Estilo de vida
20/08/2019 às 18:00•4 min de leitura
O termo “desastre industrial” designa qualquer acidente que tenha sido causado por companhias industriais, independente da causa da tragédia ou do ramo de atuação da empresa. Explosões, incêndios, vazamentos de resíduos tóxicos e ocorrência afins são desastres industriais que infelizmente têm se tornado cada vez mais comuns – enquanto alguns deles não podem ser considerado graves, outros marcaram história pelo alto número de pessoas mortas, feridas ou indiretamente prejudicadas.
Conheça abaixo os sete incidentes famosos por suas características e/ou danos a curto e longo prazo.
Considerado por muitos como o pior acidente industrial de todos os tempos, o Desastre de Bhopal ganha este nome por ter acontecido na cidade de Bhopal, na Índia. Na madrugada do dia 3 de dezembro de 1984, cerca de 40 toneladas de gases tóxicos vazaram de uma fábrica de pesticidas de origem norte-americana conhecida como Union Carbide; estima-se que mais de 500 mil pessoas foram expostas ao isocianato de metila, um composto altamente danoso para o corpo humano.
Os efeitos foram imediatos: muitos moradores das redondezas saíram de suas casas já sentindo náuseas, vomitando sangue e tendo sérios problemas de visão. Ao menos 3 mil pessoas morreram. Sabe qual é a pior parte? Ainda existe em grande quantia de lixo tóxico nas redondezas da fábrica abandonada, e a população de Bhopal ainda luta para tentar conseguir alguma indenização do governo dos EUA.
Uma criança vítima do Desastre de Bophal Fonte da imagem: Reprodução/Lalit Kumar
Considera a maior plataforma petrolífera do mundo, a P-36 era operada pela Petrobrás na Bacia de Campos, à 130km da costa do Rio de Janeiro. No dia 15 de março de 2001, duas explosões nas colunas de sustentação mataram 11 integrantes da equipe de emergência que estava a bordo, além de fazer com que a estrutura tombasse 16 grau. Em poucas horas, a plataforma já estava inteiramente submersa.
Felizmente, todo o resto da tripulação conseguiu ser salva – um total de 164 trabalhadores. De acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), a causa do incidente foi a “não-conformidade quanto a procedimentos operacionais, de manutenção e de projeto”.
Barco tenta fazer manutenção na plataforma Fonte da imagem: Reprodução/Blue Star Line
Em 10 de julho de 1976, os habitantes da pacífica cidade de Seveso (Itália) enfrentaram uma tragédia realmente difícil de superar. Uma das fábricas da companhia ICMESA – que na época era famosa por sua produção de pesticidas e fungicidas – teve dois de seus tanques afetados por rompimentos inexplicáveis. Isto causou a liberação de vários quilogramas de um composto conhecido como dioxina TCDD, que se espalhou por uma vasta planície entre Milão e o lago de Como.
Embora o número de vítimas humanas tenha sido relativamente baixo em relação à outros incidentes semelhantes (cerca de 193 pessoas ficaram com sequelas de baixa gravidade), o Acidente de Seveso causou a morte de 3 mil animais e demandou o sacrifício de mais 7 mil, para evitar que o composto tóxico entrasse na cadeia alimentar da população italiana.
Cientistas investigam locais afetados Fonte da imagem: Reprodução/CERCH
Embora seja comumente empregado em termômetros e outros produtos que utilizamos no dia a dia, o mercúrio é uma substância bastante perigosa – e o Desastre de Minamata é bom exemplo para provar isto.
Tudo começou em 1965, quando vários habitantes da pequena cidade de Minamata, no Japão, deram entrada em hospitais com exatamente os mesmos sintomas: convulsões gravíssimas, surtos de psicose, perda de consciência e febre altíssima. Todos morreram. As investigações apontaram que as vítimas tinham uma característica pitoresca em comum: todos consumiam uma quantidade plausível de peixes pescados na baía de Minamata.
