Ciência
27/09/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 27/09/2024 às 18:00
Se você é um cat lover, talvez não queira saber que ter um bichano em casa pode acarretar em certos riscos à saúde. E aqui não falamos das eventuais arranhadas que os gatinhos dão.
De acordo com um estudo recente, ter um gato como animal de estimação pode causar um efeito colateral muito estranho: há uma chance de que você tenha um risco dobrado de desenvolver esquizofrenia em algum momento da vida.
A pesquisa, desenvolvida por investigadores australianos do Centro de Pesquisa em Saúde Mental de Queensland, fez uma análise em 17 estudos publicados nos últimos 44 anos em 11 países. Segundo o psiquiatra John McGrath, foi encontrada uma associação entre o ato de possuir gatos e as chances aumentadas de desenvolver transtornos relacionados à esquizofrenia.
Por incrível que pareça, essa ideia já havia sido levantada em um estudo de 1995. A razão seria o maior contato com o parasita Toxoplasma gondii, que é o protozoário causador da toxoplasmose.
Ainda assim, os resultados são controversos. Enquanto alguns estudos sugerem que conviver com gatos durante a infância pode tornar uma pessoa mais propensa a desenvolver esquizofrenia, há outras investigações que dizem ser impossível chegar a essa conclusão.
Depois de fazer a análise, os pesquisadores, liderados por John McGrath, sugeriram que o estudo precisa ter continuidade para consolidar suas conclusões. O que se sabe é que, historicamente, o protozoário Toxoplasma gondii tem sua presença conectada aos gatos.
O parasita pode ser transmitido aos humanos por meio da carne mal cozida e pela água contaminada, mas também pelas fezes ou pela mordida de um gato infectado. Estima-se que cerca de 40 milhões de americanos possam ter a doença da toxoplasmose.
O grande problema é que, quando está presente no corpo, o Toxoplasma gondii costuma afetar o sistema nervoso central e interferir nos neurotransmissores. Por consequência, o hospedeiro pode ter seu comportamento alterado, bem como as suas habilidades psico-motoras e sua personalidade. Em último caso, isso acarreta distúrbios neurológicos, o que inclui a esquizofrenia.
A grande questão agora é conseguir provar que as pessoas que tiveram essas alterações haviam sido contaminadas com o protozoário por intermédio de um gato. Mas, previamente, os pesquisadores sustentam essa hipótese: "após o ajuste para co-variáveis, descobrimos que indivíduos expostos a gatos tinham aproximadamente o dobro de chances de desenvolver esquizofrenia", explicaram.
"Concluindo, nossa revisão fornece suporte para uma associação entre a posse de gatos e transtornos relacionados à esquizofrenia. Há necessidade de mais estudos de alta qualidade, baseados em amostras grandes e representativas, para entender melhor a posse de gatos como um fator candidato a modificação de risco para transtornos mentais", escreveram os autores.