Estilo de vida
09/06/2017 às 12:36•3 min de leitura
Sabe os lêmures, aqueles animais superfofos que são nativos da região de Madagascar? De acordo com Paul Anthony Jones, do portal Mental_Floss, quem deu esse nome aos bichinhos foi um renomado botânico e taxidermista sueco chamado Carolus Linnaeus e, curiosamente, ele se inspirou em figuras sinistras do folclore da Roma Antiga para batizar os mamíferos.
Linnaeus foi um dos fundadores da Academia Real das Ciências da Suécia e, segundo Paul, foi um dos cientistas mais aclamados de sua época. Ele participou, por exemplo, do desenvolvimento da escala Célsius de temperatura e, basicamente, foi o responsável por desenvolver o sistema de classificação que divide todos os seres vivos em uma detalhada hierarquia dividida em reinos, classes, ordens, famílias, gêneros, espécies etc., no século 18.
Carolus Linnaeus
Pois Linnaeus foi o primeiro a usar o nome “lêmure”, quando introduziu a seu sistema de classificação um gênero chamado Lemur tardigradus — que significa lêmure lento em latim. O botânico ainda incluiu duas espécies de animais, a Lemur catta e a Lemur volans, cujas traduções significam lêmure gato e lêmure voador, respectivamente. Tudo bem, muito legal... Mas, mais legal ainda é a lenda de onde o sueco tirou a inspiração para batizar os animais.
De acordo com Paul, a palavra lêmure é derivada do latim lemures que, por sua vez, pode ser traduzida como fantasmas. Mas, para os antigos romanos, os lemures não eram simples fantasminhas, e sim espectros assustadores e grotescos que vagavam pela noite e que podiam atacar e ferir os vivos.
Inspiração folcórica
Essas entidades eram cruéis e malévolas, e seriam os espíritos de ladrões e criminosos, de sujeitos que foram amaldiçoados e executados e, ainda, de indivíduos que, por alguma razão, não tiveram um sepultamento formal, como o caso de marinheiros que morriam e tinham seus corpos jogados ao mar.
Segundo a crença, esses espíritos sem voz vagavam pelo mundo em busca de seus antigos lares e aterrorizavam qualquer vivo que cruzasse seu caminho. Entretanto, existia uma forma de manter os lemures sob controle e evitar que eles assombrassem as casas dos romanos: a realização de um exorcismo durante a Lemúria!
Lemur catta
A Lemúria era uma festividade religiosa que era celebrada no início da primavera e, por sorte, o ritual de expulsão dos espectros era relativamente tranquilo. Segundo a tradição, os chefes das famílias deviam caminhar descalços por suas casas e jogar oferendas na forma de feijões pretos por cima dos próprios ombros, e mandinga devia ser realizada nos dias 9, 11 e 13 de maio, sempre à meia-noite.
Além disso, os integrantes da família deviam acompanhar o chefe a casa batendo potes e panelas de bronze, de forma que o ruído espantasse os espíritos malignos. Para o exorcismo funcionar, o ritual tinha que ser repetido nos três dias designados — e ele tinha um ano de “garantia”, uma vez que tinha que ser realizado anualmente durante o festival.
Ninguém sabe ao certo o motivo de os antigos romanos chamarem esses fantasmas sinistros de lemures, mas uma das teorias é que o primeiro desses espectros foi o espírito de Remo, o cara que matou o próprio irmão, Rômulo, com quem fundou a cidade de Roma. Pois, originalmente, o festival de Lemúria se chamaria Remuria — e estaria focado em celebrar a morte do cara e amansar sua alma.
Linnaeus nunca negou ter se inspirado nessas figuras sinistras do folclore romano para batizar os bichinhos de Madagascar e inclusive revelou que pensou em sua natureza noturna e na forma — vagarosa — como eles perambulam pelo mundo.
Loris tardigradus ou lóris-delgado-vermelho
Vale destacar que muitas coisas mudaram desde que o sueco classificou os animais, lá no século 18. Hoje o bicho que Linnaeus definiu como sendo do gênero Lemur tardigradus foi reclassificado como Loris tardigradus ou lóris-delgado-vermelho, um primata que pode ser encontrado em algumas regiões da Índia e no Sri Lanka.
Cynocephalus volans, antigo Lemur volans
Já o Lemur catta atualmente é mais conhecido pelo nome popular lêmure-de-cauda-anelada, enquanto que o Lemur volans também foi reclassificado como sendo da espécie Cynocephalus volans, já que, na verdade, se trata de um mamífero que se parece com esquilo voador endêmico das Filipinas.
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