Se a Terra fosse plana, como a gravidade funcionaria no planeta?

Como você deve saber, incrivelmente, existe muita gente por aí que acredita que, em vez de esférica, a Terra seria achatada como uma panqueca — e inclusive há um grupo organizado que se dedica a defender essa teoria, a Sociedade da Terra Plana. Segundo esse pessoal, o nosso planeta seria uma enorme “chapa” e os continentes se encontrariam todos no mesmo plano — com o polo norte bem no centro e o sul formando de um paredão de gelo nas bordas.

Os cientistas já provaram e comprovaram que o nosso planeta é, de fato, esférico, e uma das evidências mais claras — e que não exigem que a gente vá até o espaço para vê-la, ou melhor, senti-la — é a gravidade. Afinal, essa força que atrai tudo para o centro do mundo e mantém todos “colados” à superfície é a responsável pela Terra ter o formato arredondado. Agora, digamos que o planeta tivesse forma de panqueca, como a gravidade funcionaria?

Como seria?

Panquecona

Caso a Terra tivesse formato de disco, e não esférico, se ela tivesse a densidade e a espessura adequada, quem vivesse bem no centro dela não sentiria muita diferença. Entretanto, conforme nos deslocássemos em sentido às bordas da panqueca, a gravidade passaria a se comportar de maneira bem diferente à que conhecemos.

Bordas bizarras

Imagine uma pessoa correndo em direção à extremidade da chapa. Embora a Terra fosse completamente plana, esse sujeito teria a impressão de estar lutando para subir uma ladeira cada vez mais íngreme. E se ele tropeçasse e caísse, esse cara rolaria em direção ao centro do planeta, mas, se ele chegasse à borda, em vez de cair para o espaço, esse cara teria a sensação de estar em um local nivelado.

Cada vez mais inclinado

Além disso, todos os edifícios seriam construídos com uma inclinação cada vez maior conforme sua localização com respeito à borda do disco, tudo para que os ocupantes tivessem a sensação de que o “chão” se encontra na direção certa. Isso ocorreria porque o campo gravitacional de um objeto se encontra em seu centro de gravidade — ou seja, em seu centro de massa. E é por isso que, em uma Terra plana, seríamos atraídos para o meio dela.

Atraídos em direção ao centro

Esse modelo de planeta é simplesmente impossível, já que, se qualquer objeto tão massivo como a Terra for moldado para ficar achatado como uma panqueca, ele entraria em colapso sob a sua própria gravidade naturalmente, adotando o formato de uma esfera. É por causa da força da gravidade que os corpos celestes com mais de algumas centenas de quilômetros de diâmetro são redondos.

Mais curiosidades

Ao contrário do que muita gente pensa, não foi Cristóvão Colombo quem descobriu que a Terra era redonda — aliás, até o fato de que ele teria descoberto a América é refutado pelos historiadores. Na realidade, desde a época dos gregos antigos se sabe que o nosso mundo é esférico, e a ideia de que o planeta seria plano surgiu na era moderna e foi repetida tantas vezes que acabou se transformando em um conhecido mito histórico.

Cristóvão Colombo não teve nada a ver com isso!

Curiosamente, um dos argumentos usados pelo pessoal que defende a teoria da Terra Plana é que, quando olhamos ao nosso redor, apesar das irregularidades do terreno, o mundo parece... plano. Entretanto, em longas distâncias, não existem dúvidas de que o planeta é esférico, e inclusive existem várias construções mundo afora que tiveram que ser projetadas para seguir a curvatura da superfície terrestre.

Também vale mencionar uma anedota interessante sobre os defensores da Terra Plana. Em 1906, um cara chamado Wilbur Glenn Voliva se tornou líder de uma facção religiosa meio esquisitona que, por sua vez, estava no comando da cidade de Zion, em Illinois. Voliva acreditava que o nosso planeta era achatado e, além de decretar que os cidadãos aceitassem isso como fato, chegou a ordenar que as escolas locais ensinassem que o mundo era plano.

Ideia estranha

E isso não era tudo: Voliva ainda acreditava que o Sol se encontrava a apenas alguns milhares de quilômetros de distância da Terra — em vez dos quase 150 milhões de quilômetros — e que a estrela media 50 km de diâmetro, e não 1.392 milhões de km. Quel tal, hein?