Ciência
12/01/2021 às 04:00•2 min de leitura
Embora a ocorrência de uma girafa anã não seja muito comum entre esses mamíferos pescoçudos, sua existência já é de conhecimento dos cientistas desde 2015, quando Michael Brown, um bolsista de ciências da conservação, e seus colegas avistaram uma girafa de 2,7 metros no Parque Nacional de Murchison Falls, em Uganda.
A reação inicial dos estudantes da Giraffe Conservation Foundation e do Smithsonian Conservation Biology Institute foi de total descrença, afinal as girafas têm um tamanho médio de 5 metros. Parecia que alguém tinha colocado o pescoço da girafa no corpo de um cavalo, disse Brown ao The New York Times. Logo batizaram o bicho de Gimli, aquele elfo do filme Senhor dos Anéis.
Somente três anos depois, a história se repetiu, e os pesquisadores foram informados da existência de uma girafa angolana ainda mais baixa, com 2,4 m de altura, chamada Nigel, vivendo em uma fazenda na Namíbia. Ao examinar esse animal, com as mesmas características do primeiro, a única explicação possível foi: nanismo.
A condição observada nas girafas, conhecida como displasia esquelética, afeta o crescimento ósseo, causando essa redução na estatura, e é comumente observada em humanos e animais domésticos como cães, vacas e porcos. Porém, o nanismo é raro entre os animais selvagens e era inédito em girafas.
Por isso, a descoberta foi transformada em estudo, publicado no final do ano passado na revista científica BMC Research Notes, e se tornou um importante instrumento de pesquisa.
O estudo concluiu que o nanismo ocorreu nos dois animais porque eles têm pernas, ou raio e ossos metacarpais, mais curtos. Outro fato surpreendente foi que a condição não prejudicou a capacidade de sobrevivência de Gimli e Nigel, ao contrário da maioria das girafas selvagens, que geralmente morre antes de atingir a idade adulta.
O que preocupa os pesquisadores é que a baixa estatura pode transformar os “elfos” em presas fáceis para os predadores. Finalmente, o acasalamento seria uma missão impossível, pois ambos os machos não teriam como montar fêmeas de 4,3 m de altura, “a não ser que recebam um banquinho”, brinca David O’Connor, presidente da Save Giraffes Now, no Times.