Estilo de vida
03/10/2014 às 11:45•5 min de leitura
Existem cerca de 25 mil espécies de peixes no mundo. Com tantos indivíduos diferentes, é de se esperar que muitos deles carreguem características únicas, que os diferenciam dos outros de forma surpreendente. Logo abaixo você poderá conhecer alguns deles, que têm habilidades muito curiosas. Confira:
O peixe-dragão preto não é lá uma beleza dos mares. Mas, ele tem algumas adaptações surpreendentes. Assim como a maioria das criaturas que vive em águas profundas do oceano (cerca de 600 metros de profundidade), o peixe-dragão tem órgãos luminosos para sinalizar outros de sua espécie e atrair presas.
Ele também tem emissores de luz em sua barriga para ajudar a disfarçar a sua silhueta, caso algum predador esteja em sua área procurando uma refeição. Além disso, esse peixe tem uma derme gelatinosa entre os raios da barbatana, que pode piscar para assustar predadores. Como você pode perceber, o peixe-dragão pode emitir luz em diferentes partes do seu corpo para diversas finalidades.
Mas nada disso é tão legal quanto outro tipo de luz que ele emite. A maioria dos peixes nas profundezas não pode enxergar a cor vermelha. O vermelho não se propaga muito longe debaixo d'água, por isso a maioria da bioluminescência é azul e verde.
O peixe-dragão preto usa essas cores, mas também brilha luz vermelha. E uma vez que outros peixes não podem vê-la, ele tem uma lanterna invisível para procurar presas. Mas, o curioso é que ele tem a luz vermelha, mas também não é capaz de enxergá-la.
Ele tem um sistema de visão complicado que usa um derivado da planta de clorofila para converter a luz vermelha para um espectro que ele possa perceber. Agora, como um peixe descobriu como funciona a genética da planta em sua composição é uma questão que confunde ciência.
Já vimos em alguns artigos do Mega Curioso, alguns peixes que fazem o papel de pai de forma dedicada, como o cavalo-marinho. Mas esse peixe, do gênero Amatitlania, leva a proteção de seus filhotes a outro nível. Ele nunca sai do seu “ninho” nem mesmo para comer, enquanto as suas “crianças” estão crescendo.
Na verdade, os pesquisadores têm estudado há anos e ainda não sabem exatamente o que eles comem durante esse período. Mas é muito provável que os seus próprios filhotes fazem esse trabalho de alimentá-lo.
Durante o dia, os filhotes saem da toca para se empanturrarem de plâncton. Então, quando a noite cai, eles retornam ao ninho, onde os cientistas acreditam que eles devem alimentar os peixes adultos, tornando este o único exemplo na natureza, onde são as crianças que cuidam dos adultos.
Muitos filhotes são vistos deixando a boca de seus pais, mas ninguém sabe exatamente o que eles estão fazendo lá: se regurgitaram o plâncton ou defecaram para alimentar o progenitor. Apesar de ser meio nojento, é parte do mistério e da beleza do oceano.
Você sabe que os peixes são capazes de se comunicar, certo? Os cientistas descobriram que a piranha, por exemplo, emitem pelo menos três sons distintos, que transmitem sentimentos que poderiam ser traduzidos em frases como: “não mexa comigo agora”, “Sério, eu posso te morder” e “agora você me irritou de verdade!”.
Mas o peixe-elefante talvez tenha um dos métodos mais incomuns para troca de informações: a eletricidade. O peixe elefante usa a eletropercepção em seu ambiente. Ele gera uma carga elétrica e a utiliza como sonar para encontrar seus caminhos.
Os cientistas também descobriram que essa rara capacidade de gerar e sentir a eletricidade deu ao peixe-elefante uma nova forma de comunicação. Existem mais de 200 espécies de peixes-elefante e todos eles produzem níveis diferentes. Todos eles podem sentir as correntes para distinguir espécies.
Eles também podem determinar o sexo e o status social, todos com eletricidade. Os machos também são até capazes de fazer um tipo de “serenata” para as fêmeas com um zumbido de menor frequência.
Em um mundo cheio de ameaças, o melhor a se fazer é, pelo menos, cuidar bem da sua comida. Que o diga esse peixe-donzela. A espécie Stegastes nigricans (um dos tipos do peixe-donzela) tem um sistema digestivo muito fraco. Ele não tem enzimas para digerir as plantas aquáticas e algas como os seus semelhantes.
No entanto, ele é capaz de comer a alga vermelha Polysiphonia. E isso é ótimo, exceto porque a Polysiphonia é uma espécie que não sobrevive muito bem. Então, como é que este animal consegue sobreviver com uma alimentação à base dessa alga?
