Enganos que mudaram o mundo: por que a América se chama América?

21/02/2014 às 08:123 min de leitura

A maior parte das pessoas que se interessam pela história do período das Grandes Navegações sabe que o nome América foi dado ao “Novo Mundo” em homenagem ao explorador Américo Vespúcio, que fez viagens para cá nos anos de 1499 e 1502. No entanto, poucos sabem que a escolha do renomado italiano em vez do verdadeiro descobridor do continente, Cristóvão Colombo, aconteceu devido a uma série de enganos e confusões.

Como era um homem estudioso, Vespúcio percebeu durante suas viagens que as novas terras não faziam parte da Ásia, como o navegante genovês acreditava. Ele então resolveu escrever sobre sua jornada, criando livros que foram publicados no começo do século XVI e tiveram traduções em quase todas as línguas europeias.

No ano de 1507, um cartógrafo alemão chamado Martin Waldseemüller decidiu criar um mapa do mundo que incluísse as novas terras a oeste. Consciente dos escritos de Vespúcio e sem conhecimento das expedições de Colombo, ele então se uniu a dois outros estudiosos e decidiu homenagear o italiano, achando que havia sido ele o descobridor do continente.

Um erro leva a outro

Fonte da imagem: Reprodução/Obvious

Dessa forma, Waldseemüller publicou um grande mapa que, por se basear nos registros de viagem de Vespúcio, continha apenas a parte Sul do continente, com o nome America impresso com letras garrafais sobre o que hoje é o nosso amado Brasil. Anos depois, quando novos desenhos passaram a incluir a parte Norte das terras, os cartógrafos da época decidiram manter o nome original.

Podemos deduzir, então, que seria perfeitamente possível que o continente onde vivemos hoje tivesse o nome de Colômbia do Sul se Cristóvão Colombo não tivesse cometido dois pequenos erros, que permitiram a confusão dos cartógrafos alemães. O primeiro foi ter achado que a terra que encontrou era uma parte da Ásia, e não algo completamente diferente. Já o segundo foi nunca ter escrito publicamente sobre sua descoberta.

Curiosidades adicionais

  • Relíquia: o mapa feito por Waldseemüller em 1507 ficou desaparecido de 1538 a 1901, quando foi descoberto dentro de um castelo na Alemanha e passou a ser considerado o desenho cartográfico mais antigo a usar o nome América. A obra foi comprada por US$ 10 milhões e hoje está em exposição permanente na Biblioteca do Congresso, nos EUA;
  • Colombo e Vespúcio eram bons amigos: o navegador italiano foi mandado por seus empregadores à Espanha em 1490 para ajudar nos seus negócios de acabamento em navios novos. Durante essa função, Américo ficou encarregado de preparar as embarcações para a segunda viagem de Colombo, que posteriormente escreveu que confiava em Vespúcio e tinha por ele grande estima;
  • Questão de números: Vespúcio também é creditado por desenvolver um sistema de cálculo de longitude de grande precisão para a época. O método era tão bom que ele foi capaz de determinar um valor bem próximo ao da circunferência da Terra na altura da linha do Equador, errando a medida exata por aproximadamente 80 km.
  • Homenageando a homenagem: nascido em Florença em 9 de março de 1454, o navegador italiano foi batizado como “Amerigho”, o mesmo nome do seu avô;
  • Falta de provas: embora especule-se que Vespúcio realizou um total de quatro viagens até o Novo Mundo, a falta de documentos leva alguns estudiosos a questionarem se suas jornadas feitas nos períodos de 1497-98 e 1503-04 realmente aconteceram. No entanto, sabe-se que ele efetivamente fez o trajeto em 1499-1500 e 1501-02;
  • Educação apimentada: ainda que se tratassem de documentos sérios, os escritos de Vespúcio sobre o novo continente serviram como forma de entretenimento para as massas da época. Um exemplo de sucesso são suas cartas a respeito dos costumes dos nativos, que segundo ele estavam habituados a fazer sexo com qualquer pessoa, inclusive suas mães;
  • Carreira invejável: em 1508, Vespúcio foi nomeado “chefe navegador” da Espanha, ficando encarregado de examinar e licenciar todos os navios e viagens do país. Ele também desenhou os mapas oficiais das terras descobertas e determinou as rotas que os futuros capitães teriam que tomar para chegar lá. O italiano manteve seu título até morrer, em 22 de fevereiro de 1512.

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