Ciência
03/09/2018 às 04:00•5 min de leitura
A anorexia nervosa é uma condição muito grave, principalmente se não for tratada a tempo, podendo levar à morte. A pessoa afetada pela doença distorce a visão de seu próprio corpo, deixando de comer e emagrecendo de forma assustadora. O anoréxico não se vê magro e entra num ciclo doentio para a perda de peso.
Para esclarecer algumas dúvidas, a psicóloga e especialista em distúrbios alimentares Luciana Kotaka conversou com o Mega Curioso, explicando um pouco mais sobre essa doença. Ela afirma que o surgimento da anorexia é mais comum na adolescência.
“Os jovens estão mais suscetíveis ao apelo da mídia, sendo presas mais fáceis de serem influenciadas. Além do fato de estar em fase de desenvolvimento, o adolescente está com a sexualidade despontando, todo um conjunto que favorece a anorexia”, diz.
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Luciana esclarece que nessa fase a autoestima também está em jogo e, como estão se preparando para a vida adulta, os adolescentes (principalmente as meninas) sentem-se pressionados a estarem bonitos.
Para ilustrar um pouco, entre tantas histórias chocantes sobre a doença, você pode conferir abaixo quatro casos de anorexia — alguns com finais felizes e outros em que a condição foi levada até as últimas consequências.
Fonte da imagem: Reprodução/Daily Mail
Por mais de 20 anos, essas gêmeas idênticas têm competido uma com a outra da forma mais perturbadora que se possa imaginar. Durante a adolescência, as duas (atualmente com 36 anos) fizeram um pacto de fome para emagrecer o máximo que podiam. No entanto, essa loucura dura até hoje e elas apresentam esse aspecto assustadoramente esquálido.
Apesar da insanidade que Maria e Katy Campbell cometem com seus corpos, ambas se formaram em Medicina e tiveram uma infância normal.
Os problemas começaram a acontecer quando elas tinham por volta de 11 anos de idade, quando as meninas ouviram o pai dizer para a mãe que elas estavam crescendo. "Estávamos no topo da escada e ouvimos a nosso pai dizendo: ‘Meu Deus, essas meninas já estão se tornando jovens mulheres, não é mesmo? Já estão ficando com quadris maiores’”, relembrou Maria em uma entrevista ao Daily Mail.
Mal sabia o pai das meninas que aquela frase mudaria para sempre a vida de toda a família. Após ouvirem o que o pai havia falado, as meninas chegaram à conclusão de que não queriam que os quadris crescessem mais e que nunca desejariam menstruar para não desenvolver o corpo. Para isso, resolveram simplesmente parar de comer.
Dessa forma, as duas se controlavam para se manter sempre com o mesmo peso, o que foi se tornando cada vez mais preocupante de acordo com as fases pelas quais elas passaram.
Para o desespero de seus pais — Christy e sua esposa Clara —, as gêmeas passaram a maior parte de suas vidas de adolescentes e adultas em várias clínicas de reabilitação e hospitais.
Fonte da imagem: Reprodução/Daily Mail
Maria conta que certa vez ela ouviu um médico dizendo para a mãe dela que ela havia perdido muito peso, mas que a situação da irmã era bem pior. Em vez de se sentir aliviada por não estar em um caso tão grave, ela disse que isso serviu de estímulo para ela perder ainda mais peso, pois, segundo ela, ninguém podia dizer que sua irmã era “melhor” do que ela em alguma coisa — mesmo que o melhor para ela fosse estar em uma situação crítica.
Até hoje, elas vivem “escravas” da anorexia e passam por constantes internações. Mas por que é tão difícil para elas se livrarem dessa situação? Segundo Luciana Kotaka, o pacto tem uma força muito grande nessas situações e o agravante é que a anoréxica não se percebe magra.
“Como há uma distorção de imagem corporal, elas não aceitam que podem estar magras porque não veem isso no espelho, e fechar a boca é uma arma poderosa, sendo difícil mudar essa realidade”, explica a psicóloga.
