Ciência
15/12/2017 às 10:00•5 min de leitura
A Disney fechou nesta quinta-feira (14) a transação que a transforma em um grande império midiático, capaz de derrubar o líder Comcast. Com a aquisição da Fox Networks Group, parte da rede britânica Sky e do estúdio 20th Century Fox, a gigante do Mickey agora pode contar com canais como Fox, FX, National Geographic, entre outros — além de franquias há muito desejadas pelos fãs do Marvel Studios, como os X-Men. E como ficou esse bolo todo? Abaixo, mostramos alguns dos maiores participantes dessa festa a partir de agora.
A Marvel entrou para o grupo em 2009, a partir da compra no valor de US$ 4 bilhões. Diferente do que muita gente pensava, não houve crossovers como “Mickey encontra Tony Stark” e a maior mudança foi a entrada do Marvel Studios para debaixo da aba da Disney, de forma independente da Marvel Entertainment, que controla a Marvel Comics, a Marvel TV e outros braços da companhia.
Aliás, com essa negociação, os fãs dos games dos X-Men e do Quarteto Fantástico já podem ter esperanças de revê-los em títulos como Marvel vs Capcom. Explica-se: um imbróglio interno envolvendo o presidente Isaac Perlmutter vinha bloqueando o licenciamento de franquias que estavam com a Fox. Agora, não há mais razão para isso continuar acontecendo.
“Ué, mas como a Marvel deixa a ABC produzir a série Marvel’s Agents of SHIELD?” Bem, porque a American Broadcasting Company também foi adquirida pela Disney. Isso aconteceu em 1995, pelo montante de US$ 19 bilhões.
Além de ter os direitos sobre atrações como The Bachelor, Dancing with the Stars, Modern Family e Grey’s Anatomy, a gigante conta com a programação da rede A&E (com os History Channels) e do canal Lifetime. Já o ABC Family se tornou Freeform, que abriga séries cômicas como Greek e 10 Coisas que Odeio em Você e em breve recebe o piloto de Manto & Adaga, personagens da Marvel Comics.
Bem, se você já viu algum filme da saga Star Wars — aliás, já temos um review sem spoilers de Os Últimos Jedi — então sabe que a criação é de George Lucas, que dá nome à LucasFilm. A produtora de longa-metragens e séries foi fundada em 1971 e comprada pela Disney em 2012, por US$ 4 bilhões.
Depois disso, a Disney reformulou todo o cânone de Star Wars — também revisamos todas as mudanças na matéria deste link — e ampliou esse universo, com novas histórias, lançamentos e licenciamentos, que não devem parar encerrar tão cedo.
Em 1986, um então jovem Steve Jobs viu em uma divisão de efeitos especiais da LucasFilm, a Graphics Group, uma promissora equipe que poderia criar animações digitais de qualidade superior. Ele a comprou por US$ 5 milhões e jamais imaginou que quase dez anos depois, em 1995, a empresa teria seus valores catapultados por Toy Story.
Assim nasceu a Pixar, que foi vendida por Jobs pela quantia de US$ 7,4 bilhões. Seu portifólio todo mundo conhece: tem Monstros S/A, Carros, Procurando Nemo, Up, entre vários outros devoradores de bilhetes mundo afora.
Antes mesmo de pensar em se aventurar por completo pelo mercado de streaming de vídeo, a Disney já vinha flertando com essa possibilidade e decidiu fazer uma experiência com 30% do Hulu, que oferece hospedagem de arquivos e conteúdo sob demanda, desde 2009. Atualmente, a plataforma conta com programação de várias companhias e é um empreendimento conjunto entre a NBC Universal, a News Corporation, a Providence.
Como vem dando prejuízo para a companhia do Mickey e parte da empresa é das rivais Comcast e Time-Warner, é bem possível que agora o Hulu deixe de fazer parte do conglomerado — até porque a Fox também possui sua própria “Netflix” para oferecer à Disney. Ou pode ser que a Disney aproveite a tecnologia para turbinar sua própria iniciativa nesse setor.
Sinônimo de esportes em todo o mundo, o canal conta com os braços espn.com, WatchESPN, ESPN2, ESPNU e o site de análises FiveThirtyEight. A empresa é parte de um empreendimento conjunto entre a Disney, que em 1995 comprou 80% das ações por US$ 19 bilhões, e a Hearst, que possui os outros 20%.
