Artes/cultura
28/03/2019 às 10:00•3 min de leitura
Um dos itens mais cobiçados e valiosos das joalherias do mundo todo são as pérolas. Mas quem ganha um colar ou um par de brincos de pérolas, muitas vezes, não faz ideia do que isso representa ou, pelo menos, por que se trata de uma coisa tão cara. Alguns que compram também pouco têm noção do real motivo que os faz pagar tanto por adereços que contêm esses objetos.
A verdade é que as pérolas são um mecanismo de defesa das ostras contra objetos estranhos que acabam parando no interior das conchas. Quando um grão de areia, um parasita ou qualquer outro material orgânico entra em contato com a manta que protege os órgãos internos do molusco, tem início o processo de produção de uma pérola.
Em algumas situações, os objetos podem até causar algum dano, e para evitar complicações ainda maiores, o organismo da ostra passa a depositar o nácar, também conhecido como madrepérola, no intruso. A substância é a mesma que forma a parte interna da casca, portanto é rígida, e o objeto recebe diversas camadas para atingir a sua forma final. Apenas por uma questão de curiosidade, quando há algum dano externo que atinge a região interna da concha da ostra, a recuperação consiste no mesmo processo, depositando o nácar na região afetada.
As pérolas podem ser produzidas pelas ostras naturalmente ou de forma cultivada, e o processo que resulta neste artefato é o mesmo em ambos os casos. Porém, há um detalhe que deixa a pérola natural mais valiosa do que a versão de criação. As naturais são muito mais raras, especificamente a variedade esférica, que é muito procurada para confecção de joias.
No entanto, para identificar se uma pérola é natural ou cultivada, normalmente é necessária a realização de um raio X, dada a tamanha semelhança entre uma e outra. A principal diferença são os núcleos microscópicos formados, os quais tendem a apresentar anéis de crescimento concêntrico nas versões naturais, enquanto as cultivadas possuem característica de solidez.
Mas se há uma produção em massa de pérolas de cultivo, por que ainda assim o objeto é considerado raro e, consequentemente, precioso? A resposta está no processo de cultivo e produção desses itens, conforme é possível ver a seguir.
O processo para se obter uma pérola por meio de cultivo já começa com um fator um pouco complicador. Os criadores precisam esperar cerca de dois a três anos até que a ostra tenha maturidade suficiente para iniciar a produção. Antes desse momento, os moluscos precisam ser bem acondicionados em algum lugar com água e que ofereça as condições de desenvolvimento.
Já no ponto certo para iniciar o processo, as ostras são retiradas de seu ambiente natural e colocadas em um local seco, onde permanecem por pelo menos meia hora. Nesse tempo, geralmente as ostras acabam se abrindo em algum momento, e é aí que os criadores colocam uma espécie de calço entre as conchas para segurá-las entreabertas.
Os moluscos que não abrirem as cascas durante o tempo em que ficarem em um lugar sem água retornam para o seu habitat e vão passar por nova tentativa em outro momento. Já os abertos são deslocados para outro ambiente onde é aplicada mais uma força para que o vão entre as conchas fique um pouco maior. Isso tem de ser feito com cuidado, pois aberturas muito rápidas podem até matar a ostra.
Depois, os criadores inserem um núcleo que pode ter muitas variações dependendo da intenção de formato e tamanho final da pérola. Resumidamente, os pontos que envolvem essas variações também contribuem para um eventual aumento no preço desses objetos. Ao final de todo o processo de implementação, as ostras são novamente fechadas e devolvidas à água.
A produção consiste em um procedimento que pode ser extremamente chocante e prejudicial às ostras. Muitas acabam não aguentando e morrem. Por isso, após um período de seis semanas, ideal para a recuperação dessas criaturas, elas novamente são retiradas com o intuito de se verificar se iniciaram o acúmulo de nácar no objeto inserido. Aquelas que acabam morrendo e não concluem o processo são descartadas nesse estágio.
Aproximadamente metade das ostras que iniciam são perdidas ao longo do procedimento. Além disso, as pérolas podem levar de 6 meses a 6 anos para ficarem prontas, dependendo do tipo de núcleo inserido nas conchas. Ao final, somente 5% das pérolas produzidas terão qualidade suficiente para serem envolvidas na produção de grandes joalherias de luxo.
Diversos formatos e tamanhos de pérolas
No caso de um colar ou de outras joias com mais de uma pérola, esses itens são minuciosamente selecionados entre aproximadamente 10 mil unidades. O intuito é reunir exemplares que possuam características uniformes de cor, formato, tamanho e brilho, a fim de confeccionar os artefatos mais bonitos e luxuosos possíveis.
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