Artes/cultura
15/10/2019 às 07:00•2 min de leitura
O porquê de não existir trípedes, animais com três pernas, é uma questão que pode estar relacionada com um marco essencial da evolução da vida na Terra, segundo novo estudo. "Se estamos tentando entender como a evolução acontece enquanto processo, precisamos entender o que ela pode e não pode fazer", disse o autor.
Graduando da Universidade da Califórnia, Tracy Thomson publicou seu artigo na Bioessays em 18 de setembro de 2019. A ideia surgiu durante uma aula sobre evolução com o paleontólogo Geerat Vermeiji. O professor desafiou os alunos a pensarem um fenótipo "proibido" e então inventarem um animal ou planta que simplesmente não poderia existir.
Thomson começou a refletir sobre como existem animais que usam três pontos de apoio para se movimentar, se manter em alguma função ou descansar, mas ao mesmo tempo não existem trípedes, animais de fato com três membros.
São muitos os exemplos dos animais que usam três apoios de alguma forma. O pica-pau usa penas da cauda para se segurar à árvore. Suricatos permanecem eretos em duas patas e seu rabo. Insetos de seis patas tem modos de movimento onde elas se movem de três em três, duas de um lado e uma do outro. Papagaios se movimentam com o auxilio de seu bico.
(Suricato - Universidade de Zurique)
Estar em três apoios anula o gasto de energia para se manter estável, ao contrário de estar em dois. Para ser bípede o animal precisa ter pés grandes, largos, e de esforço dos músculos para se manter equilibrado.
Não importa quantos membros eles tem, é fato que a esmagadora maioria dos animais são bilaterais. A simetria bilateral está tão impregnada no DNA dos animais que é possível deduzir que esta marca genética se deu nos primórdios da evolução da vida animal, muito antes de pernas, patas, garras ou qualquer coisa do tipo existisse. Quando vieram a existir, evoluíram a partir da premissa dos "dois lados" gerando membros em pares.
É difícil dizer como um trípede de fato se comportaria - os comportamentos de três apoios que existem na natureza não necessariamente se aplicam ao animal com três membros.
"Este tipo de experimento reflexivo é útil para o desenvolvimento de nossas ideias sobre evolução" comentou Thomson a respeito do desafio que o inspirou.
Mais um lembrete de que a criatividade e a ciência caminham juntas!