Estilo de vida
20/11/2024 às 11:00•2 min de leituraAtualizado em 20/11/2024 às 11:00
Em uma descoberta recente, que está sendo chamada de "grande revelação" da arqueologia na Inglaterra, um grupo de pesquisadores comprovou que o icônico Salão do Rei Artur, um monumento antigo retangular de pedras verticais na região de Bodmin Moor, não tem nada a ver com o lendário rei, pois foi construído quatro mil anos antes do que se pensava.
A estrutura é um recinto retangular inclinado em uma área de conservação e patrimônio natural, medindo cerca de 49 metros de comprimento por 21 metros de largura. Ela é cercada por mais de 140 pedras verticais com 1,80 metro de altura, e tem no meio um banco de terra.
As datações confirmaram que o Salão do Rei Artur foi provavelmente construído por volta do ano 3000 a.C., no período Neolítico tardio, o que o coloca como contemporâneo de outras formações famosas como Stonehenge. Apesar dessa herança pré-histórica, o local é relacionado ao Rei Guerreira de Camelot pelo menos desde 1583.
Embora durante todos esses séculos tenha prevalecido a tese de que o Salão do Rei Artur era uma estrutura medieval, alguns arqueólogos amadores locais começaram a questionar essa datação do monumento feita apenas com base na tradição.
Para pôr fim à polêmica, a Cornwall National Landscape, que gerencia as áreas protegidas do condado, encomendou uma pesquisa com especialistas, em parceria com a Historic England, organização pública do Reino Unido responsável pela proteção e promoção do patrimônio histórico da Inglaterra.
Usando a técnica de luminescência opticamente estimulada (OSL), os pesquisaram descobriram que o interior do monumento havia sido escavado muito antes do período medieval. Nesse sentido, as pedras verticais, megálitos característicos do período neolítico, foram o primeiro indício que que o local era bem mais antigo do que se pensava.
Tão misterioso quanto descobrir sua origem é saber por que o Salão do Rei Artur vem mantendo esse nome por mais de 440 anos, mesmo sem ter qualquer relação com o rei, e nem ser sequer um salão. Mas os mesmo historiadores que desmistificaram o monumento, têm uma resposta para a questão.
Segundo o arqueólogo-chefe James Gossip, "A Idade Média foi um período em que o nome Artur começou a ser atribuído a todos os tipos de locais incomuns que a população local da época provavelmente não entendia", afirmou ele ao The Guardian.
Apesar de o monumento continuar sendo um enigma, Gossip se diz aliviado em conseguir revelar um pouco mais sobre a estrutura para colocá-la, de forma definitiva, no contexto de paisagem pré-histórica da Cornualha, e não mais como cenário de mitos e lendas.