Ciência
01/12/2023 às 13:00•2 min de leitura
Se você é apreciador de um bom vinho, já deve ter experimentado a misteriosa "dor de cabeça de vinho tinto". Finalmente, os cientistas parecem ter encontrado a resposta para esse enigma. Um estudo de laboratório sugere que um composto presente na casca da uva, pode estar por trás dessa experiência desconfortável. Surpreendentemente, um antioxidante, que muitas vezes é considerado benéfico para a saúde, pode perturbar o metabolismo do álcool e desencadear as temidas dores de cabeça.
(Fonte: Getty Images / Reprodução)
A quercetina, um antioxidante encontrado em frutas e vegetais, incluindo cascas de uva, é o foco desse estudo intrigante. No laboratório, os cientistas descobriram que esse flavonoide inibe uma enzima crucial chamada aldeído desidrogenase (ALDH), responsável pelo metabolismo do álcool no fígado. Esse processo parece ser o gatilho para dor de cabeça se manifestar.
Quando a quercetina entra na corrente sanguínea, transforma-se em uma forma chamada glicuronídeo de quercetina. Essa forma específica é apontada como o agente responsável por bloquear o metabolismo do álcool. O estudo estima que um copo padrão de vinho tinto pode resultar em níveis de glicuronídeo de quercetina que inibem a ALDH em até 40%. Essas descobertas, embora em estágio inicial, lançam luz sobre a possível conexão entre a quercetina e as dores de cabeça associadas ao consumo desse tipo de vinho.
(Fonte: Getty Images / Reprodução)
Um ponto interessante é que a quantidade de quercetina no vinho varia conforme a exposição das uvas à luz solar e o processo de produção. O contato prolongado das cascas da uva durante a fermentação é uma razão pela qual o vinho tinto contém mais quercetina do que o vinho branco, por exemplo, e por isso também causa mais dor de cabeça após o consumo. Os cientistas planejam realizar mais estudos para validar suas descobertas, explorando as reações das pessoas a diferentes quantidades de quercetina em diferentes vinhos.
Se as descobertas forem confirmadas em estudos humanos, isso abrirá portas para opções personalizadas no consumo. A capacidade de escolher vinhos com menor probabilidade de causar dores de cabeça seria uma dádiva para os apreciadores da bebida. Além disso, os produtores podem utilizar essas descobertas para ajustar os níveis de quercetina em seus produtos, proporcionando uma experiência mais agradável para os consumidores.
Em suma, o mistério da dor de cabeça causada pelo consumo de vinho tinto finalmente está sendo desvendado. A quercetina, embora conhecida por seus benefícios à saúde, pode estar associada a desconfortos após o consumo da bebida. As descobertas abrem portas para pesquisas adicionais e podem influenciar a produção e escolha de vinhos, oferecendo aos apreciadores a oportunidade de desfrutar de uma taça sem receios.