Essa é a principal divisão da 21st Century Fox comprada pela Disney, com mais de 20 diferentes canais em 32 línguas, em países da Europa, África, América Latina e Ásia. Entre as atrações estão filmes, séries, documentários, musicais e várias atrações em canais como Fox, FX, Baby TV, National Geographic, Speed Channel, Fox Crime, entre outros.
As divisões Fox Broadcasting (redes e estações), Fox News, Fox Business Network, Fox Sport 1, Fox Sport 2 e Big Ten Network ficaram de fora da compra da Disney. Uma das vantagens para nós é que boa parte da programação vem localizada para os brasileiros.
Bem, acho que todo mundo que já assistiu Simpsons ou viu algum X-Men, Alien, Duro de Matar, Predador, entre várias outros filmes premiados, conhece o trabalho da 20th Century Fox — e sua famosa introdução, só de ouvir aquela “marcha” você imagina uma sessão-pipoca.
Fica a dúvida como ficam os parceiros, como o Troublemaker Studios e a Constantin Films. Aliás, esta última conta com direitos de produção do Quarteto Fantástico — vide a adaptação trash de Roger Corman. Por isso, não há a certeza de que a primeira família de heróis realmente vá integrar o universo do Marvel Studios tão cedo, como muitos esperam.
A rede de telecomunicações do Reino Unido pode não ser conhecida por aqui, mas é bastante importante na Europa, fornecendo programação da Premier League e da BBC. Com a aquisição da Fox, a Disney agora também conta com 39% das ações da Sky, que é uma importante peça do conglomerado no Velho Mundo.
É aqui que toda a magia será reunida, pois essa é a divisão da companhia que desenvolve os roteiros e supervisiona a produção teatral, cinematográfica e musical da Disney. Todos os estúdios — incluindo a LucasFilm, a Touchstone Pictures, a Pixar, o Marvel Studios, entre outros — passam por aqui antes de chegar às telonas.
E isso, agora, inclui as atrações da 20th Century Fox.
Antes de mais nada, é bom lembrar que a Disney desenvolveu seu império com uma grande rede de lazer em conjuntos de diversão, cruzeiros e outras atrações. Esse segmento conta com divisões como o Disneyland Resort, o Walt Disney World, o Disneyland Resort Paris, o Shanghai Disney Resort, o Tokyo Disney Resort, entre outros, com mais de 30 resorts e parques temáticos ao redor do globo.
Em 2015, a Disney Consumer Products e a Disney Interactive uniram forças para controlar todo o merchandising da companhia, seja para o licenciamento tradicional de brinquedos ou para mídias digitais, incluindo novas interações eletrônicas.
É nesse setor que ficam, por exemplo, as ações com os Muppets — comprados pela Disney em 2004 — e parcerias com empresas como a Hasbro. O Maker Studios, também integrante dessa subdivisão, segue acumulando visualizações e assinaturas no YouTube, em investidas como o Epic Rap Battles of History e youtubers a exemplo de PewDiePie, que posteriormente teve seu contrato cancelado por conta de atos antissemitas.
É a produtora oficial da companhia, que controla tudo o que acontece em outras subdivisões de filmes, séries, desenhos animados, publicações, música e o que mais for criado como conteúdo que possa ser comercializado.
Aqui ficam as franquias originais da empresa e também entram as que foram adquiridas ao longo do tempo, como a Pixar, a Touchstone Pictures — que pode abrigar material mais adulto, pois todos sabem que a Disney costuma ser mais conservadora — e a Marvel.
A primeira transmissão do canal de TV da Disney foi em abril de 1983, mas suas origens vêm de anos antes: o programa que deu largada à essa investida foi o Mickey Mouse Club, em 1950. No final dos anos 80, passou a investir em artistas mirins que se tornariam estrelas, a exemplo de Christina Aguilera, Britney Spears, Ryan Gosling e Justin Timberlake.
Em 1995, já era visto por mais de 8 milhões de casas nos Estados Unidos. Atualmente, além de animações, de empresas como a própria Marvel Entertainment, a grade segue destacando produções infanto-juvenis, a exemplo de K.C. Undercover, com Zendaya — que esteve em Homem-Aranha: De Volta ao Lar.