Estilo de vida
18/11/2016 às 07:51•2 min de leitura
Existe um fenômeno astrofísico bem esquisito chamado FRP, a sigla em inglês para rajada rápida de rádio (fast radio burst). São sinais de rádio captados apenas por uma fração de segundo que vêm de algum lugar fora da Via Láctea até então desconhecido.
Isso acabou de mudar, pois uma equipe de pesquisadores conseguiu detectar exatamente o ponto do espaço de onde veio uma dessas rajadas. Não quer dizer que o mistério está resolvido, mas já uma ótima pista para descobrirmos o que está acontecendo.
O primeiro FRP foi detectado recentemente, apenas em 2001, e os cientistas levaram anos até concordarem que ele era realmente um fenômeno e não uma simples falha nos equipamentos. Isso porque o som emitido é extremamente rápido, como você pode ouvir no vídeo abaixo.
Estima-se que mais de 2 mil desses eventos aconteçam todos os dias. Apesar disso, nós só conseguimos identificar 17 deles. A captação é extremamente difícil, já que não sabemos quando eles vão acontecer e nem de onde eles vêm para apontarmos os telescópios na direção e momento certos.
Sendo assim, quais seriam as chances de dois equipamentos estarem virados para o mesmo ponto, exatamente no instante em que um FRP era detectado? Pois foi exatamente o que aconteceu nesse caso, envolvendo um satélite da NASA e um telescópio australiano. A descoberta nos ensinou mais algumas coisas sobre esse fenômeno.
O FRP detectado recentemente foi o mais forte e também o mais próximo da Terra já reportado, mesmo que ainda esteja a 1 bilhão de anos-luz do nosso planeta, na galáxia VHS7.
Os novos dados também dão alguns indícios de que o fenômeno pode ser causado pela colisão entre duas estrelas de nêutrons, objetos formados por grandes estrelas – bem maiores que o nosso Sol, por exemplo –, que esgotam suas energias e explodem, formando um buraco negro.
As pesquisas ainda precisam avançar antes de tomarmos conclusões apressadas, mas a possibilidade de que os FRPs sejam grandes explosões acontecendo em galáxias distantes é real.
O artigo com os resultados foi publicado na Science por V. Ravi, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, e R. M. Shannon, da Australia Telescope National Facility.