Ciência
12/02/2014 às 12:11•3 min de leitura
Pois é isso mesmo que você leu: as bananas são naturalmente radioativas! Mas, antes de você abolir essa opção do seu cardápio, vale a pena entender como funciona a radioatividade dessa fruta e saber que ela não oferece quaisquer riscos à sua saúde.
Primeiramente, todos nós sabemos que as bananas são excelentes fontes de potássio, que é um elemento químico importante para o crescimento das plantas e para o funcionamento do corpo humano. A falta de potássio no organismo pode resultar em fraqueza muscular, câimbras, dificuldades respiratórias e vários outros sintomas. E é justamente do potássio que vem o potássio-40, um isótopo natural do elemento que, por sua vez, é radioativo.
Em segundo lugar, é importante que você saiba que é preciso de uma dose de 100 rems (unidade de medida que indica a quantidade de radiação) para que o organismo comece a sentir os efeitos nocivos da radiação. Então, considerando que se uma pessoa comer uma banana por dia durante um ano ela conseguirá somar 3,6 milirems, ela precisará comer cerca de 10 milhões de bananas para conseguir se expor a uma quantidade considerável de radiação.
Fonte da imagem: Shutterstock
Porém, mesmo que a quantidade de radiação presente em uma banana seja mínima, isso não significa que ela deve ser ignorada. Por esse motivo, foi criada uma unidade de medida que, em inglês, ganhou o nome de “banana equivalent dose” (BED) e corresponde à quantidade de radiação a que uma pessoa se expõe quando come uma banana.
Mesmo sendo uma unidade pouco usada, ela nos permite entender melhor como funciona a exposição à radioatividade. Uma de suas aplicações está no controle da quantidade de radiação que pode ser liberada por um reator nuclear, por exemplo. Como esse número costuma ser extremamente pequeno, os especialistas utilizam o picocurie, que é um milionésimo de um milionésimo de um curie, unidade que recebeu o nome da cientista polonesa.
Como unidades como o curie e o picocurie não fazem muito sentido para a maior parte das pessoas, a “dose equivalente de banana” foi implementada. Essa medida nos permite entender se uma determinada quantidade de radioatividade é nociva ou não, já que sabemos que as bananas não fazem mal algum. Basicamente, a unidade nos permite visualizar se a quantidade de radiação liberada por um acidente nuclear ou um telefone celular, por exemplo, é realmente tão perigosa como costuma anunciar a mídia.
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Como você pode perceber, será preciso comer toneladas de banana para que seu organismo possa ser efetivamente atingido pela radiação. E, ainda assim, vale lembrar que pesquisas recentes começam a apontar que essas ínfimas quantidades de radiação que recebemos diariamente do espaço, das bananas, dos aparelhos eletrônicos e de muitas outras fontes podem trazer benefícios.
Ainda vale lembrar que a radiação está presente em lugares em que nem sequer imaginamos. Entre os alimentos mais comuns, batatas, sementes de girassol, feijões e algumas castanhas também são considerados naturalmente radioativos. Aqui, vale destacar as castanhas-do-pará, que são ainda mais radioativas do que as bananas, registrando cerca de 6,6 mil picocuries ou 1,85 BED por quilo. Nesse caso, a propriedade vem dos isótopos do rádio, que são altamente radioativos, e estão presentes no solo em que as castanheiras crescem.
Outra prova de que pequenas quantidades de radiação não costumam oferecer riscos são os exames de raio X. Um raio X do peito expõe uma pessoa a 8 milirems; já se for da cabeça e do pescoço, são cerca de 20 milirems, mas se for um exame de coluna, o número de exposição sobre para 130 milirems.
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Caso você precise fazer um número absurdo de exames ou goste muitíssimo de bananas, os primeiros sintomas de radiação surgirão quando você atingir o nível de 100 rems. Uma pessoa com essa taxa de exposição apresenta sinais semelhantes a uma gripe, aumentando também a susceptibilidade a infecções, leucemia e linfomas.
Quando a exposição chega a 200 rems, a pessoa começa a ter problemas gastrointestinais, o que pode causar náuseas e dores abdominais, além da presença de sangue no vômito e nas fezes. Nesse momento, as estruturas que se multiplicam com rapidez – como as células do sangue, as células reprodutoras e as células capilares – começam a sofrer alterações, podendo ocorrer perda permanente de cabelo.
Com uma exposição de 300 rems, o sistema imunológico está sujeito a ser afetado permanentemente. Ao chegar nos 400 rems, existe uma chance de morte de 50% dentro de um período de 60 dias se a pessoa não for tratada imediatamente.