Ciência
02/04/2014 às 07:22•3 min de leitura
Muita gente cresceu ouvindo que Maria Madalena foi uma prostituta que encontrou Jesus Cristo e, arrependida de seus pecados, pediu perdão e passou a segui-lo de forma fiel. No entanto, será que a parte em que diz que ela era uma “profissional do sexo” da época é verdadeira?
Bem, de acordo com inúmeras pesquisas e descobertas feitas para resgatar a verdadeira história, o fato de que Maria Madalena era uma pecadora e prostituta é falso, tanto que não existe nenhum registro nos evangelhos que dê a entender que isso era verdade.
Tudo indica que esse título para ela tenha sido uma invenção cuidadosa da igreja, que escolheu certos evangelhos para seguir e outros para ignorar. Dessa forma, a instituição combinou histórias e teceu informações que enterraram a verdade de uma das personagens femininas mais fortes da literatura antiga.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia
A bíblica Maria Madalena não só não era uma prostituta como era reverenciada como um apóstolo de Jesus. Tanto que essa revelação teria forçado a igreja a mudar seu pensamento de forma dramática.
Tudo porque a instituição ecumênica queria mostrar Maria Madalena como uma grave pecadora arrependida ou um exemplo de mulher redimida pela fé. E isso foi feito por um motivo.
Em outras teorias, Madalena teria sido esposa de Jesus e mãe de seus filhos. Ainda em outros estudos, ela seria um dos mais importantes apóstolos, uma pregadora e uma santa.
São muitas as hipóteses, mas o que se sabe com absoluta certeza é que ela não era uma prostituta, pois não há nenhuma menção real da prostituição em relação à Maria Madalena em quaisquer versículos da Bíblia.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia
É verdade sim que ela se considerava uma pecadora nos relatos da Bíblia, mas poderia ser referência a uma série de outras coisas. Seus pecados são mencionados, brevemente, na parte que conta que, antes de sua devoção a Cristo, ele a teria livrado de sete demônios. Porém, isso é muito vago e pode ser interpretado de várias maneiras.
Ela pode também ter recebido essa “má reputação” por ser confundida com várias outras mulheres que são apresentadas ao longo dos Evangelhos, incluindo uma mulher com os cabelos soltos (algo muito erótico para a época) que ungiu Cristo com óleo.
Existe outra teoria muito famosa — principalmente depois do lançamento do livro de Dan Brown, “O Código Da Vinci” — que diz que o apóstolo que está ao lado direito de Jesus na Santa Ceia (retratada pelo artista) não seria João e sim Maria Madalena. E, como Jesus não estava segurando uma taça, o cálice sagrado seria, na verdade, a própria Madalena, que estaria levando o sangue sagrado de Jesus, ou seja, um filho dele.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons
Há poucas referências concretas às suas ações nos Evangelhos que foram aceitos pela Igreja, incluindo sua recusa em abandonar a Cristo quando ele estava sendo crucificado e a descoberta da sua ressurreição.
Contando ainda com inúmeros personagens de nome Maria e muitas mulheres não identificadas, não é surpreendente que a sua interpretação tornou-se o emaranhado que se tornou. E tudo ainda foi mais “bagunçado” pelo Papa Gregório, 540-604 d.C., que declarou que Maria Madalena era a mesma mulher que todas as outras chamadas Maria nas escrituras sagradas (exceto a mãe de Jesus).
Revendo todas as evidências sobre Madalena, por que a Igreja quis fazer dela uma prostituta e extrema pecadora aos olhos dos fiéis? Segundo os estudiosos, isso aconteceu porque a Igreja queria utilizar as poucas e confusas “sugestões” (interpretando da forma dela) da Bíblia sobre Maria Madalena para manter as mulheres fora do clero.
Os evangelhos que continham mais escrituras sagradas sobre ela foram considerados “apócrifos”, ou seja, eles não estavam de acordo com os cânones do cristianismo nascente. Era mais conveniente para a Igreja excluí-los.
Os evangelhos, conforme conhecemos hoje, não foram estabelecidos como cânone até o quarto século, numa época em que a Igreja mais definitivamente queria deixar claro que os seus escalões superiores seriam formados apenas por homens.
Fonte da imagem: Reprodução/Latin Masses
Um texto que teria sido encontrado no século IV, no Egito, narra episódios da vida de Jesus contados por uma mulher de nome Maria de Mágdala e foi traduzido como "O Evangelho de Maria Madalena", tornando-se parte dos evangelhos fundadores do cristianismo.
De acordo com esse evangelho, ela não só foi um dos apóstolos, mas o único que não perdeu a fé em Cristo depois de sua morte. Ela aconselhava os outros, dizendo que ele ainda se comunicava com ela através de visões e optando por aparecer para ela em vez de outros por sua devota fé.
Este evangelho revelador, obviamente, se tornou uma ameaça para a Igreja e sua doutrinação fielmente masculina. As mesmas ideias que estavam por trás da criação da Maria Madalena como uma prostituta estavam por trás da divinização da Virgem Maria.
Tudo porque as mulheres eram consideradas criaturas sexuais, o que formava a sua identidade nas épocas antigas. A mãe de Jesus, por exemplo, raramente é referida em outras situações além de seu estado virginal. Fato é que a história de Maria Madalena foi e sempre será alvo de teorias, especulações e polêmica. Em qual delas você acredita?