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Apesar de atingir muito mais as mulheres, a anorexia também é uma condição que acomete os homens, os quais formam apenas cerca de 10% daqueles que sofrem da doença, segundo a OMS. Jeremy Gillitzer foi um deles. Ele era um modelo masculino com aparência forte e de músculos bem delineados.
Não satisfeito com a sua imagem perfeita, Jeremy passou a buscar incessantemente a perda de peso até ficar irreconhecível, perdendo a sua vitalidade saudável de antes. Ele lutou contra a anorexia e bulimia durante a maior parte de sua vida adulta. Por meio de um regime de fome, vômitos provocados e exercícios incansáveis, ele levou o seu físico ao limite. Quando ele morreu, em 2010, com 38 anos, pesava apenas impressionantes 29 quilos.
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Em pé, lado a lado com roupas combinando, você até poderia confundir Rebecca e Maisy Jones como irmãs. Mas, na verdade, este é um retrato de uma mulher de 26 anos de idade e sua filha de sete.
Depois de sofrer de anorexia metade de sua vida, a franzina Rebecca se encaixa facilmente em roupas produzidas para crianças de sete a oito anos. Com apenas 31 quilos, a jovem mãe pesa menos que a sua filha, apesar de ter 20 centímetros a mais de altura.
"Vestir as mesmas roupas que Maisy me dá uma sensação de orgulho. É errado, mas me faz sentir bem. Eu não acho que eu estou magra, eu sempre me vejo maior", afirma a mãe, ilustrando bem o quadro de imagem distorcida do próprio corpo. Rebecca sobrevive à base de sopa, torradas e bebidas energéticas, embora os médicos já tenham a alertado que a falta de nutrientes pode matá-la.
Ela conheceu o pai de Maisy quando tinha 19 anos e já convivia com o distúrbio há alguns anos. Ela tinha certeza que a sua anorexia a tinha deixado estéril e não tinha ideia de que estava grávida até sentir algo estranho na barriga. Então, um exame revelou que ela estava com uma gestação de 26 semanas.
Apesar de ter uma dieta recomendada pelos médicos, Rebecca não conseguiu segui-la na gravidez, alimentando-se basicamente de pão e beterraba. Por sorte, a sua filha nasceu saudável, mas não pôde ser amamentada, pois a mãe não produziu leite devido à deficiência de seu organismo.
Fonte da imagem: Reprodução/Oddee
Se você sai de casa às oito da manhã para trabalhar e retorna para casa por volta das oito da noite, isso é um dia normal na sua rotina. Afinal, durante o seu dia, provavelmente você trabalhou (ou estudou) em um local sentado, levantou algumas vezes, saiu para almoçar, encontrou com alguns amigos, foi à academia, tudo dentro da normalidade. Porém, como seria utilizar essas 12 horas apenas caminhando incessantemente?
Lauren Bailey lutou durante dez anos para superar a condição que quase a matou depois de seu peso cair para apenas 20 quilos! Lauren obsessivamente caminhava pelas ruas de sua cidade das seis da manhã até às 18 horas, fazendo uma dieta extremamente restrita. Com isso, ela passou 18 meses no hospital em uma última tentativa de superar sua anorexia — felizmente, ela conseguiu sair dessa.
Ela disse: "Eu sempre sofri de ansiedade, depressão e transtorno obsessivo compulsivo desde que era criança. O que desencadeou minha anorexia foi uma combinação de coisas que eu estava passando, pela puberdade aos nove anos de idade, que era muito cedo. Então, eu era a única e maior do que as outras meninas. Eu estava intimidada, porque eu era diferente e alguém, em certo momento, me disse para eu fazer dieta. Foi quando a obsessão pelas caminhadas de 12 horas começou”.
Hoje Lauren exibe uma figura muito mais saudável, fruto de tratamento adequado com médicos, nutricionistas e psicólogos. Mesmo assim, ela afirma que a luta contra a condição é constante e que quer alertar os mais jovens para que isso não aconteça.
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É preciso ficar atento aos sinais da anorexia. A psicóloga Luciana Kotaku listou alguns fatores que indicam que a condição pode estar acontecendo com alguém da sua família ou de seu círculo de amizades. Confira abaixo:
*Publicado originalmente em 07/03/2014.
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