Estilo de vida
17/02/2015 às 11:03•3 min de leitura
Se você já parou para observar as cobras com mais cuidado, então deve ter percebido que esses animais não possuem órgãos genitais muito aparentes — como acontece com, digamos, os cães, por exemplo, cuja genitália está ali para todo mundo ver. Sendo assim, você sabe como é que as serpentes fazem para se reproduzir?
De acordo com Lacy Perry do site how stuff works, o mecanismo de reprodução é basicamente o mesmo para a grande maioria das mais de 3 mil espécies de cobras que existem espalhadas por todo o planeta — exceto na Antártida. Quando uma fêmea está pronta para acasalar, ela começa a deixar um rastro de feromônios que eventualmente é percebido por um macho sexualmente maduro.
O macho, então, começa a seguir o rastro e, depois de encontrar a pretendente e se “enroscar” com ela, ele introduz o hemipênis — que é como seus órgãos sexuais se chamam — na cloaca da fêmea e libera o esperma. Esse processo geralmente dura menos de uma hora (embora existam espécies que passam o dia todo nisso), e a fecundação ocorre no interior da cobra.
As fêmeas costumam se reproduzir entre uma e duas vezes por ano e, enquanto algumas espécies põem seus ovos — e os filhotes se desenvolvem fora do corpo da mãe —, outras dão a luz cobrinhas já formadas, e há as que combinam os dois métodos, expelindo os bebês depois de os ovos eclodirem em seus ventres. Vale lembrar que também existem espécies capazes de se reproduzir sem a presença de um macho, criando clones de si mesmas.
Segundo Joseph Castro do site Live Science, o cortejo das sucuris (Eunectes murinus) e das serpentes do gênero Thamnophis, por exemplo, tem início quando as fêmeas finalmente despertam de seu período de hibernação — o que ocorre alguns dias após de os machos acordarem.
Assim, depois que os “rapazes” captam os feromônios de uma fêmea, uma porção deles forma uma espécie de massa toda enroscada e ficam sobre ela — e todos tentam o possível para que a cortejada libere a sua cloaca.
Entretanto, algumas vezes os machos acabam perdendo a paciência, e usam a força para que a fêmea se torne receptiva. Para isso, eles sufocam a pobre coitada para que ela — em uma resposta ao estresse — abra a cloaca para liberar fezes ou seu odor natural, enquanto isso os machos aproveitam para acasalar.
Apesar da estratégia da massa “copulante” descrita acima, de acordo com Joseph, muitas espécies preferem uma abordagem mais mano-a-mano mesmo. Conforme explicou, o comum é que depois de o macho perceber o rastro de feromônio de uma fêmea receptiva, ele siga o odor até encontrá-la. E caso já exista outro macho no pedaço, os dois concorrentes podem se enfrentar em um combate de força.
Os machos da família das víboras e da família Colubridae, por exemplo, normalmente iniciam o duelo se medindo, enquanto se enroscam e seus corpos ficam na posição vertical. Então, um macho tentará vencer o outro colocando o queixo sobre a cabeça do oponente e empurrando para baixo. É quase como uma competição de braço de ferro, na qual o perdedor deve procurar uma nova fêmea para copular.
Já o vencedor poderá usar de várias artimanhas para conquistar a fêmea, como vibrar o seu corpo junto ao dela ou, ainda, massagear a pretendente com o queixo para deixá-la excitada. No entanto, segundo Joseph, embora as técnicas de acasalamento de algumas cobras sejam conhecidas, a verdade é os rituais utilizados pela maioria delas ainda não foram adequadamente documentados.
Antes de finalizar, achamos que seria interessante incluir aqui uma descrição mais detalhada sobre os hemipênis, os órgãos sexuais das cobras. De acordo com Joseph, os machos contam com dois pênis que aparecem a partir da cloaca no momento da cópula, e cada um recebe o esperma produzido por seu testículo corresponde.
Curiosamente, apenas um pênis é utilizado por vez, e parece que, assim como ocorre com destros e canhotos — ou com o rapaz que possui dois pipis —, as cobras têm um órgão favorito sobre o outro. No entanto, a presença de dois órgãos sexuais nas serpentes é uma adaptação que permite que os machos possam copular com mais de uma fêmea em um curto intervalo de tempo.