Artes/cultura
30/09/2018 às 03:00•2 min de leitura
Dizem que o errado mesmo é fazer, e não pensar, então independente de você já ter se vingado ou não de alguém na prática, é bem possível que você já tenha sentido a vontade quase incontrolável de fazer essa pessoa sofrer ou ser prejudicada de alguma maneira. Quem nunca?
A questão é que viver atrás de vingança ou pensar demais em formas de acabar com a vida de quem está no seu caminho por algum motivo é algo que comprovadamente faz mal. Se por um lado sentimos uma satisfação sombria com a ideia de punir uma pessoa, a verdade é que a vingança não nos deixa esquecer o momento traumático que vivenciamos, o que nos deixa infelizes em longo prazo. Bem… Pelo menos essas eram as conclusões científicas até o momento.
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As emoções associadas com o desejo de vingança foram estudadas por um grupo de cientistas da Universidade de Washington, e a conclusão não tem nada de muito animador: “Nós mostramos que as pessoas expressam tanto sentimentos positivos quanto negativos sobre vingança, como que a vingança não é amarga nem doce, mas as duas coisas”, declarou o autor do estudo, o doutorando Fade Eadeh.
Ele explica que nós gostamos da vingança pela sensação de justiça que ela nos proporciona, mas também não gostamos dela justamente porque planejar e executar uma retaliação significa deixar de superar o ato que a motiva.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores da equipe de Eadeh realizaram experiências com 200 voluntários, que responderam a questionários online, nos quais precisavam elencar a intensidade de humor e emoção que sentiam depois de ler alguns textos – entre eles, um que descrevia a morte de Osama bin Laden e outro que retaliava os responsáveis pelos ataques do 11 de setembro.
Vixe!
A intenção era descobrir também por que algumas pessoas usam a expressão “doce vingança”. Nos testes, grupos de participantes recebiam textos diferentes sobre a morte de bin Laden: o primeiro, uma narrativa que apoiava o sentimento de vingança, e o segundo, uma narrativa mais neutra. Na sequência, eles tiveram que dizer o que estavam sentindo: alegria, satisfação, irritação, tristeza e por aí vai…
O pesquisador explicou que, com o primeiro texto, as pessoas logo associam a notícia ao atentado do 11 de setembro, fazendo com que essa vingança acabasse sendo uma fonte de sentimentos negativos. A pesquisa, na verdade, focou muito mais e na emoção do que no humor, os quais, apesar de terem semelhanças, são coisas distintas.
Ler a respeito de vingança, por exemplo, é algo que já sabemos ser capaz tanto de melhorar quanto de piorar nosso humor e é também por isso, de acordo com Eadeh, que nos sentimos simultaneamente bem e mal quando nos vingamos de fato de alguém.
Sempre bom lembrar: às vezes, a vingança não funciona
Mais tarde, o experimento foi repetido, mas com descrições neutras sobre a notícia, com palavras que não conduziam os leitores do outro grupo a estados emocionais específicos de vingança e patriotismo. O resultado? A vingança é bem menos satisfatória do que imaginamos. Eadeh acredita que a vingança nos faz bem por alguns momentos porque é através dela que temos a sensação de estar “fazendo justiça”.
Basicamente, segundo ele explica, a vingança tem, sim, seu lado doce, mas também tem seu gosto amargo. Para Eadeh, essa conclusão é importante por contrariar a ideia inicial de que dar o troco tem apenas lados negativos. Agora nos conte: você é do tipo de pessoa que se vinga ou não? Acha certo “fazer justiça” ou prefere deixar que o tempo resolva tudo?
*Publicado em 30/6/16