Ciência
17/04/2015 às 11:54•6 min de leitura
Não pense que as atrações do Nepal se limitam ao Himalaia, ao imponente Monte Everest ou ao mítico Yeti — também conhecido como “Abominável Homem das Neves”. Além de abrigar algumas das montanhas mais altas do mundo e desfiladeiros incrivelmente profundos, o país ainda serve de lar para uma enorme variedade de espécies de animais e uma paisagem e cultura incrivelmente diversa.
O Nepal conta com uma área total de 147.181 quilômetros quadrados — o que significa que ele é um pouco maior do que o Amapá —, e fica espremido entre a China e a Índia. Sua população é de aproximadamente 30,9 milhões de habitantes, dos quais 1,2 milhões vivem na capital, Kathmandu.
Além disso, existem 125 grupos étnicos e castas no país e, além do nepalês, muitos outros dialetos são falados por lá. Mais de 80% da população é hindu, mas as práticas religiosas variam do budismo tibetano ao xamanismo, incluindo os povos que adotam uma mistura de todas essas crenças e atividades.
O território do Nepal abriga de florestas subtropicais — habitadas por tigres e centenas de espécies de aves — a picos e montanhas vertiginosos (onde é possível tropeçar com leopardos-das-neves), assim como desfiladeiros de tirar o fôlego e vales deslumbrantes. A cultura do país é tão diversificada quanto a sua paisagem, compreendendo povos das mais variadas descendências que ocupam de vilarejos isolados a cidades repletas de templos e bares movimentados.
Leopardo-das-neves
O mais incrível é que essa diversidade toda foi se moldando em concordância com as próprias formas das paisagens — e ao fato de o Nepal jamais ter sido colonizado. Assim, estamos falando de em país com um profundo senso de orgulho étnico e uma forte ligação com suas tradições, e de um povo que traz entre suas características mais notáveis sua hospitalidade, independência, cortesia e tenacidade.
Praça Durbar
Muitos visitantes descrevem a experiência de desembarcar em Kathmandu como uma verdadeira explosão sensorial. Afinal, imagine se deparar com templos medievais, oficinas de artesãos, pessoas passeando em riquixás, ruazinhas transbordando de gente e tráfego caótico, tudo “temperado” com aromas de especiarias no ar. Um bom lugar para começar a explorar a capital é a Praça Durbar, local onde os reis da cidade eram coroados e de onde governavam.
A área toda foi designada como Patrimônio da Humanidade da UNESCO e, na verdade, compreende três praças que se conectam, e nelas existem diversos edifícios como templos e palácios. Um dos mais importantes é o complexo Hanuman Dhoka, que abriga o edifício que funcionou como antiga residência real do Nepal — e que atualmente é usado como museu.
Hanuman Dhoka
O Palácio Narayanhiti hoje também funciona como museu, e assim como Hanuman Dhoka, serviu de residência real até 2006, quando ocorreu a revolução que derrubou a monarquia no país. O complexo fica localizado no topo de Darbar Marg e é conhecido por um evento bem macabro: em 2001, o herdeiro do trono assassinou os pais e outras oito pessoas, e se suicidou em seguida. Alguns buracos de bala ainda são visíveis nas paredes do palácio.
De lá, os visitantes podem seguir para Swayambhunath, um complexo religioso também conhecido como “Templo do Macaco”, situado no topo de uma colina. Com uma infinidade de esculturas, o local exala misticismo — e aromas de incenso e velas de manteiga. Outro templo popular é o Kasthamandap, que fica em região histórica de Maru, possui um dos maiores e mais altos pagodes — ou torre — do Nepal.
Swayambhunath
Aliás, a principal atração do local é o santuário dourado Ashok Binayak, dedicado a Ganesh e muito visitado por aqueles que estão pestes a embarcar em alguma aventura como escaladas ou trilhas. Por último, a estupa — monumento com formas arredondadas que geralmente contém relíquias budistas — de Boudha, com seus olhos “que tudo veem”, fica a 11 quilômetros do centro da capital e se transformou em um local de peregrinação de muitos tibetanos que acabaram se estabelecendo em seus arredores.
Boudha
Saindo da loucura de Kathmandu, uma boa pedida é fazer uma parada em Patan para visitar seu impressionante museu. O edifício inteiro faz paste da lista de patrimônios da UNESCO e serviu como palácio dos antigos reis Malla e, além de hoje abrigar obras tradicionais de arte religiosa, todo o complexo é considerado como um tesouro nacional.
Bhaktapur
Bhaktapur é uma cidadezinha cujas casas e edifícios foram construídos com madeira e tijolos, e a localidade foi toda enfeitada com uma série de esculturas de pedra. O local é extraordinariamente bem preservado, e fica em um vale próximo a Kathmandu. Aliás, em Bhaktapur também ocorre o festival de Dasain — um dos mais famosos do país —, durante o qual dançarinos mascarados realizam rituais elaborados para homenagear a deusa Parvati.
