Artes/cultura
30/07/2014 às 06:09•2 min de leitura
O desastre nuclear de Chernobyl aconteceu em 1986 — ou seja, há quase 30 anos —, no entanto, os efeitos da contaminação provocada podem ser vistos até os dias de hoje. De acordo com uma notícia divulgada pelo la Repubblica, foram descobertos javalis radioativos em uma zona de caça no norte da Itália, o que é bastante sério, já que a carne dos animais seria consumida pelos caçadores.
Segundo a publicação, quem lançou o alerta foi o Instituto Zooprofilático Experimental de Piemonte, Ligúria e Valle d'Aosta, que passou um ano analisando os javalis caçados na região piemontesa. A instituição iniciou um controle mais minucioso da área em março do ano passado, depois da descoberta de 27 javalis contaminados por césio-137.
De um ano para cá, o instituto analisou 1.441 animais e apurou que 166 deles, isto é, mais de 10% do total examinado, ultrapassam significativamente o índice de radioatividade mínimo permitido pela União Europeia, cujo limite é de 600 becquerel — unidade utilizada para medir a radiação — por quilo. A constatação é bem preocupante, visto que, comparado ao monitoramento realizado em 2013, o número de javalis radioativos aumentou consideravelmente.
De acordo com o UOL, a instituição explicou que a contaminação dos animais é resultado do desastre nuclear de Chernobyl, cuja explosão provocou a formação de uma nuvem radioativa que se espalhou por diversos países europeus, incluindo o norte da Itália. Contudo, na época do desastre, as fortes chuvas que atingiram a região na qual os javalis foram detectados contribuíram para que o césio penetrasse no solo, intensificando o problema.
A presença do elemento no organismo dos animais provavelmente é consequência de seus hábitos alimentares, já que os javalis costumam “fuçar” a terra em busca de comida e sua dieta consiste — basicamente — no consumo de raízes, castanhas, frutos e sementes. Depois das análises, o instituto solicitou que haja um maior controle sobre os animais abatidos na região, pois atualmente apenas 50% do que é transportado pelos caçadores é verificado.
Segundo Massimo Bonfatti, médico que trabalha com políticas de contenção de contaminação em áreas expostas à radiação, o problema pode ser ainda pior. Conforme explicou, isso se deve ao fato de a União Europeia apenas considerar o césio-137 na hora de emitir o índice de validação de contaminação.
Entretanto, a nuvem radioativa de Chernobyl contava com outros isótopos radioativos além do césio-137, sem falar que Bonfatti considera o limite de 600 becquerel/quilo extremamente elevado. Nesse sentido, o médico contou que existe uma proposta para um projeto de lei que visa baixar o limite para apenas 10 becquerel/quilo.
Com respeito às consequências da contaminação para os humanos, Bonfatti explicou que os danos podem ser muito graves. Segundo ele, existem evidências de que o césio-137 pode se aderir às fibras do coração e provocar diversos problemas graves. Além disso, para o médico, é possível que a epidemia de câncer que afeta o mundo atualmente seja resultado da radiação liberada no planeta desde o pós-guerra.