Artes/cultura
10/04/2015 às 11:42•5 min de leitura
Quando pensamos em Mônaco, é impossível não associar o pequeno Principado aos seus cassinos, ao extravagante distrito de Monte Carlo, às praias badaladíssimas, ao glamour de sua população e ao Grande Prêmio de Fórmula 1. No entanto, esse minúsculo microestado é muito mais interessante do que parece, e nós aqui do Mega Curioso convidamos você para embarcar conosco nesta viagem de descobertas. Vamos lá?
Banhado pelo Mediterrâneo a leste, o microestado faz fronteira com a França ao norte, sul e oeste, e fica localizado próximo à Itália. Mônaco é o segundo menor Estado do planeta — vindo apenas depois da Cidade do Vaticano —, com uma área de 2,02 quilômetros quadrados, e sua população total soma pouco mais de 30 mil habitantes, sendo que 60% dela é composta por imigrantes. A maioria das pessoas que vivem no país são cidadãos franceses.
A capital de Mônaco é... Mônaco, e não Monte Carlo, e o idioma oficial é o francês, embora o italiano, o inglês e o monegasco também sejam usados. Mais de 90% da população é católica, e o Principado reúne a maior quantidade de milionários e bilionários per capta do planeta. Aliás, desde meados de 1870, os residentes não pagam imposto algum, e durante décadas o microestado se manteve graças à renda gerada por seus inúmeros — e famosos — cassinos.
Musée Oceanographique
Existem registros de que o território que hoje corresponde a Mônaco vem sendo ocupado desde a pré-história, quando serviu de refúgio para vários povos primitivos. Por volta do século 6 a.C., os fenícios que ocupavam a região da atual Marselha chegaram e fundaram ali uma colônia que, mais tarde foi dominada pelos gregos, que a batizaram de Monoikos, cujo nome deriva do deus grego Héracles — ou Hércules, como era chamado pelos romanos.
Depois o território foi dominado pelos romanos e por povos bárbaros — como os francos e os lombardos —, e por volta do século I Mônaco foi cristianizado. A região então passou para as mãos do Sacro Império Romano Germânico e, mais tarde, em 1191, o Imperador Henrique VI da Germânia concedeu ao povo que ocupava a região de Gênova o controle do território.
Em 1215, os italianos construíram ali uma fortaleza, e em 1297 o local passou a ser controlado pela família Grimaldi, ainda que sob a soberania de Gênova. Depois disso, a história do território se torna um pouco turbulenta... Mônaco foi anexado à França em1793 e, em 1815, posto sob a proteção do Reino da Sardenha. Em 1861, o território voltou para as mãos dos franceses, mas manteve sua independência.
Alguns anos depois, em 1918, por conta da Crise de Sucessão de Mônaco, um tratado firmado com a França ditou que caso a dinastia Grimaldi falhasse em prover um herdeiro para o trono monegasco, o principado voltaria a ser anexado à França.
Os Grimaldi, portanto, pertencem à família real europeia há mais tempo no poder, e até recentemente acreditava-se que se não existissem mais herdeiros para assumir o trono monegasco, o controle do país passaria para a França. Assim, em 2002, os dois países firmaram um novo acordo que garante que se essa situação algum dia se apresentar, Mônaco continuará sendo uma nação independente.
Le Rocher
Lembra que comentamos anteriormente sobre a fortaleza construída pelos italianos que, mais tarde, se tornou o “berço” da dinastia Grimaldi? Essa estrutura foi edificada no século 13 no topo de um rochedo que oferecia aos ocupantes uma posição estratégica sobre o mar. Conhecida pelo nome de Le Rocher, a fortificação é a única área de Mônaco que ainda mantém as ruazinhas estreitas da Idade Média — repletas de lojinhas de suvenires e vendedores de sorvete.
Hoje o Le Rocher abriga a residência privada da família real, que e é guardada pelos Carabiniers du Prince — integrantes da unidade militar que faz a defesa do Principado. No topo do rochedo também é possível visitar o Fort Antoine, um forte do século 18 que atualmente funciona como um teatro a céu aberto. Outro local interessante é o Musée Oceanographique, que possui três aquários e mais de 6 mil espécimes, além de manter coleções científicas que incluem as descobertas de Jacques Cousteau.
Fort Antoine
No entanto, a principal atração do rochedo — além da vista espetacular — é o Palais du Prince, cuja estrutura traz uma combinação de estilos arquitetônicos e guarda uma magnífica coleção de mobiliário, frescos do século 15 e obras de arte dos séculos 18 e 19 espalhados por salões deslumbrantes.
Outra atração imperdível é o Place du Casino, com seu átrio de mármore rodeado por 28 colunas em ônix que levam à Salle Garnier, um salão vermelho e dourado decorado com esculturas e frescos que compõem a Ópera de Mônaco. O complexo — que foi construído no século 19 —, também abriga o famoso Casino de Monte-Carlo, e para ter acesso às salas de jogos, é necessário ser maior de 18 anos, estar bem vestido e ter muito dinheiro. Veja alguns detalhes do interior:
Galeria 1
A Catedral de Mônaco, em estilo romano-bizantino, também merece uma visita, já que serve de local de sepultura dos antigos monarcas, incluindo a Princesa Grace Kelly e Príncipe Rainier. E para descontrair, uma atração muito visitada é o Jardin Exotique, onde é possível encontrar as maiores coleções de cactos e suculentas do mundo, cavernas, um verdadeiro labirinto de escadas, pontes e trilhas — e se deparar com vistas esplêndidas do Principado.
Se você é fã de Fórmula 1, então você deve saber que todos os anos no último fim de semana de maio ocorre o badalado Grand Prix de Mônaco. Conhecido como a única corrida dessa categoria que ocorre nas ruas de uma cidade, o circuito conta com 3.340 metros de extensão e vai do Boulevard Albert I com sentido à apertada curva de St Devote, seguindo pela Avenue d'Ostende até Massenet, passando pelo Place du Casino, pela curva Mirabeau e a icônica Fairmont Hairpin, a curva mais lenta da Fórmula 1.
Em realidade, as ruas estreitas e curvas sinuosas pelas quais o trajeto se distribui não são ideais para os carros de Fórmula 1, mas a corrida segue acontecendo no mesmo circuito por pura tradição, já que ele foi estabelecido no início do século 20. O GP é organizado pelo Automobile Club de Monaco e, devido à quantidade de pessoas que se reúnem durante o evento, não é muito fácil encontrar um bom lugar para assistir à corrida — a não ser que você pague bem caro por um.
Sala do Trono
Palais du Prince
Place du Casino