Ciência
27/07/2016 às 12:39•3 min de leitura
Você já ouviu falar a respeito do cometa Swift-Tuttle? Não? Pois, assim como acontece com o superpopular Halley, o Swift-Tuttle é mais um entre uma porção de corpos celestes que orbitam ao redor do Sol e cuja trajetória cruza o caminho da Terra periodicamente — ocasionando as famosas chuvas de meteoros.
Perseidas
Esses eventos ocorrem quando o nosso planeta passa através das caudas dos cometas e, no caso do Halley, isso ocorre duas vezes ao ano — em abril e outubro —, resultando nas chuvas de meteoros Eta Aquáridas e Eta Oriônidas, respectivamente. Também anualmente, entre julho e agosto, a Terra cruza com a órbita do Swift-Tuttle, dando início à chuva Perseidas. Aliás, fique ligado: este ano ela ocorre entre os dias 17/07 e 24/08, com seu auge no dia 12 do mês que vem!
O Swift-Tuttle foi descoberto pelos astrônomos norte-americanos Lewis Swift e Horace Parnell Tuttle em 1862, e foi meio que esquecido até 1992, quando foi “redescoberto” pelo astrônomo japonês Tsuruhiko Kiuchi — em uma de suas aproximações à Terra. E falando em aproximações... Esse cometa tem um período orbital de 130 anos, e sua trajetória o coloca próximo ao nosso planeta. Perigosamente próximo.
Pó de cometa
Tanto que em 1973, o astrônomo Brian Marsden, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, fez uma série de cálculos — baseado nas observações que existiam do cometa até então — e concluiu que ele poderia colidir contra a Terra no ano de 2126. E, conforme explicamos em uma matéria anterior aqui do Mega Curioso, o impacto de um cometa é muito (muuuito) mais catastrófico do que de um asteroide!
Por sorte, durante a última aproximação do Swift-Tuttle em 1992, os astrônomos refizeram seus cálculos e afirmaram que, pelo menos nos próximos 10 mil anos, o cometa não deve trombar com a gente. Entretanto, como é superlegal imaginar como seria se uma tragédia como essas acontecesse — especialmente quando sabemos que ela não vai ocorrer tão cedo —, então, e se...
Para começar, o Swift-Tuttle, embora não seja tão famoso como o Halley, não é um cometinha qualquer. Com seus cerca de 26 quilômetros de extensão, ele está entre os maiores objetos cósmicos que atravessam a órbita da Terra. Essa enorme rocha espacial está viajando pelo Sistema Solar a uma velocidade de mais ou menos 58 quilômetros por segundo — ou mais de 150 vezes a velocidade do som —, então imagine o estrago se ela colidisse contra nós!
O robusto Swift-Tuttle
Só para você ter ideia, os cientistas estimaram o impacto liberaria uma quantidade de energia 300 vezes superior à liberada pelo asteroide que provocou a extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos. Se a colisão acontecesse no meio do oceano, o choque poderia desencadear terríveis terremotos e tsunamis pelo globo, mas os mares provavelmente evitariam que os efeitos atmosféricos fossem devastadores demais.
Viagem ao redor do Sol
Mas, se o Swift-Tuttle colidisse contra uma massa continental ou contra uma região oceânica rasa, as coisas ficariam feias de verdade. Nesse caso, diversos gases seriam liberados na atmosfera, como o dióxido de enxofre, que causaria o resfriamento do planeta, e o dióxido de carbono, que, com o tempo, levaria ao aquecimento da Terra. Possivelmente, o clima do planeta mudaria drasticamente, e isso resultaria em extinções em massa ao redor do mundo. Igual ao que aconteceu com os dinossauros — só que pior.
De acordo com as estimativas, a próxima aproximação do Swift-Tuttle deve acontecer no dia 5 de agosto de 2126, e ele chegará a 23 milhões de quilômetros de distância de nós — ou o equivalente à 60 vezes a distância que existe entre a Terra e a Lua. Segundo os modelos atuais, o cometa não deve se aproximar mais do que 130 mil quilômetros de nós, mas, vale destacar que, com o passar do tempo, as coisas podem mudar um pouquinho.
Isso porque o Swift-Tuttle pode sofrer pequenas variações em sua órbita ao longo dos milênios, alterando ligeiramente a sua trajetória ao redor do Sol. Essas mudanças podem ser provocadas, por exemplo, quando o cometa passa mais pertinho da estrela e o calor faz com que ele se aqueça e os gases em expansão o tirem um pouco de rumo.