses em 1854 e o reestabelecimento do poder centralizado do imperador em 1868 que o país deu início a um período de desenvolvimento econômico e militar, que também levou a práticas expansionistas que o colocaram em conflitos com muitos países, especialmente a China e a Rússia (ou a União Soviética).
Após os bombardeios nucleares em Hiroshima e Nagasaki e o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, o Japão deu início à criação de uma constituição pacifista, que enfatizou práticas democráticas liberais. Desde então, a Terra do Sol Nascente passou por períodos de recuperação e reafirmação, com um amplo crescimento que o levou a hoje ser a terceira maior economia do mundo e um dos países mais avançados tecnologicamente.
Fonte da imagem: Reprodução/National Geographic Kids
O território japonês é constituído por mais de 6.800 ilhas distintas, sendo as principais a de Hokkaido, Honshu (onde está a capital nacional, Tóquio), Shikoku e Kyushu. Com uma população de mais de 127 milhões de habitantes espalhada por uma área de cerca de 377 mil quilômetros quadrados, o Japão se configura como a 30º nação com maior densidade populacional do mundo, com cerca de 337 pessoas por quilômetro quadrado.
O clima na Terra do Sol Nascente apresenta uma forte diferença entre as quatro estações por conta das influências das massas de ar frias vindas da Sibéria no inverno e as quentes que vêm do Pacífico no verão. Tufões são comuns entre agosto e setembro. Além das variações ao longo do ano, as regiões japonesas também têm variações de temperatura, sendo o Norte a área mais gelada, o Centro ainda um pouco frio e o Sul com tempo mais ameno.
Por ter mais de 70% do seu território coberto por florestas e terreno montanhoso, as planícies costeiras são as áreas mais povoadas do país. O fato de o arquipélago estar situado no Círculo de Fogo do Pacífico faz com que ele tenha mais do que 200 vulcões, 80 dos quais ainda são considerados ativos – incluindo o famoso monte Fuji. Além disso, o posicionamento do território nipônico o torna propício a terremotos, registrando em média 1.500 abalos por ano.
Fonte da imagem: Reprodução/Lugares Fantásticos
Mesmo com todas as dificuldades climáticas e territoriais, o Japão se constituiu como um país próspero, com uma das maiores expectativas de vida e uma grande população de idosos – chegando ao impressionante total de mais de 50 mil pessoas acima dos 100 anos de idade. Ainda assim, os japoneses estão entre os povos com as maiores taxas de suicídio do mundo, sendo a principal causa de morte para os homens nipônicos entre os 20 e os 44 anos.
Famosos por suas regras rígidas de etiqueta, os japoneses possuem o hábito de se apresentarem primeiro pelo seu sobrenome e depois por seu nome próprio, sendo comum se referir a alguém pelo seu sobrenome enquanto não se adquire intimidade. Além disso, costuma-se acrescentar sufixos respeitosos como “san”, “kun” e “sama” na hora de se referir a outra pessoa. Usar o primeiro nome de uma pessoa, especialmente se for omitido o sufixo, é algo reservado para os amigos mais próximos e familiares.
Ao se entrar na casa de um japonês, é comum se deparar com uma elevação de cerca de 15 cm no piso, o que serve de indicação para a necessidade de trocar seus sapatos por um calçado mais apropriado para uso em ambientes fechados. Quando há um piso de tatame, uma elevação adicional de até 5 cm indica o ponto em que é preciso ficar sem calçado algum. Algo curioso para uma cultura tão recatada é o fato do fazer barulho ao comer macarrão ser considerado algo elogioso para os cozinheiros.
Fonte da imagem: Reprodução/First Ladies
A alimentação no Japão se transformou muito ao longo dos últimos séculos por conta das várias mudanças políticas e sociais de que falamos acima. A culinária tradicional japonesa tem grandes influências das culturas coreanas e chinesas, mas ela também recebeu alguns aspectos indianos e dos países mais ocidentais.
Um café da manhã comum na Terra do SolNnascente inclui arroz cozido no vapor, sopa de miso, chá verde e uma variedade de pratos adicionais, que podem incluir um mingau de arroz chamado nanakusa-gayu, omeletes enrolados conhecidos como tamagoyaki e o famoso tofu. Além disso, também é possível iniciar o seu dia nipônico comendo ovos, presunto, enguia grelhada, picles, salada, algas secas e natto, como é chamada a soja fermentada.
Os almoços costumam ser compostos por tigelas com vários tipos de macarrão ou arroz, conhecidas como donburi, acompanhadas de peixes, carne ou vegetais. Já na janta, a variedade de alimentos disponíveis é simplesmente enorme, com bolinhos de carne de porco chamados nikuman e frituras e grelhas de carne, aves e peixes de todo tipo, com nomes exóticos como teppanyaki, tonkatsu e yakitori. Obviamente, itens famosos como sushi, tempura e arroz frito não ficam de fora.
Fonte da imagem: Reprodução/Vontade de Viajar
A cultura japonesa vai muito além dos modos e da comida, obviamente. Ao longo do ano, o país é pontilhado por uma série de festivais e comemorações distintas, algumas das quais chegam a ser reproduzidas pelas comunidades nipônicas aqui no Brasil. Exemplo de uma das maiores festas do Japão que são reproduzidas por estas bandas é o Tanabata Matsuri (o “Festival das Estrelas”), que acontece sempre nas proximidades do dia 7 de julho.
O Tanabata tem origem em uma lenda japonesa na qual uma princesa chamada Orihime, filha de um deus poderoso, se apaixonou por um plebeu. O pai permitiu a união dos dois, mas, ao notar que eles não cumpriam suas obrigações, os condenou a ficar um de cada lado da Via Láctea. Os amantes só poderão se encontrar no sétimo dia do sétimo mês, mas apenas se realizarem os desejos feitos pelos humanos. Por isso, é hábito na época da festa escrever um pedido em um cartão colorido e prendê-lo a um bambu alto.
Há, no entanto, celebrações do Japão que não ganham sua reprodução no nosso país e, portanto, acabam soando bastante esquisitas para nós. É o caso do Hadaka Matsuri, que reúne milhares de homens vestidos apenas com um tecido – chamado fundoshi –, que cobre suas partes íntimas. A ideia é recolher itens sagrados em templos e santuários para atrair boa sorte.
Fonte da imagem: Reprodução/Perdida no Japão
E então, gostou de conhecer um pouco mais sobre essa terra tão diferente? Pronto para sua viagem para o outro lado do mundo? Deixe mais informações sobre o Japão nos comentários e ajude a mostrar as peculiaridades dessa rica cultura. Nos vemos na próxima parada!