Outro festival muito popular é o Maha Shivaratri, que ocorre no inverno e atrai centenas de milhares de devotos de Shiva até o Templo Pashupatinath, em Kathmandu. Voltando a Bhaktapur, mais um monumento belíssimo é o Templo Nyatapola, com cerca de 30 metros de altura.
Templo Nyatapola
O templo foi construído no século 18, e sua entrada — que é acessível através de uma escadaria — é flanqueada por uma série de esculturas que representam os guardiões do local. A estrutura é dedicada à sanguinária deusa Siddhi Lakshmi, e seu ícone é tão temido que apenas os sacerdotes do templo podem entrar no santuário onde ele é guardado.
Uma das atrações com maior importância histórica do Nepal é Lumbini que, no ano de 563 a.C., foi local de nascimento de Siddhartha Gautama, ou seja, de Buda. Assim, não é surpresa que a cidade seja um importante centro de peregrinação. O templo mais importante de Lumbini é o Maya Devi, que marca o local exato no qual Buda nasceu.
Pagode da Paz
Nele, além de monges e ruínas de estupas, se encontra o icônico pilar de Ashoka — construído em 249 a.C. —, vários mosteiros, o Templo Dourado, e o pagode da Paz, que guarda uma escultura de Buda na posição que ele teria nascido. O templo Janaki Mandir, localizado em Janakpur, também merece uma visita. Construído em estilo “rajput-hindu”, a estrutura conta com 50 metros de altura e é feita toda de pedra e mármore, e é dedicada à deusa Sita.
Janaki Mandir
E depois de tantos complexos religiosos, vale destacar que mesmo que você seja do tipo mais preguiçoso, é uma verdadeira pena ir até o Nepal e não fazer nenhuma trilha sequer. Isso por que, além de se tratar de uma excelente forma de se maravilhar com a paisagem nepalesa, a atividade é uma verdadeira experiência cultural.
Aliás, não se preocupe se você se cansar, pois em Kathmandu e em outras tantas cidades você poderá encontrar uma infinidade de aulas de yoga, meditação e de relaxamento — das vertentes budista ou hindu. Alternativamente, você também pode relaxar enquanto toma banho com elefantes no rio Rapti, em Sauraha.
É impossível falar do Nepal e não mencionar o Monte Everest. Com mais de 8 mil metros de altura, ele é a mais alta montanha da Terra. Os primeiros alpinistas a escalar até o cume foram o neozelandês Sir Edmund Hillary e o nepalês Tenzing Norgay, em 1953. De lá para cá, mais de 4 mil pessoas conseguiram alcançar seu cume, e ao longo do caminho de existem cerca de 200 corpos de alpinistas que morreram no caminho — e que hoje servem de pontos de referência.
Infelizmente, além de cadáveres, existem aproximadamente 50 toneladas de dejetos no Everest, que a tonem a montanha “mais suja” do planeta. E olha que não é nada barato fazer a aventura, pois o custo da escalada é de por volta US$ 65 mil (ou perto de R$ 200 mil), sem falar que existem regras estritas — estabelecidas pelo governo nepalês e chinês — para se aventurar até o topo.
"Base camp"
Para começar, é preciso fazer um exame médico completo e fazer um treinamento específico antes de começar a expedição. Sem falar na lista de equipamentos necessários para fazer a escalada, que inclui itens como medicamentos, capacete, arnês, piolet, crampons, balaclavas, GPS, camadas de roupas de isolamento térmico, óculos de proteção, comida, além da típica mochila, dos trajes de neve, botas especiais, barraca e saco de dormir.
Momo
Uma das especialidades mais populares do país são uns bolinhos chamados momo, que podem ou não ser recheados — neste caso os recheios mais comuns são a carne de porco, frango, búfalo e cabra, vegetais, queijo fresco ou purê de batata. Já a bebida nacional é a chiya, preparada com leite quente, chá, açúcar, gengibre, cardamomo e pimenta.
Kebabs
O chatamari — que lembra uma pizza com recheios como carne moída, ovos e vegetais — também é bastante popular, assim como o wo (uma massa feita com lentilha servida com carne), o masu (que consiste de carne de frango, porco ou búfalo com curry e molho servida com arroz), o juju dhau (que é uma coalhada cremosa e doce), e o sel roti, que se trata de um pãozinho frito feito com farinha de arroz, leite e especiarias.
Sel roti
Já com respeito às bebidinhas alcóolicas, as mais conhecidas são o rakshi, ou licor, tongba, que consiste de uma bebida feita com água quente e milheto fermentado, e thon ou chhyang, que são cervejas licorosas preparadas à base de arroz fermentado.
Vale de Kali Gandaki