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28/03/2019 às 05:00•4 min de leitura
Os lobos têm uma longa história de convivência com os seres humanos. Sabe-se que eles provavelmente foram os primeiros animais a serem domesticados pelo homem, dando origem aos cães domésticos há milhares anos, em um processo que ainda gera muitas discussões entre os pesquisadores.
Seus característicos uivos inspiraram incontáveis lendas e, apesar de raramente atacarem pessoas, seu grande tamanho e força, grande inteligência e a forma como as alcateias são organizadas — seguindo hierarquias estritas e bem definidas — acabaram por consolidar a ideia de que esses animais são um inimigo perigoso.
Portanto, não é de se estranhar que, graças a essa relação de amor e ódio com humanos, os lobos tenham aparecido como deuses na mitologia nórdica, estejam associados ao surgimento de Roma — alimentando os fundadores Remo e Rômulo, lembra? — e sejam protagonistas malvados em contos como “Chapeuzinho Vermelho” e “Os Três Porquinhos”. E nem vamos tocar no assunto dos lobisomens!
No entanto, também existem muitos fatos interessantes sobre os lobos que muita gente desconhece. Assim, que tal saber um pouco mais sobre esses animais? Confira:
Os lobos são animais carnívoros e, em muitos casos, vivem em locais nos quais não existe muita abundância de caça. Assim, extremamente oportunistas, eles nunca desperdiçam uma boa chance de forrar o estômago, mesmo que isso signifique devorar indivíduos da própria espécie.
É comum que os lobos se alimentem de membros da alcateia que estejam gravemente feridos ou que tenham morrido. Além disso, quando grupos rivais se encontram, frequentemente se enfrentam em batalhas letais nas quais muitas vezes os alfas acabam morrendo — e virando comida dos familiares.
Um estudo realizado pela Universidade de Stanford revelou que os lobos negros contam com essa coloração devido a uma mutação que ocorre apenas em cães domésticos. Sendo assim, eles são o resultado da cruza de cachorros com lobos no passado.
Curiosamente, apesar de os pesquisadores não saberem com exatidão quais benefícios a pelagem preta oferece, sabe-se que os lobos dessa cor são mais imunes a determinadas infecções. Essa mutação, assim como ocorre com os seres humanos de cabelos mais escuros, é uma característica dominante que é transmitida para a maioria dos descendentes.
Apesar de não faltarem casos de pessoas que conviveram ou convivem com lobos, na verdade é quase impossível que esses animais sejam domesticados. Quando filhotes, seu comportamento é bem parecido com o de cães domésticos, já que eles estão sempre dispostos a brincar e gostam de companhia. Conforme vão crescendo, talvez a principal diferença seja seu apetite, bem maior do que o de seus parentes, os “melhores amigos do homem”.
Contudo, os problemas costumam começar quando os animais chegam à puberdade. Devido a sua natureza, os lobos entendem que seus companheiros humanos fazem parte da alcateia e tentam mostrar quem é que manda no pedaço. Nessa fase, por conta da luta pela hierarquia social, é possível que eles firam, inclusive gravemente, membros da família.
Ao longo de sua evolução, desde que se separaram dos lobos, os cães mudaram bastante. Ao contrário de seus ancestrais, os cachorros se sentem confortáveis na presença de humanos e são capazes de — pelo menos algumas vezes — seguir nossas ordens. Estudos apontaram que mesmo filhotes de poucos meses de vida conseguem seguir as direções que apontamos, coisa que os lobos simplesmente não entendem.
Esses aspectos levaram muita gente a acreditar que os cães são mais socialmente inteligentes do que os lobos. Contudo, experimentos realizados por pesquisadores da Universidade de Medicina Veterinária de Viena apontaram que, apesar de os cães terem mais facilidade de aprender com os humanos, os lobos convivem melhor uns com os outros, trabalham bem em equipe e são capazes de aprender com os membros de seu próprio grupo.
Alguns testes envolvendo 15 cães e 12 lobos mantidos em cativeiro e que cresceram juntos foram realizados, nos quais todos foram igualmente motivados para solucionar problemas. Um dos experimentos envolvia ensinar a um cachorro e a um lobo dois métodos diferentes de abrir uma caixa que continha um petisco.
Os especialistas permitiram que os outros animais assistissem a como os 2 que haviam sido treinados obtinham a comida e observaram como as espécies se saíam. Dos 15 cães, apenas 4 foram capazes de abrir a caixa com o petisco e nenhum deles seguiu qualquer dos 2 métodos que haviam sido ensinados. Por outro lado, todos os lobos conseguiram obter a comida e 9 deles copiaram o animal que havia sido treinado.