Após mais investigações, foi constatado que uma fábrica local utilizava compostos de mercúrio na produção de PVC e jogava seus afluentes na baía da cidade afetada, contaminando peixes, moluscos e aves das redondezas. Hoje, estima-se que a quantia de vítimas fatais do incidente chegue à 900; se formos contabilizar os moradores que ficaram com sequelas graves, este número certamente é muito maior.
Icônica fotografia de uma mãe com seu filho afetado pelo desastre Fonte da imagem: Reprodução/The America Conservative
Ah, o melaço. Docinho, saboroso, empregado em receitas de dar água na boca e totalmente inofensivo, correto? Errado! Os habitantes de Boston, nos Estados Unidos, têm uma razão bem convincente para temer este composto. No dia 15 de janeiro de 1919, tanques de armazenamento da fábrica Purity Distilling Company se romperam e espalhou uma quantia incalculável de melaço pelas ruas da cidade em uma velocidade de aproximadamente 56 km/h.
Ao menos 21 pessoas morreram e 150 ficaram feridas; vigas de ferrovias foram completamente destruídas e construções foram simplesmente demolidas pela força da onda. Vários pontos de Boston ficaram com camadas de melaço que chegavam aos 90 cm de altura; o desastre foi tão grande que entrou para o folclore local e até hoje muitos afirma ser possível sentir o cheiro doce nos dias mais quentes.
Área destruída pelo melaço Fonte da imagem: Reprodução/Graça Vicente
Você provavelmente o conhece, mas é difícil não citá-lo nesta matéria. O Acidente de Chernobyl é considerado a maior tragédia nuclear da história, sendo impossível calcular o número total de vítimas (entre as fatais e indiretamente atingidas, que sofreram deformidades e sequelas desenvolvidas posteriormente).
Em 26 de abril de 1986, operários da Usina Nuclear de Chernobyl, na Ucrânia (que até então fazia parte da União Soviética), surpreenderam-se com falhas no sistema enquanto realizavam manutenções periódicas e costumeiras. Uma explosão catastrófica no quarto reator da usina resultou em incêndios, explosões e um derretimento nuclear, produzindo uma nuvem de radioatividade que atingiu parte da Europa Oriental, Escandinávia e Reino Unido. A área mais afetada foi a cidade de Pripyat, da qual milhares de habitantes tiveram que ser evacuados às pressas.
Pripyat, a cidade fantasma Fonte da imagem: Reprodução/Photobucket Marcelo Victor
Hoje, acredita-se que a tragédia tenha sido ocasionada por uma série de falhas humanas e técnicas – a usina tinha alguns equipamentos de segurança em mal funcionamento e foi constatado que os operários não realizaram os procedimentos da forma correta. Uma enorme cobertura de concreto conhecida como Sarcófago de Chernobyl foi erguida em torno do quarto reator da usina para deter a liberação de mais conteúdo radioativo.
Por sua vez, Pripyat continua sendo uma cidade fantasma, embora seja possível agendar uma visita guiada com a devida autorização do governo ucraniano.
Sendo o evento mais recente da nossa lista, o incidente de Deepwater Horizon chama a atenção pelas consequências ao meio-ambiente. O evento ocorreu em 20 de abril de 2010, no Golfo do México, Estados Unidos. A plataforma petrolífera Deepwater Horizon sofreu uma enorme explosão em uma das suas torres de sustentação, matando 11 pessoas e ferindo 17. A estrutura afundou completamente dois dias depois, derramando ao menos 5 milhões de barris de petróleo no mar.
Tentativa de controlar o incêndio Fonte da imagem: Reprodução/Prose Before Hos
A British Petrolium – responsável pela operação da plataforma – só conseguiu conter o vazamento três meses depois. Os danos ao ecossistema do Golfo do México – onde vivem golfinhos, tartarugas, baleias, pelicanos e uma infinidade de outras espécies marinhas – ainda são incalculáveis.