Estilo de vida
14/02/2017 às 06:57•2 min de leitura
Talvez você tenha clicado nesta matéria pensando que veria algo relacionado com formas de se prevenir de uma intoxicação alimentar ou como comprar alimentos mais seguros. Mas não é disso que falaremos. Na verdade, vamos falar sobre a fome e os caminhos para minimizá-la.
O IPCC — Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas — e outras organizações ao redor do mundo têm apresentado um cenário alarmante! A população mundial está crescendo e, com ela, a demanda por alimentos. No entanto, a atividade humana e seus impactos na natureza estão prejudicando a prática agrícola.
Um aspecto marcante é a aridez crescente dos ambientes devido aos longos períodos de escassez ou falta de chuvas ao redor do mundo. Agora, como poderemos produzir mais alimentos com menos água?
Esse é um grande desafio para a humanidade, e pelo menos duas atitudes são extremamente necessárias: economizar água e melhorar a prática agrícola. O uso consciente de água, como você já sabe, é um dever de todos, portanto, vamos tratar aqui mais da melhoria agrícola.
Um conhecimento muito importante na hora de melhorar os cultivos alimentares é conhecer como as plantas usam a água e como lidam com a seca. Alguns vegetais são muito sensíveis à indisponibilidade de água e, dentre eles, estão espécies muito importantes na alimentação humana como o trigo, o arroz, a cana-de-açúcar etc. Assim, é preciso buscar respostas em outros organismos resistentes ou tolerantes à seca.
O futuro pode ser problemático
Na Biologia, os organismos que apresentam características favoráveis para o trabalho em laboratório e para o estudo de determinados fenômenos gerais são chamados organismos-modelos. Existem plantas bastante resistentes à seca, como cactos, gramas e as plantas-ressurreição. Entre estas, as gramas são as mais distribuídas no planeta. É praticamente impossível pensar em algum lugar no mundo sem grama.
Mas de que adianta estudar os modelos? Hoje em dia temos tecnologia suficiente para que — mesmo com dificuldade — seja possível inserir genes em outros organismos e, assim, formar os organismos geneticamente modificados.
Então, se conhecermos como os organismos resistentes lidam com a indisponibilidade de água, podemos passar essa característica para os que não lidam tão bem assim. Dessa forma, poderíamos fortalecer nossos alimentos e garantir a segurança alimentar para as próximas gerações.
Setaria viridis
Parece futurístico? Talvez sim, mas isso já está sendo feito. No Brasil mesmo, existem estudos em uma gramínea chamada Setaria viridis em busca de mecanismos de resistência. E é importantíssimo que esses estudos sejam feitos para garantir os alimentos de amanhã.
*Este texto é de autoria de Marcus Cattem, professor de Ciências e Biologia.