Um peixe com uma dieta restrita de alga que não cresce bem na natureza soa como uma receita perfeita para a extinção, mas o peixe-donzela é realmente muito bem-sucedido. Tudo porque ele mesmo cuida de sua safra de algas.
Através de várias pesquisas, foi observado que os peixes-donzela Stegastes nigricans defendem o seu território com as suas algas de possíveis invasores. Além disso, experimentos têm mostrado que, sem a donzela por perto, as ervas daninhas rapidamente tomam o lugar da alga. As duas espécies tornaram-se quase que completamente dependentes umas das outras.
Se o Bob Esponja e o Patrick precisassem fazer uma faxina em suas casinhas no fundo do mar, eles tranquilamente poderiam chamar o bodião-limpador, um verdadeiro “empresário” empresário do ramo da limpeza marinha. Além de fazer seu trabalho, ele tem como divulgá-lo!
As listras azuis brilhantes em suas laterais “anunciam” seus serviços de higiene e limpeza para outros habitantes dos mares. O bodião tem territórios, chamados de "estações de limpeza", onde outros grandes peixes — até tubarões — podem ser limpos de parasitas.
E como os seus clientes o pagam? Com comida, é claro. Enquanto o feliz cliente recebe um verdadeiro “trato” do bodião, que retira espécies de piolhos e outras pragas marinhas, ele recebe alguma refeição deles. Além disso tudo, o bodião pode ainda contar com uma equipe de “moças” para lhe ajudar.
Cada bodião pode ter um harém com 16 fêmeas para trabalhar com ele. Se uma delas fica muito gananciosa e chega a morder um cliente, o bodião vai persegui-la para lhe dar um corretivo. Depois, o peixe é capaz de “pedir desculpas” ao cliente através do toque com as suas barbatanas. É, a vida não é fácil na área empresarial do mar.
O peixe-cego da caverna do México não têm olhos, porque eles vivem em uma escuridão total e constante. Para se locomover, eles são igualmente ágeis como os peixes comuns e não saem se batendo em outros peixes ou rochas. Mas, como isso acontece?
Eles têm um super sentido chamado "reflexo hidrodinâmico”. Sabe-se que todos os peixes têm um órgão chamado de "linha lateral", que fica na parte de baixo no comprimento do seu corpo, que detecta vibrações e o fluxo de água ao seu redor. Alguns peixes usam este para o aprendizado diário ou para sentir se um predador está nadando atrás deles.
Mas, nos peixes-cegos da caverna, este sentido é muito, mas muito mais apurado. Eles podem sentir os paredões de recifes, pedras e obstáculos apenas nadando ao redor. É como um sentido ampliado de toque.
Você gosta de um banho bem quentinho? Esse peixe o qual vamos falar agora também adora! Um peixe da família Cyprinodontidae (o Cyprinodon salinus salinus), que vive em um aquífero geotermal do Vale da Morte (nos Estados Unidos), passeia feliz e faceiro em águas com temperaturas médias de 40 graus Celsius durante o ano inteiro.
Na verdade, algumas vezes, essas águas podem chegar até 47 graus Celsius, temperatura que “cozinharia” qualquer outro peixe. Mas esse vive muito bem assim. Há cerca de 20 mil anos, o Vale da Morte era um lago enorme, mas, com o tempo, ele secou, deixando para trás apenas algumas pequenas piscinas de águas quentes (e de salinidade até quatro vezes maior do que o oceano), onde esses peixes fazem a festa.
Existe um peixinho muito forte que é capaz de sobreviver nas mais horríveis condições. Pouca coisa o abate. O mummichog (Fundulus heteroclitus), também conhecido como peixe-múmia ou peixe da lama, pode viver praticamente em qualquer lugar.
Águas que são extremamente contaminadas com agentes químicos, óleo e muita sujeira (e muito deficitárias de oxigênio): o mummichog nada tranquilamente e, surpreendentemente se mantém saudável. Mas como isso acontece?
Bem, ou ele respira na superfície ou ativa um sistema muito interessante, que muda o seu sangue para ligar mais oxigênio. Apesar dessa sua capacidade de curtir uma água sujinha, o mummichog também pode viver tranquilo em água doce ou salgada mais limpas.
Alguns experimentos mostraram que esse pode até se adaptar para viver em gravidade zero. Além disso, ele pode ser muito útil para a saúde pública, pois pode consumir duas mil larvas de mosquito por dia.