Estilo de vida
13/06/2023 às 12:00•2 min de leitura
A puberdade é um dos momentos mais desafiadores na vida dos seres humanos. É nesse momento que lidamos com as mudanças do corpo, alterações hormonais e a exacerbação de nossos sentimentos. Mas será que os outros animais também passam por essa fase?
A verdade é que todos os bichos experimentam um período de mudanças fisiológicas e hormonais. Mas alguns pesquisadores defendem que a maior parte dos animais também enfrenta a adolescência, que inclui também uma transição social até chegar à vida adulta.
(Fonte: GettyImages)
A cardiologista e bióloga evolutiva da Universidade da Califórnia e da Universidade de Harvard Barbara Natterson-Horowitz afirma que a maioria dos bichos vai lidar com os desafios sociais da adaptação para se tornar um adulto. "O período de transição que começa com o início da puberdade e termina quando um adulto maduro surge é universal", explicou para a Live Science.
Em alguns animais, isso é claramente observável. Um caso é o dos chimpanzés. Aaron Sandel, antropólogo biológico e primatologista da Universidade do Texas, publicou um artigo que mostra que esses primatas passam por um momento no crescimento em que ficam mais desajeitados, enquanto se ajustam aos seus novos corpos.
É uma fase em que eles aprendem a se integrar na sociedade já adulta. As mudanças de comportamento envolvem passar menos tempo com os pais e mais com os "amigos", incluindo os do sexo oposto.
Os chimpanzés machos jovens buscam a orientação dos machos já crescidos, que atuam como "mentores" que dão dicas sociais. "É um período em que você está realmente atento ao que lhe dará status e ao que significa ser um adulto", afirmou Sandel.
Há também outros comportamentos que podem ocorrer que são bem parecidos à adolescência humana. Christine Ribic, ecologista paisagista da Universidade de Wisconsin-Madison, descobriu que alguns pássaros trocam o dia pela noite, dormindo até mais tarde, e que, depois que saem de "casa", voltam para perto dos pais quando precisam de ajuda.
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Outra característica observada é que certas espécies se tornam mais tolerantes aos riscos. Experimentos com ratos jovens que foram criados com a mesma dieta nutritiva de seus pais mostram que eles podem começar a preferir alimentos menos saborosos ou que podem deixá-los doentes. Já em testes envolvendo álcool, os camundongos podem beber mais se estiverem em par do que sozinhos.
Animais como peixes, gazelas e morcegos podem se unir em bando e se aproximar intencionalmente de um predador - quase como se fossem um grupo de amigos que resolve roubar o carro do pai e dirigir sem carteira.
Para Natterson-Horowitz, todas essas constatações podem inclusive nos ajudar a lidar com os nossos próprios desafios. "A ideia é reconhecer que, independentemente das lutas pelas quais você esteja passando, há um animal e uma história evolutiva por trás deles - e que, na verdade, a adolescência tem uma função, que é ajudar os animais a sobreviver e prosperar na idade adulta", afirmou a pesquisadora.