Você sabe como funcionam os rituais de exorcismo?

10/12/2014 às 11:374 min de leitura

Muita gente acredita que essa história de expulsar forças malignas do corpo de alguém é o tipo de coisa que só se vê em filmes de terror. Afinal, Hollywood não se cansa de explorar — e capitalizar com — o tema, tendo produzido um sem fim de longas, como “O Exorcismo de Emily Rose”, “O Último Exorcismo”, “O Ritual” e o clássico “O Exorcista”, sendo que muitos deles inclusive vêm acompanhados com o alerta: baseado em uma história real.

No entanto, os rituais de exorcismo — acredite você ou não que alguém pode ser possuído por espíritos das trevas — não só existem na vida real, como são levados muito a sério e vêm sendo realizados há séculos. A ideia de que entidades são capazes de invadir os corpos dos crentes é originária principalmente do judaísmo e cristianismo e, basicamente, o exorcismo é realizado por um sacerdote para expulsar o demônio de uma pessoa, objeto ou local.

Variedades e particularidades

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Existem outras crenças que aceitam a noção de possessão — especialmente de pessoas — tanto do bem como do mal por determinados períodos de tempo, e isso não tem uma conotação necessariamente negativa. Já o ritual que normalmente vemos retratados em filmes de terror é apenas um dos vários que são conduzidos pela Igreja Católica.

Entre os diferentes tipos estão o exorcismo batismal, realizado para abençoar uma criança antes do batismo para livrá-la do mal resultante do pecado original; o simples, feito para bendizer um local ou objeto e libertá-lo da influência do mal; e o real, que é o praticado em pessoas que estão possuídos por demônios.

Conjuro

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As primeiras diretrizes oficiais sobre o ritual foram estabelecidas pelo Vaticano em 1614, e em 1999 ocorreu uma revisão. A palavra “exorcismo” é derivada do termo grego exousia — que significa “obrigar mediante juramento” em tradução livre — e está associada à ideia de invocar uma autoridade superior para forçar uma entidade a deixar o corpo do possuído. É por isso, por exemplo, que o exorcista comanda o espectro a sair em nome do “Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

Segundo as diretrizes da Igreja Católica, o primeiro passo envolve confirmar que se trata de um caso de possessão e não de um surto metal decorrente de algum problema médico. Você pode conferir como esse processo funciona nesta matéria que postamos aqui no Mega Curioso, mas, basicamente, os padres se baseiam no diagnóstico de psiquiatras e outros especialistas, e realizam uma investigação sobre a vida da pessoa que se diz possuída.

Além disso, os sacerdotes ficam atentos a alguns sinais que indicam a possessão demoníaca, e os mais comuns são a aversão à água benta ou objetos sagrados, a habilidade de — subitamente — falar idiomas até então desconhecidos, força física muito além da capacidade do afetado e ter conhecimento de informações impossíveis, como dados da vida pessoal dos presentes. Outros sinais incluem comportamento agressivo e o uso de linguagem obscena.

O ritual

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Caso as investigações confirmem que se trata de uma possessão demoníaca, então um padre é enviado para realizar a expulsão de acordo com o Ritual Romano — Rituale Romanum —, um dos livros que descrevem os ritos oficiais da cerimônia realizada pela Igreja Católica.

Para tanto, o padre exorcista normalmente veste uma sobrepeliz e estola roxa, e o ritual consiste basicamente em uma série de orações, declarações e apelos durante os quais o sacerdote implora que Deus livre o possuído do demônio e demanda em nome do Senhor que essa força do mal obedeça.

Além disso, o padre também faz uso da água benta para ungir todos os presentes, pousa as mãos sobre o endemoninhado, faz o sinal da cruz sobre si mesmo e sobre a testa do sujeito e toca essa pessoa com alguma relíquia religiosa, como cruzes e imagens de santos, por exemplo. Ao final da cerimônia, o sacerdote deve decidir se o capeta foi expulso e, se ainda existirem sinais de possessão, podem ocorrer novas sessões.

Os descrentes explicam

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De acordo com Michael Cuneo, um pesquisador que viajou o mundo e assistiu a mais de 50 rituais de exorcismo, em nenhum deles ele presenciou qualquer evento sobrenatural — como corpos levitando, cabeças girando ou arranhões satânicos aparecendo de repente na pele — ou que não pudesse ser explicado. Segundo disse, na maioria dos casos, os envolvidos (possessos e exorcistas) eram pessoas profundamente perturbadas emocionalmente.

Conforme apontam os céticos, geralmente os exorcismos são praticados em pessoas com fortes convicções religiosas, portanto, existe uma grande discussão com respeito ao fato de que a psicologia e o poder da sugestão têm um importante papel no ritual.  Sendo assim, se o afetado estiver convencido de que está possuído e de que o exorcismo vai funcionar, então é provável que funcione mesmo.

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Com respeito aos sinais de possessão, os “descrentes” apontam a epilepsia, a síndrome de Tourette e a esquizofrenia como alguns dos possíveis culpados. Como você sabe, a epilepsia provoca crises caracterizadas pelo enrijecimento do corpo, grunhidos, salivação espumosa e revirar de olhos e cabeça.

Já a síndrome de Tourette provoca o movimento involuntário de algumas partes do corpo e a exteriorização verbal, frequentemente na forma de palavras obscenas. Por último, a esquizofrenia está associada ao surgimento de alucinações visuais e auditivas, paranoia, distanciamento da realidade e comportamento violento. Esses sintomas todos parecem familiares?

Controvérsias

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Existem vários perigos associados à crença sobre a possessão demoníaca — e à interpretação equivocada de um sintoma que não tem nada de sobrenatural. Um exemplo disso é o caso de um garoto de 8 anos de idade que sofria de autismo e acabou falecendo durante um ritual de exorcismo por que os membros de sua congregação acreditavam que o demônio era o culpado por sua condição.

Outro caso conhecido foi o de uma freira na Romênia que morreu depois de ser presa a uma cruz, amordaçada e deixada durante vários dias sem comida ou água em um esforço para expulsar os demônios que habitavam seu corpo. A pobre mulher tinha apenas 23 anos e provavelmente sofria de esquizofrenia. Além disso, no Natal de 2010, um garoto britânico de 14 anos foi espancado e afogado por familiares que tentavam exorcizar espíritos malignos.

***

E você, caro leitor, o que acha disso tudo? Acredita que as pessoas podem ser possuídas por forças malignas? Pensa que os exorcismos funcionam? Conhece algum caso que ocorreu com alguém conhecido? Você alguma vez presenciou alguma coisa muito sinistra e sem explicação? Então, não guarde segredo e compartilhe a sua história conosco nos comentários!

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